quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Impossível retroceder
Hoje amanheci com uma dúvida no travesseiro. Após o café da manhã ela ainda estava caminhando pela minha mente e eu queria ler o jornal em paz. É sempre assim: se um pensamento fica fazendo toc-toc e eu não dou bola ele fica ali até eu abrir a porta. Pois bem, entre, por favor. O café ainda está fresquinho.
Sempre fui agitada, coração inquieto, pernas que não sossegam e pensamento maratonista. Mesmo deitada lendo um livro estou pensando em alguma coisa. Mesmo no silêncio, observando a chuva. Mesmo escovando os dentes. Mesmo assistindo a um bom filme. Mesmo beijando na boca. Mesmo fazendo escova no cabelo. Ouvi falar que a meditação faz um bem danado para quem tem a mente meio inquieta: você começa com cinco minutos (cinco!), olhos fechados, concentra na respiração e força para não pensar em nada. Nada. Cinco minutos. Sessenta segundos X cinco (depois eu faço as contas, minha matemática está de férias). Um dia eu tento. Um dia eu também tento fazer apoio que nem os caras do exército. Um dia eu também tento fazer feijão. Um dia eu também tento saltar de pára-quedas. Um dia eu também tento ser menos boba.
Voltando ao ponto, uma amiga me ligou fazendo perguntas difíceis. Eu dei respostas fáceis, é interessante: minhas respostas para os outros são sempre simples. Indico os caminhos mais solares. Então eu desliguei o telefone e fui dormir, hoje acordei assim: em cada fio de cabelo uma dúvida, mas não uma dúvida diferente, elas estavam interligadas.
O namorado dessa minha amiga disse que a amava. E ela lançou um "eu também". Sem amar. SEM AMAR. Então ela me disse que gosta muito dele, sente um carinho imenso, ele é querido, divertido, engraçado e faz um sexo legal. Mas falta alguma coisa nele. E ela disse o infeliz "eu também". Na hora eu fiquei doida com aquilo. Com aquilo e com todo o resto que tenho visto por aí. Eu tô muito errada, hein? O mundo tá doido, hein? O que tá acontecendo, hein?
Depois do "eu também" muita coisa acontece. Honestidade é tudo nessa vida. Você quer ser legal, romântico, simpático, não quer estragar a noite encantada e larga um eu também?? Por favor, seja franco. Você ama? Tem certeza? Então diga. Grite. Fale. Desenhe. Escreva. Solte pipa. Pendure faixa. Escreva na calçada. Faça serenata. Mande chuva de pétalas de rosas. Você gosta? Sente carinho? Não diga. Não abra a boca para dizer que ama ou que eu também ou da mesma forma. Dê um sorriso. Um beijo. Falo porque eu já falei um eu também e não deu nada certo. Como a gente chega para a pessoa e diz "olha, na hora eu falei pra não ficar chato, mas só te gosto, não te amo"? Como diz depois de ter dito?
Faça como eu já fiz: uns acham que é grosseria, outros sinceridade. Um dia um cara disse que me amava. Eu só gostava dele, então eu disse: "que lindo o que você falou, eu gosto muito de você, mas ainda não te amo, quem sabe com o tempo o sentimento cresce?". Ele deu um sorriso pela metade, me abraçou e disse que entendia. O sentimento não cresceu, evidente. Ele era muito legal, bonito, inteligente, bom caráter, contava piadas fantásticas. Mas isso não era tudo, faltava aquele gostinho de eu-preciso-de-você.
Já falei outras vezes: amor não é lagoa. Não é água parada. Amor tem que ter movimento. Eu nunca disse "eu te amo" sem sentir de verdade. Sem amar mesmo. Já errei ao dizer eu-também-te-amo, por isso eu digo: se ama, fala. Se não ama, cala. O amor não é só desejo, beijo na boca, sexo, ciúme, carinho, confiança. Nem é só cumplicidade, amizade, lealdade. O amor é conjunto. Dizem que quem ama não tem sentimento de posse. Eu discordo. Quando eu amo o meu coração é da pessoa e sinto que o dela é meu e isso já é posse: meu (olha o eco: meu meu meu meu). O amor tem de tudo um pouco, mas tem que ter o principal: franqueza.
Quem ama sempre sabe. O sentimento fica que nem a minha dúvida hoje pela manhã: assombra o pensamento e perturba o coração. Porque amar não é moleza. E o amor não é sempre certo, ele erra, desespera, cansa, dá dor de cabeça e angustia. Mas a gente quer mais. Sempre mais. Porque o amor é assim: vício. Depois que você ama você PRECISA daquilo. E é impossível retroceder.
Então eu liguei para ela e disse: "Descobri: quem ama não diz eu também. Quem ama diz EU TE AMO." Desliguei e pensei comigo: quem ama não faz perguntas, o amor é a melhor resposta-ainda que confusa.
Sempre fui agitada, coração inquieto, pernas que não sossegam e pensamento maratonista. Mesmo deitada lendo um livro estou pensando em alguma coisa. Mesmo no silêncio, observando a chuva. Mesmo escovando os dentes. Mesmo assistindo a um bom filme. Mesmo beijando na boca. Mesmo fazendo escova no cabelo. Ouvi falar que a meditação faz um bem danado para quem tem a mente meio inquieta: você começa com cinco minutos (cinco!), olhos fechados, concentra na respiração e força para não pensar em nada. Nada. Cinco minutos. Sessenta segundos X cinco (depois eu faço as contas, minha matemática está de férias). Um dia eu tento. Um dia eu também tento fazer apoio que nem os caras do exército. Um dia eu também tento fazer feijão. Um dia eu também tento saltar de pára-quedas. Um dia eu também tento ser menos boba.
Voltando ao ponto, uma amiga me ligou fazendo perguntas difíceis. Eu dei respostas fáceis, é interessante: minhas respostas para os outros são sempre simples. Indico os caminhos mais solares. Então eu desliguei o telefone e fui dormir, hoje acordei assim: em cada fio de cabelo uma dúvida, mas não uma dúvida diferente, elas estavam interligadas.
O namorado dessa minha amiga disse que a amava. E ela lançou um "eu também". Sem amar. SEM AMAR. Então ela me disse que gosta muito dele, sente um carinho imenso, ele é querido, divertido, engraçado e faz um sexo legal. Mas falta alguma coisa nele. E ela disse o infeliz "eu também". Na hora eu fiquei doida com aquilo. Com aquilo e com todo o resto que tenho visto por aí. Eu tô muito errada, hein? O mundo tá doido, hein? O que tá acontecendo, hein?
Depois do "eu também" muita coisa acontece. Honestidade é tudo nessa vida. Você quer ser legal, romântico, simpático, não quer estragar a noite encantada e larga um eu também?? Por favor, seja franco. Você ama? Tem certeza? Então diga. Grite. Fale. Desenhe. Escreva. Solte pipa. Pendure faixa. Escreva na calçada. Faça serenata. Mande chuva de pétalas de rosas. Você gosta? Sente carinho? Não diga. Não abra a boca para dizer que ama ou que eu também ou da mesma forma. Dê um sorriso. Um beijo. Falo porque eu já falei um eu também e não deu nada certo. Como a gente chega para a pessoa e diz "olha, na hora eu falei pra não ficar chato, mas só te gosto, não te amo"? Como diz depois de ter dito?
Faça como eu já fiz: uns acham que é grosseria, outros sinceridade. Um dia um cara disse que me amava. Eu só gostava dele, então eu disse: "que lindo o que você falou, eu gosto muito de você, mas ainda não te amo, quem sabe com o tempo o sentimento cresce?". Ele deu um sorriso pela metade, me abraçou e disse que entendia. O sentimento não cresceu, evidente. Ele era muito legal, bonito, inteligente, bom caráter, contava piadas fantásticas. Mas isso não era tudo, faltava aquele gostinho de eu-preciso-de-você.
Já falei outras vezes: amor não é lagoa. Não é água parada. Amor tem que ter movimento. Eu nunca disse "eu te amo" sem sentir de verdade. Sem amar mesmo. Já errei ao dizer eu-também-te-amo, por isso eu digo: se ama, fala. Se não ama, cala. O amor não é só desejo, beijo na boca, sexo, ciúme, carinho, confiança. Nem é só cumplicidade, amizade, lealdade. O amor é conjunto. Dizem que quem ama não tem sentimento de posse. Eu discordo. Quando eu amo o meu coração é da pessoa e sinto que o dela é meu e isso já é posse: meu (olha o eco: meu meu meu meu). O amor tem de tudo um pouco, mas tem que ter o principal: franqueza.
Quem ama sempre sabe. O sentimento fica que nem a minha dúvida hoje pela manhã: assombra o pensamento e perturba o coração. Porque amar não é moleza. E o amor não é sempre certo, ele erra, desespera, cansa, dá dor de cabeça e angustia. Mas a gente quer mais. Sempre mais. Porque o amor é assim: vício. Depois que você ama você PRECISA daquilo. E é impossível retroceder.
Então eu liguei para ela e disse: "Descobri: quem ama não diz eu também. Quem ama diz EU TE AMO." Desliguei e pensei comigo: quem ama não faz perguntas, o amor é a melhor resposta-ainda que confusa.
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Clarisse Corrêa
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