domingo, 16 de maio de 2010

Mocinho do carro preto

A rotina voltou, o percurso voltou a ser de casa pra escola, e da escola pra casa.
Voltou também com a rotina, toda aquela palpitação acelerada quando passa na rua o moçinho do carro preto, quando ele passa e olha para mim com aquele jeito sem vergonha dele de ser, ele dá aquela levantadinha básica de sobrancelha, e me mostra a língua. Pronto eu me desmancho, o sorriso vai de orelha a orelha.
Ele é do tipo do cara que só vem atrás de mim quando larga da namorada, ele não tem meu número salvo no seu celular, o meu número ele sabe de cabeça, porque no fundo ele tem medo que alguém saiba que eu sou o estepe da vida dele, que vira e meche ele procura e corre atrás.
Esse moço sabe que se me ligar a qualquer momento eu irei lhe atender, mesmo que seja só para brigar com ele, ele sabe que se ele me ligar à cobrar eu o retornarei. Porque por ele eu não tenho uma simples queda, por ele eu tenho um tombo daqueles mais violentos possíveis, mais no fundo eu sei que ele é o tipo do homem que eu não posso ter pra mim.
Ele é aquele genro que a minha mãe não quer nem pensar em ter, é o moçinho que bebe, fuma, usa brinco, o moçinho que não serve pra ser seu genro e muito menos para fazer a sua filha feliz.
O moçinho só presta pra deixar o meu coração aceleradinho quando o vejo passar pela rua, só presta para me deixar toda alegrinha quando o vejo, é só para isso que ele presta.
Ele não é o príncipe encantado que eu desejo, ele é apenas o sapo, aquele que no fundo eu tenho esperanças que mude, aquele que com apenas um beijo pode se transformar em um príncipe, mais o meu medo de dar esse beijo é grande que assim o deixo ser apenas o meu sapo.
Ele é apenas o moçinho de carro preto com o retrovisor cromado que me faz bem mesmo quando eu to de mal do mundo.

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