quinta-feira, 11 de novembro de 2010

coração que bate;

''O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até as traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.''

Talvez, a nossa história de amor poderia ser a de muitos. Você apareceu. Você me conquistou. Eu me apaixonei. Você desapareceu, o sonho não. Fim. Nosso amor é hoje o que sobrou do que não houve. Procure em algum cinzeiro, você deve ter me assado em meio a alguma das cinzas do cigarro que eu não me importei por você acender. Havia tanto fogo, quando foi que a gente se apagou assim? Será que além de se comer a gente não poderia tentar se digerir? Será que eu não te agitei o bastante antes de consumir? Ou não vi alguma das fotos que apontavam o efeito de te ter ou de te desejar em excesso? Só sei que eu acreditei, e o mais triste disso tudo não é que você não cumpriu nada do que me disse, o mais triste é que eu continuo acreditando e conferindo no mundo se você não está em algum lugar me esperando e eu é que não te vi ainda. Eu queria poder repetir mil vezes por cada dia que me restar aquele nosso dia no seu carro, o nosso apetite registrado no vidro embaçado, na minha boca o gosto do seu cigarro. E eu não tenho raiva por sentir que você só queria se aproveitar de mim, eu te odeio por você não ter se aproveitado muito mais, imbecil. Enquanto eu supero isso (a gente supera?) eu vou encontrar algum jeito de enganar a saudade quando eu sentir o cheiro detestável de fumaça de cigarro, que com você se tornou tão agradável, e eu prometo nunca mais ouvir Kid Abelha. Eu não ia me importar com a sua fumaça, eu não ia me importar com a sua cerveja, eu iria ignorar a sua maconha. Mas o barato que você busca não era tão bom quanto o que eu trago dentro do coração. O que eu trago dentro das calças não era tão viciante quanto a sua erva.
A nossa diversão não devia compensar a distância que a gente percorria para se ver, eu sei, eu não merecia um espaço na sua agenda, eu nunca me tornaria o feriado da sua semana, ainda que para mim você fosse as férias de qualquer dia útil. Confesse, você me achou uma droga, mas eu seria a sua droga, e eu te pergunto: isso já não seria motivo suficiente para você me amar? E, queimando mais devagar do que o mais lento cigarro, eu guardo no peito uma esperança de alguma buzina ser a sua, com você sorrindo me pedindo para entrar e me levando sem destino, com a alegria no banco de trás. Não faz sentido, eu sei, você não é meu tipo, mas é por isso que eu te quero tanto. E desde que você se foi eu tenho dito às pessoas que não é nada, que estou apenas muito cansado e algumas vezes para evitar dizer seu nome outra vez eu invento que acabei de picar cebolas. E desde então eu tenho vivido de desculpas sem encontrar de quem é a culpa, sua de ter prometido ou minha de ter acreditado. Só não se preocupe eu vou guardar comigo alguma versão da nossa vida na qual a gente tenha se despedido, se tornado amigo e visitado um ao outro para contar da vida de vez em quando. Recriar a realidade é o único antídoto para a falta de quem não vai voltar. Assim a vida continua e com ela às vezes a saudade e o amor também e um coração com novas cicatrizes e a vontade de voltar a bater (ainda que pela mesma pessoa) e se reacender entre cinza de paixões que queimaram e se foram antes do que deveriam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário