quinta-feira, 10 de março de 2011
A resposta as vezes perde a hora
Vem cá. Chega mais perto. Sente? Diz que sim, vai. Tem que chegar bem perto, perto a ponto de ouvir o tum-tum do coração, a respiração, o calor do corpo aquecendo ao redor. Você consegue fazer um esforço e tentar olhar para o que passou sem alguma mágoa? O rancor trava a gente, faz qualquer tipo de saudade perder o ônibus, o prazo, o sentido. Não quero, não pode. A gente sentiu amor por um segundo. Era, não era? Diz pra mim, fala assim, devagar, olhando no meu olho, afastando a decadência injusta do fim.
Amor, essa palavra desconhecida. Naquela hora, era. Amor, essa palavra que todo mundo quer pegar no colo e ninar. Naquela hora, era. Amor, essa palavra que gosta de sair sem maquiagem e salto alto. Naquela hora, era. Amor, essa palavra que é pureza, verdade. Naquela hora, era. Amor, amor. Era, não era?
Tive medo de ficar perto, bem perto assim. Perto a ponto de ouvir o tum-tum do coração, a respiração, o calor do corpo aquecendo ao redor. Medo, essa palavra que anda junto com o amor. Naquela hora era, era medo, era amor. Naquela hora era ilusão, essa palavra que fica na frente do amor, a guarda-costas do amor, se vier uma bala perdida, tum, acerta a ilusão. Naquela hora era pra ser amor, então ele tinha que ficar vivo.
Ficou um vazio de repente. Se era pra ser amor, se ele tinha guarda-costas, se sobreviveu, era pra ter resistido, não era? Por que o vazio intenso e doído? Por que a sensação de ter caído do décimo quinto andar? Por que, se era amor? Não era? O vazio deu lugar a uma ânsia de vômito, um embrulho que fazia o mundo girar rapidamente. Porque perdemos tanto tempo numa coisa que nunca foi. O amor não questiona, ele é.
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Clarisse Corrêa
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