sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A viagem de um canalha que ama

Enquanto meu cabelo seca depois do banho, permaneço sentado na minha poltrona macia de couro. Vestido com minha camisa xadrez manga longa dobrada até o cotovelo. Um senhor de setenta anos de idade faz poesia e melodia em ritmo de Jazz para os meus ouvidos. Música para minha alma viajante. Enquanto penso em encher aquela grande mala, escrevo para você, amor. Sim, para você. No imenso word posso ser tudo e todos e nada se quiser ser. No pequeno world me resta ser eu e só e nada além de mim. Tenho tantas coisas pra escrever e dizer a você amor e tão pouca inspiração vinda de sua reciprocidade, que só escrevi um pré-fácil, bem difícil Queria muito encher teu coração de amor puro, assim como estou prestes a encher minha mala para viajar por aí. Quem dera fosse por aí, onde você está. Quem dera fosse fácil, a distância ser curta entre nós. Quem dera fosse, se um dia eu realmente fosse ao teu encontro e você me recebesse com os braços mais abertos que pernas de prostitutas da madrugada frenética de Tortuga. Quem dera fosse. Mais injusta que qualquer tipo de corrupção ou calúnia, é a distância de alguém que você ama. Distância e amor são palavras que jamais deveriam ser ditas na mesma frase. Sem falar do tempo. O tempo passa e parece tudo sempre igual, descaradamente maquiado para parecer normal. O tempo passou, amor. As coisas não são como costumavam ser. Prioridades são sempre as primeiras a entrar na lista, seja na atual ou na de espera. Esperar! Talvez seja isso. Esse é o dilema. Esperar quem está longe é mesclar paciência com sofrimento reprimido, guardado, angustiado, jogado. Jogar! Talvez seja isso. Esse é o jogo. Pena que não acredito em jogos, por isso tenho tanta “sorte” no amor, o exemplo, você está longe de mim, meu bem. Jogar não é comigo. Que o azar seja menos que a sorte e que o jogo seja o amor, onde ambos serão presenteados por noites inteiras sem dormir, porque estarão tão juntos que esquecerão do tempo e porque nada mais importa, seja o tempo, a sorte, o azar e que seja apenas essa arte de continuar amando até a noite nunca mais acabar. Por que estaremos juntos, mulher. Juntos! Talvez seja isso. Obsessão compulsiva por estar perto de você, sua vaca, deve ser o que me faz ficar tão louco de amor. Deve ser. Talvez seja. Se não for, não sei o que é. O que é o que é, um cara sentado em uma poltrona macia de couro, camisa xadrez com botões abertos mostrando o tórax e o abdômen, escutando jazz, piscando sem parar com dor nos olhos de tanto olhar fixamente para a tela, escrevendo para você amor, o que você acha que é? Quem você acha que é? Quem diabo acha que é? Pensa bem, amor. Pense. Pensar! Talvez seja isso. Poderia citar todas as frases clichês sobre pensar, pensamento, pensante, pensando, pensador, sexo no pensamento, mesmo assim não seria suficiente para dizer o valor e a intensidade dos meus pensamentos em relação a você, minha flor. Talvez você não pense. Se pensa, pensa apenas em si mesma. Se pensa apenas em si mesma, és uma egoísta, suja e egocentrica que possivelmente morrerá sozinha com muito tesão reprimido, morando em uma casa com cento e cinquenta e sete gatos fedorentos ao seu redor. Não, eu sei que você não é assim, meu bem. Na verdade não sei como você é. Você sumiu! Desapareceu naquele dia onde deixamos várias garrafas verdes vazias. Lembra, sua safada? "Ele quer sexo", disse você com a garrafa verde na mão. A troca de olhares foi inevitavél e coincidentemente estavam ambos olhando para o mesmo lugar, o corpo de cada um. Você olhando em meus olhos e eu nos seus seios. Você olhando pra minha boca e eu para todo o seu corpo. Você olhando meu nariz e orelhas enquanto eu fitava sua cinturinha fina que ficaria pequena em minhas mãos grandes. "Vou buscar outra garrafa verde para poder desfrutar mais de sua companhia", disse o canalha que ama. Uma noite não acaba quando as garrafas verdes estão vazias, acaba quando as pessoas estão cheias de se sentirem vazias, mesmo depois de esvaziarem todas as garrafas verdes. Lembro-me de tudo isso, menina. Você lembra? Consegue lembrar, sua coisinha? Lembrar! Talvez seja isso. Lembranças nada mais são que flashes ruins ou bons ou nada bons ou muito ruins de nossa vasta memória crua, suja, pura ou seja lá o que for nosso subconsciente. Se eu não lembrasse, não estaria escrevendo pra você, menina. Concorda comigo e com o que eu digo? Concorda? Concordar! Talvez seja isso. Ando meio que sem dar passos quando não concordo com muitas coisas. O caminho para aqueles que discordam de quase tudo é duro, tenso, mas o prazer de chegar no final, depois de uma guerra contra todo o sistema chichê onde pessoas fazem sempre as mesmas coisas, concerteza é fantastico. Concordar com tudo é uma puta falta de opinião. Calma, não chamei você de puta, mas sim a opinião daqueles que se dizem os “senhores da verdade absoluta”. Ok, meu amor? Por mim, que eles tomem bastante Absolut e caiam de cara nos buracos de suas vaidades e que esses buracos vaidosos sejam tão profundos quanto as olheiras do dia seguinte desses seres desumanos. Meu cabelo secou. O veterano do Jazz parou de cantar. O silêncio está aqui fazendo companhia para meu coração e dedos moídos de tanto escrever para você garota. Minha mala está me chamando desde quando o sol nasceu e meu café foi derramado no fogão por puro descuido, na verdade, é que estava pensando em você mulher. Me esqueço de tudo quando tenho você aqui. Perderei todas as coisas se não vou ter você pra mim. Isso soou muito clichê, meu bem? Você sabe que odeio a superficialidade do jeito normal humano de fazer as coisas. Então, reformulando a frase, não dá, não consigo, não aguento ficar longe de você, não sei o porquê e foda-se. Melhorou, amor? Melhor assim? Melhorou? Melhorar! Talvez seja isso. Que area mais desgraçada é essa que devo melhorar? Pessoas estão em constante mudança, mas isso não significa que elas ficarão melhores. Não quero pensar nisso, minha querida. Quero que você venha até mim e que esqueçamos tudo e todos e todo o resto do mundo. Não quero que todo o resto do mundo morra, não amor, não é isso. É que, estar com você é algo surpreendentemente surreal para mim. Que o mundo inteiro possa viver, tá melhor assim, meu bem? Que eles e elas possam viver. Viver! Talvez seja...espera! Talvez não seja isso. Talvez não seja nada disso assim, separadamente. Talvez seja tudo junto. Tudo ao mesmo tempo. Todos os sentimentos compilados em um único ser pronto para ser exalado em palavras de amor. É isso, amor! Eu espero você. Estou junto com você. Penso em você. Lembro de você. Concordo com você, em partes é claro. Vou melhorar por você, espero que melhore por mim, ou não, que sejamos errados e amantes da mesma forma. O importante é o último “talvez seja isso” que quase foi dito. Importante mesmo é viver. Viver, amor. Entende? Se você me perguntar “viver o quê”, responderei subtamente: viver o amor. O amor transforma tudo mesmo, menos o nada. Ah, meu bem, esqueci de dizer, já fiz minha mala, estou saindo para viajar, mas relaxa, quando você acordar, estarei ao seu lado, porque tambem fiz sua mala. Vamos juntos.

(Escrito por Tom Freire)

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