terça-feira, 19 de abril de 2011
Sobre tantas formas de egoismo.
Sou um pouco radical com algumas definições. Para mim, as pessoas são divididas em duas categorias: egoístas e não-egoístas. É claro que o egoísmo possui alguns níveis. Mas essa palavra me soa mal, me causa antipatia e até uma espécie de arrepio. Acho que o egoísmo é um grande defeito. Concordo que a gente tem que se amar, procurar deixar a autoestima sempre dentro da bolsa, mas até o amor por nós mesmos precisa de freios. Quem se ama demais não consegue amar outra pessoa.
Fico chateada quando as pessoas esquecem das coisas. Eu sei que a gente não deve esperar retribuição, mas algumas coisas precisam ser pagas na mesma moeda. Quer um exemplo? Você é bem amiga daquela amiga. A bendita passa por mil e um problemas e durante mil e uma noites aluga seus ouvidos com problemas e problemas e problemas sem fim. Você, solícita e boa gente, ouve. Então, a maré ruim dela passa, fica tudo numa boa, ela está faceira, feliz no amor, no emprego, na vida, cheia de boas notícias e coisas legais acontecendo e simplesmente te esquece, não dá a menor satisfação, não participa novidade alguma. Você se sente uma palhaça, afinal de contas, na hora em que ela precisava lá estava você, agora que ela está numa nice tá-nem-aí-para-a-bocoió-que-ouvia-ouvia-ouvia.
Você acha exagero meu? Eu não acho. Amizade se paga com amizade. Sou legal com quem é legal comigo. Falta de consideração se paga com falta de consideração. Não sou legal com quem não é legal. Olha, me desculpa, mas essa coisa de vamos-ser-todos-legais não é pra mim. Sabe por quê? Eu cansei. Cansei de ser bobinha, sem maldade, sem malemolência. Agora, eu jogo o jogo. A gente precisa ter um pouco de malícia para compreender as pessoas. Depois de muito tomar na cara, é difícil eu me enganar. Sei exatamente com quem posso contar, pra quem posso chorar, pra quem posso desabafar. E quer saber? Penso bem antes de sair por aí pegando o telefone e ligando para meus amigos. Primeiro, tento resolver comigo mesma. Depois, desabafo.
O mesmo acontece com quem só consegue falar de si mesmo. Você deve conhecer, com sorte, apenas uma pessoa assim. Eu conheço várias. Tem gente que adora ser a manchete da própria vida. Gostam de ibope, por isso dão em primeira mão sempre as principais notícias do dia. Eu isso, eu aquilo, eu aquilo outro, eu, eu, eu. Tenho uma conhecida que mal me enxerga desata a falar de si. Fala, fala, fala, fala e em momento algum pergunta se estou bem, como vai meu papagaio, etc. Tem também aqueles que adoram contar o que compraram, quanto ganharam, quantos carros têm na garagem, para onde viajaram, etc.
Há ainda os que, de tanto eu, não conseguem ser nós. São aqueles que volta e meia olham para o próprio umbigo, não conseguem compartilhar, dividir, somar, multiplicar. Não conseguem fazer pequenas gentilezas e agrados. Não têm tempo para pensar no que o outro quer e espera. Não conseguem parar e pensar no sentimento de quem está ao lado. E muito menos fazer coisas simples, pequenas. Quem não consegue fazer pouquinho jamais conseguirá fazer muito, mas os egoístas só fazem muito por eles mesmos. E ponto final.
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Clarisse Corrêa
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