sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Conversando com o meu coração



- Vamos lá! Ponha pra fora!
- Não!
- Eu quero que você ponha pra fora agora!
- Já disse que não!
Essa era uma das conversas entre meu coração e eu. Eu o tinha convidado a repousar comigo para colocarmos em dia assuntos que eram do nosso interesse. Coisas que quería-mos um do outro. Mas de nada adiantava porque não entrávamos em acordo algum. Pelo contrário... brigáva-mos bastante.
- Coração, por favor! Eu já não aguento mais! Eu te peço que coloque pra fora agora e se tranque de uma vez!
- Não, não e não! Você não manda em mim!
- Ah, como você é teimoso! Você mora em meu peito, eu o controlo e você deve me obedecer!
- Assim como moro em seu peito e me controlas, também controlo o que há dentro de mim. Portanto, não peça para fazer o que quer com o que guardo aqui dentro!
Eu chorei. Chorei muito. Meu travesseiro era umedecido por minhas lágrimas que caíam desvairadas dos meus olhos que ficavam fechados. Eu até tentei enganá-lo.
- Olha coração! Que tal colocar outras coisas aí dentro hein? Eu tentava fazer com que se interessasse por muitas coisas, mas a resposta sempre era a mesma.
- Não!
Eu não me importava com coisas simples, mas existiam coisas dentro dele que me incomodavam. Inclusive o amor que ele insistia em direcionar para um certo alguém. Um alguém que não queria esse amor. Então eu sofria. E o meu próprio coração também sofria, mas gostava da dor, porque de maneira alguma queria por pra fora esse amor e se trancar.
Um dia eu pensei que algo poderia me ajudar a controlar a situação. Eu iria parar de ouví-lo. Já que ele não me ouvia, também iria fazer o mesmo. E fiz. Aos poucos ele foi parando de tentar me convencer... parou de bater forte quando um certo alguém chegava perto, parou até gritar o que minha boca não tinha coragem de falar. Ele parou. A única coisa que ouvia quando falava com ele era o "Tum! Tum!"
- Coração?
- Tum! Tum!
- Coração!
- Tum! Tum!
- Por favor! Fale algo! Queira algo! Replique algo! Eu preciso de sentir algo mais além das batidas!
- Tum! Tum!
- Está bem! Você venceu! Não vou tentar te manipular, nem vou te ofender por abrigar o que me faz sofrer! Eu aceito suas escolhas.
O meu coração ficou quieto. Quieto demais, mas logo começou a falar. E não parava mais. Falava de tudo. Eu o ouvia, embora tinham coisas que eu nem me importava tanto por que a razão me ajudava a só aceitar o que era melhor pra mim e pra ele que ficava chateado quando a razão entrava na conversa. Até fazia bico. Cruzava os braços e perguntava:
- Dá pra parar de se intrometer nas minha ações?
Ela nem ligava, só executava o seu papel de me deixar distante das loucuras do meu coraçãozinho e isso me fazia ter um bom equilíbrio. Equilíbrio que me possibilitava ser feliz, mesmo com um coração teimoso.
Além da razão, o tempo se tornou nosso amigo, e com o passar dele juntos; eu e o meu coração aprendemos muito. Embora de vez em quando respousá-vos para discutir nossa relação. Quando não tinha acordo, as respostas eram sempre a mesma.
- Não!
E eu? Eu aceitava! Afinal, no fundo, no fundo mesmo... eu me sentia feliz com suas escolhas.

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