Levantou-se, saiu.
Depois de tantos desaforos coisa e tal, era melhor ir embora. Não adiantava tentar demonstrar sentimento àquele que não conseguia compreendê-lo. Entendia que depois de tudo escutado e tudo dito não tinha mais nada a ser sentido.
Ela esperaria se recuperar, como uma tentativa sôfrega de se livrar de uma droga, um vicio imenso. Sonharia ainda, depois de tudo, conseguir se entender, coisa meio idiota a se fazer quando se tem um coração quebrado, partido; ela iria continuar modificando vidas, como sempre o fez, mesmo calada, no seu canto. Porém, ela tinha aquele poder, e onde tocava, mudava. Mudaria, de novo, ela sabia, todos sabiam. Não era pra ser diferente, não é?
E quando menos esperasse iriam se encontrar em uma primavera ou outono qualquer, debaixo de um sol escaldante, que faz os sentimentos incendiarem e virarem cinzas, ou então, debaixo de uma garoa fininha, dessas que ferem como pequenas lâminas que machucam a pele, e claro, cruzando olhares se distantes; se perto, iriam trocar um cumprimento qualquer, sem mais delongas. Afinal, depois de tantas coisas, o que acontecia já não tinha mais força pra prosseguir. Não havia mais nada de nada. Nada dela, nada dele. Nada dos dois.
Ela iria, depois de tudo, pra casa, novamente sem compreender, choraria o mar, como uma boba, patética, inútil. Os olhos dela, novamente conheceriam o vermelho freqüente, aquele que sempre a habitava, sem pedir permissão. Sentada, parada. Parada, como sempre.
Rendida.
Doía, é claro.
Mas me diz, não era pra ser diferente, não é?
Nenhum comentário:
Postar um comentário