terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Duas praças, nós dois

O ano é novo, a paixão é velha e o coração continua o mesmo João Bobo de sempre quando o assunto é você. Vi você longe, mesmo cara-a-cara comigo, ali quando pela milésima vez meu coração se rendeu ao nocaute e eu prometia mentalmente a todos os rostos desconhecidos daquela praça que haviam acabado as chances que eu te dava mesmo sem você pedir ou querer. Fácil não foi, afinal você e fácil são antônimos desde sempre, mas ainda assim saí de lá sem derramar sequer uma lágrima, enquanto o teu olhar de desprezo e amargura destinados a mim, comoviam a todos que sabiam do nosso caso. Permaneci ali, até o último segundo, afinal estava ali pra ver um show e não fazia sentido ir embora antes disso, ainda que eu quisesse correr pra casa e não precisar sentir você incomodado com minha presença. Meus dois amigos íntimos que ali estavam, me abraçavam como se quisessem me lembrar que eu sairia viva daquela situação. E eu saí. Resolvi que com o ano que terminava, deixaria ir embora também as lembranças e a saudade que eu ainda alimentava por você. Os dias iam passando, você passava também. Até que num dia que talvez fosse o seu dia de sorte, você resolveu voltar atrás, com teu jeito de pedir desculpas sem pedir e meu jeito de aceitar, deixando claro pra você que sim, eu sou mais tua que a normalidade é capaz de descrever.
Propus uma visita, qualquer desculpa como "um beijo de boas festas". Antes de vir me dar o prazer de ter prazer comigo, você quis saber se não estaríamos mais uma vez batendo na tecla viciada das histórias sem futuro e prestes a começar tudo de novo, afirmei que não, pra me fazer lembrar também. Então você se rendeu, afinal somos os dois livres e afim de algo que conquistamos intimidade suficiente para fazer sem precisar de maiores enrolações.
Pronto, ano novo agora, talvez o coração arranje algo novo para querer também. Engano. Surge então o primeiro compromisso social em que temos que nos encontrar. Cheguei minutos antes de você e logo te vejo entrar no bar com seu passo firme e usando uma blusa da cor que sabia que eu acho que fica bem em você, me perguntei se havia se lembrado disso ao se vestir, como eu me lembrei de vestir preto como você gostava.
Devidamente sentado ao meu lado, conversamos usando da intimidade que pouca gente sabia que ainda tínhamos, você sem seus óculos ia me pedindo pra ler pra você aonde não enxergava e eu te emprestando meu pulso pra você sentir o perfume que tanto gostava.
Você me tratando como no começo, no bar ao lado tocava Los Hermanos, não resisti e fui pra praça que tinha em frente , te deixando um sinal pra me seguir. Um cara que estava me olhando no bar, saiu logo atrás de mim e foi chegando perto, mal sabia ele que as chances deu olhar pra ele ou pra qualquer outro cara que estivesse ai havia sido extintas quando você pensou em sair de casa pra ir pra aquele bar. Do outro lado da rua, você vinha ao meu encontro e compartilhavamos um sorriso de crianças fazendo arte mais uma vez. Depois de 5 minutos de conversa, beijei você e ficamos ali abraçados contando segredos e matando saudades. Depois de algum tempo, nossa falta foi notada e seus amigos nos acharam naquela banco de outra praça da nossa história, tivemos que voltar, mas agora, ainda só pelo fim daquela noite, eu estava no posto que mais me agradava ocupar : eu era de novo a sua garota, mesmo sabendo que o dia seguinte chegaria levando embora meu doce cargo. Nunca quis tanto que uma noite demorasse a acabar.

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