sábado, 30 de abril de 2011
As pessoas dizem que o amor machuca, mas não é verdade. A solidão machuca. A rejeição machuca. Perder alguém machuca. A inveja machuca. As pessoas ficam confusas com essas coisas de amor, mas na realidade o amor é a única coisa no mundo que acaba com toda a dor e faz alguém se sentir maravilhoso de novo .
Apaixone-se por alguém que te ame, que te espere, que te compreenda mesmo na loucura; por alguém que te ajude, que te guie, que seja teu apoio, tua esperança, teu todo. Apaixone-se por alguém que volte para conversar com você depois de uma briga, depois do desencontro, por alguém que caminhe junto a ti, que seja seu companheiro. Apaixone-se por alguém que te ame! Não apaixone-se apenas pelo amor.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
É para se orgulhar, sim! Não é todo mundo que consegue lutar até o fim. Não são todos que permanecem em pé quando o mundo espera que você caia. São raros os seres humanos que vão até o fim, por isso mesmo nem todos podem ser contemplados com orgulho. Sentir isso por alguém é algo difícil, pois há de haver muita dedicação, incondicional dedicação. Há de haver empenho mútuo, instinto realmente coletivo. Não, não é fácil, mas ninguém prometeu isso. Não há esperança ou falsa expectativa. Há sim trabalho, e luta! Muita luta! Quem luta até o fim por um amor pode acabar na solidão, mas o resultado só se sabe no final. Durante o combate há de mergulhar de cabeça e sem medo na paixão. Quem luta até o fim por uma amizade pode se decepcionar lá na frente por algo que o amigo não faça (logo ele, tão herói e ao mesmo tempo bandido – tão determinado e ao mesmo tempo frágil – tão inteligente e ao mesmo tempo cabeça dura naquilo que acredita). Mas o que importa é o momento que se está em combate, de pé, com a cabeça erguida e o coração pulsando. Batendo por uma causa nobre, porque quem luta até o fim, somente o faz porque acredita, tem fé que a causa vale a pena. Por fim, vá até o fim. Não importa se hoje você é a caça ou o caçador, não importa se você está encolhido ou na linha de frente de tiro, se você é pedra ou vidraça... Enfim, lute, lute até o fim, porque apenas assim você verá que valeu a pena existir!
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textos de auto estima
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Eu sinto a sua falta,Não é do tipo que esquece a chave em casa e sente falta só quando precisa dela. Talvez não esteja explícito, talvez eu não queira que esteja ou não deixe que fique, pelo fato de que eu preciso que você confie em mim, que acredite em tudo que falo sem ao menos ter que ir atrás de você. Cada um tem sua concepção de amor, e a minha é dessas mais caretas possíveis, a que precisa tanto dar como receber, falar bobagens, contar segredos. Isso eu encontrei numa única pessoa, e acho muito pouco provável que eu vá trocar isso por qualquer coisa que seja. Eu não abro mão de você, não se esquece disso.
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Jéssica Barreto
quarta-feira, 27 de abril de 2011
De frente a você
Que coisa triste. Triste, triste, triste. A gente joga no outro nossas incertezas, nossas não realizações, nossas pequenas infelicidades, nossas fraquezas, nossas asperezas, nossas raivas e nossas agonias. Isso é errado, errado, errado. E continuamos fazendo, inconscientes, incoerentes e cegos.
Tem gente que projeta, sente ciúme, faz pirraça, birra e trapaça. E tem gente que faz tudo isso ao mesmo tempo e nem percebe. A gente tem muito ódio colado no peito. Isso é cruel. Mas a gente tem e precisa aceitar isso, precisa entender, precisa se descobrir para, então, vomitar tudo, cagar tudo, cuspir tudo, colocar tudo para fora e começar novo, de novo.
Perguntam se meus textos são autobiográficos, se no meu livro falo de mim. Já respondi isso inúmeras vezes. Uma pessoa que escreve fala e não fala dela. A gente inventa, aumenta, não se contenta e pega uma história daqui, outra dali, soma, divide, multiplica e faz equação maluca. Tem uma pitada real, outras fajutas. Muitas reais, uma fajuta. É um baile de verdade e invenção, mas me pergunto: faz diferença saber se o que escrevo acontece ou é fruto da imaginação? Tem uma frase de uma carta do Caio Fernando Abreu que me veio na cabeça agora "Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos jeitos. Alguns estranhos." Nunca consegui escrever tão bem e de uma forma que resumisse isso tudo. Mas o Caio conseguiu, ele sempre conseguiu.
Voltando ao que dizia, a gente tem que aproveitar mais a vida. Ler, fazer o que gosta, viajar, conhecer o mundo, conhecer as pessoas, as culturas, conhecer a gente mesmo. Acho que o ser humano demora muito para se confrontar, para se entender, para se buscar. Medo? Talvez. As pessoas têm medo da solidão e da própria companhia. Medo de se encarar de frente, de enxergar cada sinal do tempo, cada marca que a vida trouxe e fez. Isso não é legal, não é maduro, mas é muito humano.
As pessoas deviam aproveitar a vida para promover aquele encontro amigo você-e-você. De manhã, com bafo, sem ter penteado o cabelo nem tomado banho. Você e você. O você real, não o enfeitado, não o perfumado, não o arrumado. Você sem retoques. Sem armas. Sem máscaras. Sem truques. Porque é só assim que a gente se conhece de verdade.
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Clarisse Corrêa
segunda-feira, 25 de abril de 2011
E eu escrevo um parágrafo e corro pra ver se tem e-mail. E eu escrevo uma linha e corro pra ver se tem mensagem de texto. E eu não escrevo nada e também não corro, apenas deixo você chegar aqui do meu lado, em pensamento. E me pego sorrindo, sozinha. E me pego nem aí para todo o resto. Mas sabe o que acontece enquanto isso? Enquanto eu não me movo porque estou lotada de você e me mover pesa demais? O mundo acontece. O mundo gira. As pessoas importantes assinam contratos, ganham dinheiro. As pessoas simples lutam por um lugar na condução, um lugar no mundo. Estão todos lutando. Estão todos ganhando dinheiro. Estão todos fazendo algo mais importante e mais maduro do que suspirar como uma idiota e só pensar em você. Eu tenho muita inveja dessas pessoas maravilhosas, adultas, evoluídas e espertas que conseguem separar a hora de ir a uma reunião de condomínio com a hora de desejar alguém na escada do condomínio. A hora de marcar o dentista com a hora de engolir alguém. A hora de procurar a palavra "macambúzio" no dicionário com a hora de se perder com as suas palavras que de tão simples parecem complexas. A hora de ser inteira e a hora de catar meus pedaços pelo mundo enquanto você dá sinais desmembrados. Eu não consigo nada disso, eu me embanano toda, misturo tudo, bagunço tudo. A minha única dúvida é se sou a única idiota a fazer isso comigo ou se sou a única idiota a admitir que faço isso comigo.
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Tati Bernardi
domingo, 24 de abril de 2011
Buscando um novo sentido para a vida
Algumas coisas são extremamente cansativas. Uma delas são as pessoas desocupadas. O ócio é muito triste. A cabeça vazia, dizem, é o paraíso para o diabinho que habita dentro de você. Aprendi desde cedo que a gente não deve fazer com o outro aquilo que não gostaríamos que fizessem com a gente.
Eu erro muito. Quase todo dia, pra ser mais específica. Mas durmo com a consciência tranquila, com a alma serena. Não faço mal pra ninguém, ninguém mesmo. Talvez eu magoe algumas pessoas sem querer. Talvez, não, com certeza. Ninguém é como a gente espera. E eu já entendi que inevitavelmente a gente magoa e é magoado. A grande questão é: você fez de propósito? Você encosta o dedo na ferida e gira? Você escolhe a dedo palavras ríspidas? Você é um grande filho da puta de caso pensado? A intenção diz muito sobre você. É claro que de boas intenções o inferno está cheio. Mas o céu também está. No nosso coração só entra o que a gente quer. Na minha vida só fica quem eu escolho. Por isso eu digo: arrume o que fazer da vida. Um trabalho, um hobby, um blusão de lã para tricotar, afinal, o inverno está chegando. Arrume um amor, uma camisa para passar, calcinha suja para esfregar, panela para dar brilho. Arrume um jeito de dar sentido para a sua (vazia) vida. Arrume um tempo para promover um encontro com você mesma. Só, por favor, me largue de mão.Aceito todo e qualquer tipo de críticas construtivas. Quer falar do meu texto, fala. Quer detonar um texto, detona. Quer dizer que não concorda, diga. Quer dar sugestões, dê. Quer desabafar, desabafe (sim, recebo diversos e-mails com desabafos, pedidos de conselhos, dicas, etc., etc., etc. coisas tristes, cômicas e surreais). Quer elogiar, elogie. Faça o que bem entender, só não perca os minutos da sua vida para me xingar, avacalhar, chinelear, espinafrar, falar mal de mim, me ofender, dizer que meu nariz é feio, que tenho que emagrecer, que sou loira burra, que nunca vou conseguir publicar meu livro infantil, que isso e aquilo. Sabe por quê? Porque você não me conhece, não sabe da minha vida nem de mim. E meu nariz é lindo, desculpa. E, sim, tenho que emagrecer mesmo, depois que comecei a namorar dei uma violenta engordada.Quer saber meus outros defeitos? Vamos lá. Meu dedo da mão direita é feio que dói, meu dente entortou depois que meu siso nasceu (ou seja, meus anos de aparelho não adiantaram bosta nenhuma), tenho que usar aparelho de novo, minha bunda podia ser mais dura, eu podia ter menos peito, podia não ser tão branca, nem tão sardenta, meu cabelo podia ser mais meu amigo, meu pé podia ser mais bonito, meu quadril podia ser menos largo. Meu coração podia ser mais duro na queda, eu podia ser menos sensível e não me magoar tanto, podia ser menos braba, menos extremista, menos afoita, menos hiperativa, menos chata na TPM, mais rica, mais centrada, mais coerente, mais valente. Satisfeita? Então da próxima vez não perca seu tempo comigo, já listei meus defeitos. Só não toque no nome de quem eu amo e não fale o que você não sabe. Tenho muitos defeitos, sim. E agradeço. Se não tivesse nada para melhorar minha vida seria uma desgraça. Agora, quer um conselho? Não torre mais a minha paciência. Tem gente que precisa de um tanque cheinho de roupa pra lavar. Ou dar meia hora de bunda por dia. Quem sabe assim para de encher o saco dos outros e arruma um sentido para a vida.
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Clarissa Corrêa
sábado, 23 de abril de 2011
Sujeira
O problema é que passa por um açougue desses com cartazes amarelos vendendo preços em vermelho. Com pombas em bando na porta, dando cabeçadas sujas no nada. A valeta seca acompanha o caminho dando um seco também no fundo da garganta. Ônibus bufando no ar carregado de pressas e tosses. Andar na rua pesa, fede, suja, convive. Ela sempre vai de carro. Em seu carro, ela tem um álcool gel que passa no volante para limpar os restos gordurosos das mãos de manobristas punheteiros e ranhentos. Tudo lhe dá nojo. Começou aos poucos com isso. E foi piorando. A doença é sim arrogante e preconceituosa, mas o mundo segue sambando, suando, escarrando. Enquanto ela se resguarda e se alimenta em sua maldade higiênica. A solidão desinfetada. Mas de dentro dessas bolhas macabras cheias de regras maníacas de um cérebro doente, ainda bate alguma coisa desritmada, vez ou outra, lhe dando escuros impulsos de vida. Um prolapso de desejo. E essa coisa bateu quando ela o viu. O fundo do seu peito exala um azedo de cocaína no sangue. Ele colocou a musica que dilacerava seu coração e, ao vê-la em prantos, só foi capaz de aumentar o som. Naquela noite ele estava especialmente sujo. Ele sumiu e voltou com um pentelho loiro grudado no suor da testa. Seu pulso fedia vodka, cigarro e carne mole. Fedia um coração apodrecido pelos seus desejos noturnos. Ele agarrou no braço de uma morena corcunda que não sabia estar sendo solicitada por um deus. Ele é meu deus, ela pensou quando se sentiu correndo bem rápido de sua gaiola. Voando bem rápido de sua ratoeira. Sempre que ser bicho vem é tão novo que não se sabe ao certo encaixar as coerências. Ela vai até ele e enfia seu dedo dentro de sua orelha. Eu gosto de mulheres altas e magras, ele diz. Eu não gosto de você. Ela vai até ele e esfrega o osso da sua bacia. Eu não gosto de você, ele diz agora misturando ódio com delicadeza. Ela vai até ele e faz pra cima e pra baixo com a mão, por cima da calça. Por que se humilhar? Essa pergunta os dois se fazem. Ambos envergonhados e enojados. Porque é tudo tão chato, é tudo tão limpo, o certo fica errado de repente, enquanto dormimos na falsa paz que nos carrega sedados de um dia para o outro. Porque o bonito, o puro, o quase infantil de tão feliz, o saudável, todos esses, todos são manchados de merda, de porra, de vômito, de cortes pequenos na perna com a faquinha da maçã. Tudo que pareceu estar indo, apenas voltou como uma dor que nunca me mata mas me faz voltar gorda de tremores e sarcasmos. Mas eu consigo gostar da sua sujeira, da sua impossibilitada excitada, do seu não retesado e apontando para o meu buraco eterno. Eu gosto de ser seu jamais porque tudo o que podia, nunca pode. Nós vamos mesmo fazer isso? Ele pergunta me virando contra a parede. Eu não quero ficar aqui mas também não quero voltar e muito menos quero ir. Então me sufoca só para eu sentir um pouco de alivio. O jogo de sedução das meninas que casam é a coisa mais podre de se fazer para uma pessoa cínica e em pânico. Porque eu sinto todas as hipocrisias de uma relação de uma maneira tão forte e alta e intensa que prefiro esse minuto em que eu enfio meu dedo na sua orelha e você, porque já são sete da manhã e só sobrou eu, enfia seu vazio duro no meu vazio endurecido. E nós sentimos um vazio terrível que nos violenta e nos separa pra sempre. Porque eu não sei amar, menino sujo, e nem você.
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Tati Bernardi
sexta-feira, 22 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Sabe o que eu sinto? Tem duas coisas me puxando, dois tipos de vida — e eu não quero nenhum deles. Quero o terceiro, o meu. Que eu ainda nem sei se vou curtir. Eu não tô querendo viver como eles vivem — não tô conseguindo viver como eu gostaria — e não tenho coragem de ficar sozinha e tentar soluções drásticas, você me entende? Acho que não. Eu vou levando. Mas não sei até quando,e eu fico muito comigo mesma nisso tudo — cada vez mais sufocada, mais necessitada,parece que ou eu ou os outros não somos mais tão disponíveis. Será que estou fechando, perdendo a curiosidade? Eu não sei.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Sobre tantas formas de egoismo.
Sou um pouco radical com algumas definições. Para mim, as pessoas são divididas em duas categorias: egoístas e não-egoístas. É claro que o egoísmo possui alguns níveis. Mas essa palavra me soa mal, me causa antipatia e até uma espécie de arrepio. Acho que o egoísmo é um grande defeito. Concordo que a gente tem que se amar, procurar deixar a autoestima sempre dentro da bolsa, mas até o amor por nós mesmos precisa de freios. Quem se ama demais não consegue amar outra pessoa.
Fico chateada quando as pessoas esquecem das coisas. Eu sei que a gente não deve esperar retribuição, mas algumas coisas precisam ser pagas na mesma moeda. Quer um exemplo? Você é bem amiga daquela amiga. A bendita passa por mil e um problemas e durante mil e uma noites aluga seus ouvidos com problemas e problemas e problemas sem fim. Você, solícita e boa gente, ouve. Então, a maré ruim dela passa, fica tudo numa boa, ela está faceira, feliz no amor, no emprego, na vida, cheia de boas notícias e coisas legais acontecendo e simplesmente te esquece, não dá a menor satisfação, não participa novidade alguma. Você se sente uma palhaça, afinal de contas, na hora em que ela precisava lá estava você, agora que ela está numa nice tá-nem-aí-para-a-bocoió-que-ouvia-ouvia-ouvia.
Você acha exagero meu? Eu não acho. Amizade se paga com amizade. Sou legal com quem é legal comigo. Falta de consideração se paga com falta de consideração. Não sou legal com quem não é legal. Olha, me desculpa, mas essa coisa de vamos-ser-todos-legais não é pra mim. Sabe por quê? Eu cansei. Cansei de ser bobinha, sem maldade, sem malemolência. Agora, eu jogo o jogo. A gente precisa ter um pouco de malícia para compreender as pessoas. Depois de muito tomar na cara, é difícil eu me enganar. Sei exatamente com quem posso contar, pra quem posso chorar, pra quem posso desabafar. E quer saber? Penso bem antes de sair por aí pegando o telefone e ligando para meus amigos. Primeiro, tento resolver comigo mesma. Depois, desabafo.
O mesmo acontece com quem só consegue falar de si mesmo. Você deve conhecer, com sorte, apenas uma pessoa assim. Eu conheço várias. Tem gente que adora ser a manchete da própria vida. Gostam de ibope, por isso dão em primeira mão sempre as principais notícias do dia. Eu isso, eu aquilo, eu aquilo outro, eu, eu, eu. Tenho uma conhecida que mal me enxerga desata a falar de si. Fala, fala, fala, fala e em momento algum pergunta se estou bem, como vai meu papagaio, etc. Tem também aqueles que adoram contar o que compraram, quanto ganharam, quantos carros têm na garagem, para onde viajaram, etc.
Há ainda os que, de tanto eu, não conseguem ser nós. São aqueles que volta e meia olham para o próprio umbigo, não conseguem compartilhar, dividir, somar, multiplicar. Não conseguem fazer pequenas gentilezas e agrados. Não têm tempo para pensar no que o outro quer e espera. Não conseguem parar e pensar no sentimento de quem está ao lado. E muito menos fazer coisas simples, pequenas. Quem não consegue fazer pouquinho jamais conseguirá fazer muito, mas os egoístas só fazem muito por eles mesmos. E ponto final.
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Clarisse Corrêa
segunda-feira, 18 de abril de 2011
You've Got to Hide Your Love Away
É tão natural que eu saia por aí espalhando amor, dizendo amor, escrevendo e sorrindo amor. Não sei ser contida e pensar mil vezes antes de dizer que gosto de alguém. Até consigo, mas o amor fica querendo sair por cada poro do meu corpo, tornando uma luta desagradável, essa de não dizer. Não era para ser desse jeito. As pessoas não deviam entrar em pânico e sumir ao ouvir que outras se importam, muito pelo contrário: deviam deixá-las mostrar o que são capazes de fazer pra dividir esse carinho.
Como vim parar neste mundo estranho onde sentimento é uma coisa que se deve evitar, esconder e negar? Como podem tentar me ensinar que amor é crime quando eu vim ensinar que amor é tudo? Por que é que fui cair justo aqui, nesse lugar que fede hipocrisia, grita solidão e ecoa vazio, onde ninguém resiste à qualquer sinal de dependência emocional, por mais pura que seja? Pra que negar, se omitir, calar? Amar é bonito, é leve. Todo mundo ama, todo mundo esconde. Mas se devo esconder, por que sentir?
Eu só queria um pouquinho de carinho, será que é muito difícil? Uma atenção, um telefonema, uma correpondência, dá pra ser? Um pouquinho de companhia bastava, qual o problema? Sentimentos nasceram para serem sentidos, não para serem escondidos debaixo da dor.
Deve ter mais alguém que caiu nesse planeta solidão por acaso e não entende de fingir. Estou aqui, perambulando sem espaço, sem rumo, sem nexo, mas sei que estou certa. Você vê? isso que foi ensinado de negligenciar carinho, é coisa de gente que não tem carinho pra oferecer. Todo mundo, bem lá por dentro, quer esse amor de graça que parece só existir em mim.
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Verônica H
domingo, 17 de abril de 2011
A paixão segundo G.H
Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável. Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão pois arrastam os que saem para fora do mundo possível, o ser excepcional é arrastado, o ser gritante.
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Clarisse Lispector
sábado, 16 de abril de 2011
Saudade com coragem quer dizer, que mesmo sentindo falta de todos os momentos, carinhos e esperanças, você ainda assim é firme e continua na decisão de que dessa vez não.
Já tentaram uma, duas, dez vezes. Os opostos se atraem, mas não duram.
Saudade do carinho, mesmo que ele não tenha existido. Coragem para se lembrar, que mesmo demorando, saudade também passa. E ritmo de saudade não é junto, pois saudade a dois, não é saudade, é distância.
Saudade da esperança em acreditar que daquela vez, oposto ia ser disposto e se fundiriam.
Duas almas opostas, com uma mesma vontade : saciar a saudade que se abranda todos os dias. E desespera. Porque saudade branda, não é mais saudade, é lembrança.
Já tentaram uma, duas, dez vezes. Os opostos se atraem, mas não duram.
Saudade do carinho, mesmo que ele não tenha existido. Coragem para se lembrar, que mesmo demorando, saudade também passa. E ritmo de saudade não é junto, pois saudade a dois, não é saudade, é distância.
Saudade da esperança em acreditar que daquela vez, oposto ia ser disposto e se fundiriam.
Duas almas opostas, com uma mesma vontade : saciar a saudade que se abranda todos os dias. E desespera. Porque saudade branda, não é mais saudade, é lembrança.
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saudade
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Eu estou ótimo. Não penso em você 24 horas por dias e nem mesmo sinto sua falta. Meu coração está inteiro, e não dói. Não choro faz meses, meus pulsos não estão cortados, e sorrio todos os dias. São sorrisos verdadeiros, que não escondem nada. Minhas noites são não interrompidas por lembranças nossas, e muito menos meus dias. Na verdade, você não faz parte deles. Me perguntam se estou bem, e oras, é claro que estou bem.Estou ótima. Não me sinto vazia. Não sinto vontade de sumir. Não conto os dias desde que você se foi, e não fico revivendo nossos momentos em minha cabeça. Não fico esperando que você volte. Definitivamente não. Não preciso de você. Não preciso do seu amor. Posso viver sem isso. Posso viver sem você, e seguir em frente. É o que estou fazendo. Eu estou bem.
Eu não te amo.
Eu não te amo.
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textos de auto estima
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Vai lá
A bordinha do pão, até pouco menos de dois centímetros pra dentro, não esquenta e dá pra pegar da torradeira com a mão mesmo. Daqui a pouco começam os ônibus e britadeiras e infinitos passos. Sempre logo que eu acordo eu penso que nunca mais vou acordar. Nunca mais. Mas a bordinha do pão, os ônibus, as britadeiras, os passinhos. Isso é só o começo, daqui a pouco também tem os passarinhos. Tem também um lance do teto começar a pesar em mim, como se até o estado de não ter estado nenhum fosse insuportável. Estômago não é lugar de se guardar vida, meu estômago explica pra mim já doendo de uma dor sempre nova, como se todo dia eu tomasse um pouquinho de susto por nascer. Eu fico sem saber qual seria a outra saída então. Ou entrada. É tudo a mesma coisa e sempre. E lá vem a anorexia de guardar qualquer que seja a sensação, até a de não ser nenhuma. Pulo logo e me chacoalho, uma tentativa de esvair de mim esse sebo de coisas que me incomodam e grudam em mim e cada vez mais e vou me derrubando pelo dia pra poder, mais tarde, sossegar de novo.
Meu quadrado de ar e silêncio. Pra fora desse quadradinho ainda escuro tem tudo aquilo que já vi ontem e ontem e ontem e ontem e não cheguei a conclusão nenhuma. Eu não vou acordar nunca mais. Vou ficar aqui, onde a pressão não cai, os sinais de procura não gemem, as pessoas não me convidam pra falar em cidades longe daqui, gente não inventa de gostar ou não de mim. Deitada não tem intenção, queda, dor no pescoço, conta bancária, gente que me olha como se já tivesse comido meu cu bêbado numa festa e guardasse esse meu segredo. É contra esse tipo de olhar de corujas escrotas que eu nunca faria nenhuma das coisas acima. Mas por alguma razão, é justamente por levar esses olhares a sério demais que sinto que perco parte do que poderia ser uma história filmada por anjos metidos a documentaristas de meninas quaisquer. Ninguém tem segredo nenhum a respeito de mim mas eu tenho tantos que acabei com tendinite de tanto por pra fora. Meu calo de vômito é no punho. Vomitar pelos dedos. O único jeito de não ter tanta vergonha de ser como sou, ainda que me perguntem "você não tem vergonha de escrever essas coisas?". Vergonha eu teria de andar de quatro cagada no meio da Paulista. Vergonha eu teria de ser contada por alguém que jamais me contaria tão bem e com tanta verdade. É isso ou isso.
Vai. A bordinha do pão pra pegar com os dedos sem queimar. Depois tomar chá gelado no gargalo da garrafa sem saber se está certo fazer ou dizer assim. Depois os e-mails todos. Vai lá. O jornal. Saber um pouco de política só pra não fazer feio em jantares e ir a jantares só pra não fazer feio com amigos e ter amigos só pra não fazer feio com a vida. Mas no fundo, uma vontade imensa de não fazer porra nenhuma dessas. Mas vai, dura tão pouco e quando acabar, não gosto nem de imaginar a saudade que vou ter de mim. Porque no fundo, no fundo, isso que pode soar como tristeza é só uma constatação corajosa de que dói sentir tudo e inclusive (ou principalmente) a nós mesmos.
Logo cedo, ainda que seja meu horário estranho, vem ainda mais seco e cortante.
Daqui a pouco, nem bem o sol foi da planta à direita do meu sofá para a planta à esquerda, já estou vivinha até demais. As maldades e ironias e desconfianças e ódios tomaram seu lugar. Chegou o sargento que mora na minha pele, analisando com cara de cabeleireiro gay da Oscar Freire qualquer ser ou alimento que me seja oferecido. Comer é o símbolo de qualquer coisa que queira entrar dentro de mim e tenho horror a todas mas a maior ironia da vida é que morremos se não nos cedemos à boca aberta. Pra proteger o que somos precisamos não proteger o que somos. Agora diz se não tem alguém rindo da nossa cara? Mãe, traz uma sonda e enfia na minha jugular, não quero mais que esses dias sejam culpa minha.
O Sol já está quase na minha porta. Já endureci o suficiente pra dizer que tenho horror aos escravos de palavras bonitas e ideias chatas. Aquele povo que não sabe o que falar do próprio nariz e diz apenas algo cabeçudo tipo "ele é adunco". Tá, já sei que você decorou o dicionário, agora me explica o que você acha da porra do seu nariz?
Já estou armada dos pés à cabeça e já posso sair às ruas com minha metralhadora e feiúra. Me arrumar bonita ou com pouca roupa também acontece, mas só eu sei depois a bronca que levo. Ser feia e enjaulada nos meus ferros me possibilita não ganhar nada com isso, até porque o que se ganha é pura tiração de onda com a nossa cara. Ah, a vida sorriu pra você? Ele te ama? Espere um pouquinho, querida. Tão te enganando. Até estar aqui, até ser você, tudo uma ilusão. Até desistir. Tudo ilusão. Os anjos documentaristas escreveram isso no seu roteiro mas daqui a pouco vem a merda toda porque filme sem dar tudo errado nem a Disney faz. Nem a Globo. Ainda que eles enganem a gente no final. Agora vai saber, se no nosso final, não acaba alguma coisa mesmo dando certo, tipo brinde do cosmos. Mas daí é o fim e você já está tão cansado que só uma cama já pode ser um final feliz. A morte é o final feliz.
Só dançar é de verdade, nem sei direito, mas sinto assim. Então me escondo em algum momento do dia e danço um pouco. Pra falar a verdade eu danço muito. Daí já é quase fim de tarde. Falta pouco. Eu nunca sei exatamente para o quê, mas me acalmo com a sensação. As sensações sempre sabem mais do que a gente pode saber. Talvez por isso elas sejam terríveis. Talvez por isso doam tanto meu estômago que se renega a acolher o impossível de digerir e classificar. Talvez por isso eu escreva. Talvez por isso eu não vá acordar nunca mais. Nunca mais. Até que eu descubro, quando o teto pesa e tudo aquilo, que o hoje só passa porque acordamos e assim se vai. Amanhã, amanhã. Pão e tudo. E passinhos e ônibus e passarinhos. Armaduras e belezas. E pensar que se você lê, meu amor, eu escrevo. E se você lê, meu amor, eu como. E se você lê, meu amor, eu continuo viva. É triste, mas se a gente pensar com carinho, é bem bonito.
Meu quadrado de ar e silêncio. Pra fora desse quadradinho ainda escuro tem tudo aquilo que já vi ontem e ontem e ontem e ontem e não cheguei a conclusão nenhuma. Eu não vou acordar nunca mais. Vou ficar aqui, onde a pressão não cai, os sinais de procura não gemem, as pessoas não me convidam pra falar em cidades longe daqui, gente não inventa de gostar ou não de mim. Deitada não tem intenção, queda, dor no pescoço, conta bancária, gente que me olha como se já tivesse comido meu cu bêbado numa festa e guardasse esse meu segredo. É contra esse tipo de olhar de corujas escrotas que eu nunca faria nenhuma das coisas acima. Mas por alguma razão, é justamente por levar esses olhares a sério demais que sinto que perco parte do que poderia ser uma história filmada por anjos metidos a documentaristas de meninas quaisquer. Ninguém tem segredo nenhum a respeito de mim mas eu tenho tantos que acabei com tendinite de tanto por pra fora. Meu calo de vômito é no punho. Vomitar pelos dedos. O único jeito de não ter tanta vergonha de ser como sou, ainda que me perguntem "você não tem vergonha de escrever essas coisas?". Vergonha eu teria de andar de quatro cagada no meio da Paulista. Vergonha eu teria de ser contada por alguém que jamais me contaria tão bem e com tanta verdade. É isso ou isso.
Vai. A bordinha do pão pra pegar com os dedos sem queimar. Depois tomar chá gelado no gargalo da garrafa sem saber se está certo fazer ou dizer assim. Depois os e-mails todos. Vai lá. O jornal. Saber um pouco de política só pra não fazer feio em jantares e ir a jantares só pra não fazer feio com amigos e ter amigos só pra não fazer feio com a vida. Mas no fundo, uma vontade imensa de não fazer porra nenhuma dessas. Mas vai, dura tão pouco e quando acabar, não gosto nem de imaginar a saudade que vou ter de mim. Porque no fundo, no fundo, isso que pode soar como tristeza é só uma constatação corajosa de que dói sentir tudo e inclusive (ou principalmente) a nós mesmos.
Logo cedo, ainda que seja meu horário estranho, vem ainda mais seco e cortante.
Daqui a pouco, nem bem o sol foi da planta à direita do meu sofá para a planta à esquerda, já estou vivinha até demais. As maldades e ironias e desconfianças e ódios tomaram seu lugar. Chegou o sargento que mora na minha pele, analisando com cara de cabeleireiro gay da Oscar Freire qualquer ser ou alimento que me seja oferecido. Comer é o símbolo de qualquer coisa que queira entrar dentro de mim e tenho horror a todas mas a maior ironia da vida é que morremos se não nos cedemos à boca aberta. Pra proteger o que somos precisamos não proteger o que somos. Agora diz se não tem alguém rindo da nossa cara? Mãe, traz uma sonda e enfia na minha jugular, não quero mais que esses dias sejam culpa minha.
O Sol já está quase na minha porta. Já endureci o suficiente pra dizer que tenho horror aos escravos de palavras bonitas e ideias chatas. Aquele povo que não sabe o que falar do próprio nariz e diz apenas algo cabeçudo tipo "ele é adunco". Tá, já sei que você decorou o dicionário, agora me explica o que você acha da porra do seu nariz?
Já estou armada dos pés à cabeça e já posso sair às ruas com minha metralhadora e feiúra. Me arrumar bonita ou com pouca roupa também acontece, mas só eu sei depois a bronca que levo. Ser feia e enjaulada nos meus ferros me possibilita não ganhar nada com isso, até porque o que se ganha é pura tiração de onda com a nossa cara. Ah, a vida sorriu pra você? Ele te ama? Espere um pouquinho, querida. Tão te enganando. Até estar aqui, até ser você, tudo uma ilusão. Até desistir. Tudo ilusão. Os anjos documentaristas escreveram isso no seu roteiro mas daqui a pouco vem a merda toda porque filme sem dar tudo errado nem a Disney faz. Nem a Globo. Ainda que eles enganem a gente no final. Agora vai saber, se no nosso final, não acaba alguma coisa mesmo dando certo, tipo brinde do cosmos. Mas daí é o fim e você já está tão cansado que só uma cama já pode ser um final feliz. A morte é o final feliz.
Só dançar é de verdade, nem sei direito, mas sinto assim. Então me escondo em algum momento do dia e danço um pouco. Pra falar a verdade eu danço muito. Daí já é quase fim de tarde. Falta pouco. Eu nunca sei exatamente para o quê, mas me acalmo com a sensação. As sensações sempre sabem mais do que a gente pode saber. Talvez por isso elas sejam terríveis. Talvez por isso doam tanto meu estômago que se renega a acolher o impossível de digerir e classificar. Talvez por isso eu escreva. Talvez por isso eu não vá acordar nunca mais. Nunca mais. Até que eu descubro, quando o teto pesa e tudo aquilo, que o hoje só passa porque acordamos e assim se vai. Amanhã, amanhã. Pão e tudo. E passinhos e ônibus e passarinhos. Armaduras e belezas. E pensar que se você lê, meu amor, eu escrevo. E se você lê, meu amor, eu como. E se você lê, meu amor, eu continuo viva. É triste, mas se a gente pensar com carinho, é bem bonito.
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Tati Bernardi
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Consideração
Já tinha um mês e resolvi ir nessa festa com cara de festa que você vai. Toda pessoa de cabelo cheio que entrava eu achava que era você. Assim como acho quando estou na rua, no supermercado, na fila do cinema, dormindo. Virei uma caçadora de pessoas cacheadas. Virei uma caçadora de você em todas as pessoas. Então você chegou na festa. E eu apenas sorri e sorri e sorri. Porque era isso. Eu queria te ver apenas. A dor numa caixinha embaixo dos meus pés e eu mais alta pra poder te abraçar sem dor, perto da sua nuca e por um segundo. Eu te acho bonito de formas tão variadas e profundas e insuportáveis. Eu vejo você parecendo um leãozinho no fundo da festa. Suando e analisando. O rei escondido escolhendo a presa que não vai atacar. Com sua eterna tristeza cheia de piadas afiadas. Suas facas afiadas de graças para defender as tristezas que nadam baixas nos seus olhos de quem não quer fazer mal. Mas faz. Seus olhos. Em volta um riozinho melancólico e no centro o sol feliz e novinho chegando. E tudo isso vem forte como um soco de buquê de flores de aço no meu estômago. E eu quero ir até você e te dizer que eu sei que você desmaia quando faz exame de sangue. E como eu gosto de você por isso. E como eu queria tirar todo meu sangue em pé pra você jamais cair. E como eu gosto de você por causa do e-mail que você mandou pro seu amigo com problemas. Como gosto quando você lembra de alguém e precisa demonstrar naquela hora porque tem medo da frieza das suas distrações. Suas listas de culturas e atenções. Os vasinhos. Os vasinhos coloridos da cozinha me matam. A história do milagre que te salvou da queda da estante. Você arrepiado falando em anjos. Essas suas delicadezas em detalhes dormem e acordam comigo. Acariciam e perfuram meu peito vinte e quatro horas por dia. Uma saudade dos mil anos que passamos, ou das três semanas. A loucura de gostar tanto pra tão pouco ou simplesmente a loucura de tanto acabar assim. Fora tudo o que guardei de você, me restou a consideração que você guardou por mim. Sua ligação depois, quando me encontra. Sua mão estendida. Sua lamentação pela vida como ela é. Sua gentileza disfarçada de vergonha por não gostar mais de mim. A maneira que você tem de pedir perdão por ser mais um cara que parte assim que rouba um coração. Você é o mocinho que se desculpa pelo próprio bandido. Finjo que aceito suas considerações mas é apenas pra ter novamente o segundo. Como o segundo do meu nariz na sua nuca quando consigo, por um segundo, te abraçar sem dor. O segundo do seu nome na tela do meu celular. O segundo da sua voz do outro lado como se fosse possível começar tudo de novo e eu charmosa e você me fazendo rir e tudo o que poderia ser. O segundo em que suspiro e digo alô e sinto o cheiro da sua sala. Então aceito a sua enorme consideração pequena, responsável, curta, cortante. Aceito você de longe. Aceito suas costas indo. Aceito o último cacho virando a esquina. O último fio preso no pé da minha cama. Não é que aceito. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros. Não se digere amor, não se cospe amor, amor é o engasgo que a gente disfarça sorrindo de dor. Aceito sua consideração de carinho no topo da minha cabeça, seu dedilhar de dedos nos meus ombros, seu tchauzinho do bem partindo para algo que não me leva junto e nunca mais levará, seu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade. Aceito apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação se calam para ver você passar.
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Tati Bernardi
domingo, 10 de abril de 2011
Sol
Neste exato segundo em que o planeta terra passeia pelo sistema solar, há uma infinidade de vidas que se iniciam e outra infinidade que chega ao fim. É natural. Talvez chegue um dia em que morrer será a exceção e o mundo atingirá sua lotação. Para isso existe a ciência, a medicina: evitar que a vida chegue ao fim. Viver alcança seu valor máximo. Tanta gente aprendendo a sorrir com conquistas, mas a maioria ensaiando o futuro. Não é o que eu quero. Quero mesmo é o presente. Cansei de me preparar para um dia que pode não chegar. Existe vida no agora? Se houver, eu vou encontrar.
Eu tenho essa urgência de viver, essa pressa de qualquer coisa que ultrapasse a inércia. É isso que me faz jogar dados ao acaso e me atirar de carros em movimento, é por isso que ando longe de viadutos. Meu suicídio diário não é uma forma de morrer. É uma tentativa desesperada de encontrar essa vida, testar minha capacidade de quase ir e voltar, descobrir se eu mereço estar aqui e se existe mesmo um deus. Afinal, ele concorda ou não com a minha maneira de encarar as coisas? Por que não me castiga por ser tão estupidamente desapegada? É minha necessidade de viver que me mata.
Tenho a impressão de ter atingido o auge da minha maturidade, mas não tenho espaço físico ou moral pra existir nessa condição. Estou pronta pra largar tudo pra trás todos os dias, mas algo finca meus pés no chão sem eviso prévio. É preciso ser coerente pra ser aceito, mas como não me contradizer tentando achar um equilíbrio? Como não ser um pouco louca nesse mundo tão absurdo?
Não adianta me oferecer o discurso de faculdade-emprego-família como verdade absoluta. A gente não aprende a viver sentado numa carteira de colégio. Não é a fórmula de Pitágoras ou a definição de pronome oblíquo que vai fazer com que eu seja mais ou menos inteligente. Saber organizar informações burocráticas em série e ser programado roboticamente não faz de ninguém um ser humano repleto. Isso tudo só rende uma possível colocação relevante numa prova de vestibular, um êxtase momentâneo. A vida se aprende nas perdas. É perdendo a liberdade que a gente descobre que não se encaixa, é perdendo alguém que a gente descobre que não vale a pena lutar por futilidades, é perdendo o apoio que a gente descobre que o resto do mundo não para só porque nosso mundo parou. A gente vai aprendendo a viver assim, na marra, no grito, no sufoco, no impulso. Eu quis mudar o mundo, quis ser brilhante, quis ser reconhecida. Hoje eu quero bem pouco e prefiro me concentrar no agora do que planejar um futuro incerto. Eu me libertei da culpa e dei de cara com algo novo: não me encaixo, e aceito. Não é justo perder as asas no momento em que se descobre tê-las. É preciso poder voar, é preciso ter uma visão estratégica das janelas. Ver o sol e não poder tê-lo é absurdo.
Então eu deixo algumas coisas passarem incompletas porque tenho consciência de que certas palavras ainda não têm tradução. Por mais que eu grite, vai ter quem não entenda, não aceite. O que eu não aceito é ter nascido num mundo tão grande e conhecer só uma pequena parte. Vou voar. Quem conseguir compreender, que me acompanhe.
Eu tenho essa urgência de viver, essa pressa de qualquer coisa que ultrapasse a inércia. É isso que me faz jogar dados ao acaso e me atirar de carros em movimento, é por isso que ando longe de viadutos. Meu suicídio diário não é uma forma de morrer. É uma tentativa desesperada de encontrar essa vida, testar minha capacidade de quase ir e voltar, descobrir se eu mereço estar aqui e se existe mesmo um deus. Afinal, ele concorda ou não com a minha maneira de encarar as coisas? Por que não me castiga por ser tão estupidamente desapegada? É minha necessidade de viver que me mata.
Tenho a impressão de ter atingido o auge da minha maturidade, mas não tenho espaço físico ou moral pra existir nessa condição. Estou pronta pra largar tudo pra trás todos os dias, mas algo finca meus pés no chão sem eviso prévio. É preciso ser coerente pra ser aceito, mas como não me contradizer tentando achar um equilíbrio? Como não ser um pouco louca nesse mundo tão absurdo?
Não adianta me oferecer o discurso de faculdade-emprego-família como verdade absoluta. A gente não aprende a viver sentado numa carteira de colégio. Não é a fórmula de Pitágoras ou a definição de pronome oblíquo que vai fazer com que eu seja mais ou menos inteligente. Saber organizar informações burocráticas em série e ser programado roboticamente não faz de ninguém um ser humano repleto. Isso tudo só rende uma possível colocação relevante numa prova de vestibular, um êxtase momentâneo. A vida se aprende nas perdas. É perdendo a liberdade que a gente descobre que não se encaixa, é perdendo alguém que a gente descobre que não vale a pena lutar por futilidades, é perdendo o apoio que a gente descobre que o resto do mundo não para só porque nosso mundo parou. A gente vai aprendendo a viver assim, na marra, no grito, no sufoco, no impulso. Eu quis mudar o mundo, quis ser brilhante, quis ser reconhecida. Hoje eu quero bem pouco e prefiro me concentrar no agora do que planejar um futuro incerto. Eu me libertei da culpa e dei de cara com algo novo: não me encaixo, e aceito. Não é justo perder as asas no momento em que se descobre tê-las. É preciso poder voar, é preciso ter uma visão estratégica das janelas. Ver o sol e não poder tê-lo é absurdo.
Então eu deixo algumas coisas passarem incompletas porque tenho consciência de que certas palavras ainda não têm tradução. Por mais que eu grite, vai ter quem não entenda, não aceite. O que eu não aceito é ter nascido num mundo tão grande e conhecer só uma pequena parte. Vou voar. Quem conseguir compreender, que me acompanhe.
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Verônica H
sábado, 9 de abril de 2011
Não me indigno, porque a indignação é para os fortes; não me resigno, porque a resignação é para os nobres; não me calo, porque o silêncio é para os grandes. E eu não sou forte, nem nobre, nem grande. Sofro e sonho. Queixo-me porque sou fraco e, porque sou artista, entretenho-me a tecer musicais as minhas queixas e a arranjar meus sonhos conforme me parece melhor a minha idéia de os achar belos. Só lamento o não ser criança, para que pudesse crer nos meus sonhos.
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Fernando Pessoa
sexta-feira, 8 de abril de 2011
A verdade é que, enquanto você estiver assim, nessa interminável agonia, esperando notícias que nunca chegam, vai deixar passar várias possibilidades interessantes ao seu redor. Claro, ninguém se compara a quem você aguarda, mas quem você aguarda não está disponível no momento. Poderá, inclusive, nunca estar, apesar de tudo o que foi dito naquele dia. Pessoas que somem não são confiáveis.
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fernanda young
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava... e é assim que se rouba um coração, fácil não? Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples...
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
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Luís Fernando Veríssimo
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Sempre te amei, na verdade acho que me acomodei em te amar, sabe quando a gente faz de tudo, põe defeitos nas novas pessoas que estão aparecendo só para o amor que sentimos não sumir? Pois é, eu colocava defeito em todas, não queria deixar de te amar, mas ai apareceu uma pessoa que me tocou profundamente, e eu senti medo – o que sentia por ti já estava se modificando, sumindo – e percebi que só deixamos de amar uma pessoa quando somos tocados profundamente por outra.
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Cecília H
terça-feira, 5 de abril de 2011
O tempo e a distância
Sempre me disseram que se deve ser feliz de dentro pra fora. Pois se é assim, então eu não sou. Eu guardo sentimentos ocultos. Eu guardo melancolia. Eu alimento minhas nostalgia.
E em dias como hoje, desenterro todo o meu passado e brinco de voltar no tempo com as palavras. De mudar o que já acabou. De eternizar o que nem durou.
Talvez a vida seja mesmo isso. Guardar sentimentos.
Eu só não consigo entender como as pessoas conseguem com o tempo, simplesmente se desfazer de tudo isso. O tempo pra mim, não muda nada: Deixar as coisas mais distantes só faz com que a minha vontade de alcançá-las aumente.
Sinto saudade de tudo aquilo que já passou. De todos os cheiros, de todos os erros e de todos os medos. Dos amigos que se foram. Dos idiotas que me fizeram aprender o que é sofrer.
Sinto falta de caber no banco de trás do carro dos meus pais. Do meu primeiro colégio e das suas exigências sem fundamento. Da minha professora do infantil que me faz acreditar que eu era diferente.
Sinto falta de tudo aquilo que tive que deixar, de tudo aquilo que me deixou antes mesmo de chegar. Dos abraços e das lágrimas que eu não deixei cair. Da cor do meu quarto quando o sol batia pela janela. Da música que tocava naquela viagem de família.
Mesmo sabendo o final da história, eu não faria diferente. Eu faria de novo. Pra sempre.
(Depois dos Quinze)
E em dias como hoje, desenterro todo o meu passado e brinco de voltar no tempo com as palavras. De mudar o que já acabou. De eternizar o que nem durou.
Talvez a vida seja mesmo isso. Guardar sentimentos.
Eu só não consigo entender como as pessoas conseguem com o tempo, simplesmente se desfazer de tudo isso. O tempo pra mim, não muda nada: Deixar as coisas mais distantes só faz com que a minha vontade de alcançá-las aumente.
Sinto saudade de tudo aquilo que já passou. De todos os cheiros, de todos os erros e de todos os medos. Dos amigos que se foram. Dos idiotas que me fizeram aprender o que é sofrer.
Sinto falta de caber no banco de trás do carro dos meus pais. Do meu primeiro colégio e das suas exigências sem fundamento. Da minha professora do infantil que me faz acreditar que eu era diferente.
Sinto falta de tudo aquilo que tive que deixar, de tudo aquilo que me deixou antes mesmo de chegar. Dos abraços e das lágrimas que eu não deixei cair. Da cor do meu quarto quando o sol batia pela janela. Da música que tocava naquela viagem de família.
Mesmo sabendo o final da história, eu não faria diferente. Eu faria de novo. Pra sempre.
(Depois dos Quinze)
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amor
domingo, 3 de abril de 2011
Homens
Homens simplesmente não conseguem dizer que não estão mais afim, não conseguem por fim a uma relação. E por quê? Deus sabe.
Quando um cara está afim de você, não importa a carga horária que ele faça, ou quanto serviço ele tenha, em algum momento do dia ele vai encontrar um segundo que seja para pegar o celular e lhe mandar um SMS. Pode ser um “oi” apenas, mas ele vai encontrar uma forma de dizer que em algum momento do dia, lembrou de você.
Quando um cara está afim de você, não importa há quanto tempo se conhecem, ou quantas vezes vocês saíram, ele vai dizer que quer te ver de novo. Namoro? Rolo? Casamento? Qualquer coisa? Coisa alguma ? Não importa o que vocês estejam fazendo. Importa que ele precisa te ver, com urgência, prá ontem.
Muito antes de Sex And The City e “Ele não está tão afim de você”, nós já sabíamos que quando um cara está afim, ele simplesmente está. E ele? Bem, ele realmente não está afim. Ponto. É hora de partir para outra!
Quando ouvimos dicas sobre como transformar a ficada em namoro, a primeira da lista é fingir que não se importa. Teoricamente não devemos nos importar se ele diz que vai ligar no dia seguinte, mas não liga. Não devemos também demonstrar nossa decepção ao notar que ele sempre aparece fofo durante a semana, mas some misteriosamente nos fins de semana. Na verdade a lição é, banque a desinteressada e mesmo que sofra durante meses ao lado do telefone, no fim ele vai ficar com você e vai valer à pena.
Eu digo, não vale.
Não vale por vários motivos, mas vamos usar o mais óbvio. Se ele some aos fins de semana é sinal de que a relação de vocês, que ainda nem é uma relação, não prevê um contrato de exclusividade, logo, ele pode conhecer alguém, apaixonar-se e você só vai descobrir isso ao vê-lo na rua desfilando com sua nova namorada, e então irá se perguntar, por que não eu? Porque ela?
É fácil, ela se colocou em primeiro lugar desde o início. Ela também estava cool com a situação e bancou a desinteressada diante de algumas atitudes, mas quando ela percebeu que estava gostando dele e que estava perdendo tempo demais ao lado do telefone, resolveu dizer:
- Hey você, sei que me disse que não queria compromisso, e até o momento eu também estava gostando da situação, mas as coisas mudaram porque estou gostando de você e quero que fique. Não sou o tipo de pessoa que vai pegar no seu pé, mas também não esperarei mais ao lado do telefone. Neste momento preciso de alguém que fique. Vai ficar?
Se ele tivesse dito que não, ela teria partido feliz, por que embora carregue um coração partido, cedo ou tarde ele estará bem e ela poderá amar novamente. Ela não atenderia mais suas ligações e não responderia suas chamadas. O que ela teria perdido? Nada.
Você? Ainda estaria esperando ao lado do telefone.
Acredite, a lição mais importante sobre como conquistar pessoas, é conquistar primeiro a si mesmo.
(depois dos quinze)
Quando um cara está afim de você, não importa a carga horária que ele faça, ou quanto serviço ele tenha, em algum momento do dia ele vai encontrar um segundo que seja para pegar o celular e lhe mandar um SMS. Pode ser um “oi” apenas, mas ele vai encontrar uma forma de dizer que em algum momento do dia, lembrou de você.
Quando um cara está afim de você, não importa há quanto tempo se conhecem, ou quantas vezes vocês saíram, ele vai dizer que quer te ver de novo. Namoro? Rolo? Casamento? Qualquer coisa? Coisa alguma ? Não importa o que vocês estejam fazendo. Importa que ele precisa te ver, com urgência, prá ontem.
Muito antes de Sex And The City e “Ele não está tão afim de você”, nós já sabíamos que quando um cara está afim, ele simplesmente está. E ele? Bem, ele realmente não está afim. Ponto. É hora de partir para outra!
Quando ouvimos dicas sobre como transformar a ficada em namoro, a primeira da lista é fingir que não se importa. Teoricamente não devemos nos importar se ele diz que vai ligar no dia seguinte, mas não liga. Não devemos também demonstrar nossa decepção ao notar que ele sempre aparece fofo durante a semana, mas some misteriosamente nos fins de semana. Na verdade a lição é, banque a desinteressada e mesmo que sofra durante meses ao lado do telefone, no fim ele vai ficar com você e vai valer à pena.
Eu digo, não vale.
Não vale por vários motivos, mas vamos usar o mais óbvio. Se ele some aos fins de semana é sinal de que a relação de vocês, que ainda nem é uma relação, não prevê um contrato de exclusividade, logo, ele pode conhecer alguém, apaixonar-se e você só vai descobrir isso ao vê-lo na rua desfilando com sua nova namorada, e então irá se perguntar, por que não eu? Porque ela?
É fácil, ela se colocou em primeiro lugar desde o início. Ela também estava cool com a situação e bancou a desinteressada diante de algumas atitudes, mas quando ela percebeu que estava gostando dele e que estava perdendo tempo demais ao lado do telefone, resolveu dizer:
- Hey você, sei que me disse que não queria compromisso, e até o momento eu também estava gostando da situação, mas as coisas mudaram porque estou gostando de você e quero que fique. Não sou o tipo de pessoa que vai pegar no seu pé, mas também não esperarei mais ao lado do telefone. Neste momento preciso de alguém que fique. Vai ficar?
Se ele tivesse dito que não, ela teria partido feliz, por que embora carregue um coração partido, cedo ou tarde ele estará bem e ela poderá amar novamente. Ela não atenderia mais suas ligações e não responderia suas chamadas. O que ela teria perdido? Nada.
Você? Ainda estaria esperando ao lado do telefone.
Acredite, a lição mais importante sobre como conquistar pessoas, é conquistar primeiro a si mesmo.
(depois dos quinze)
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amor
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Para todos os amores errados
Sempre fui geniosa. Opinião forte, do tipo que defende quem ama e não leva desaforo para casa. Quando gosto fica estampado na minha cara. E quando não gosto meu sorriso não sabe usar máscara. Por mais que eu tente não consigo disfarçar. Quando vejo estou fazendo, ainda que sem querer, caras, bocas e caretas. É quase impossível controlar.
Nunca fui de beijar qualquer um. Sempre respeitei minha boca e meus sentimentos. As paixões iam e vinham rápido demais. Não me prendia a ninguém. Gostava do agito, do flerte, da sensação de seduzir, do poder. Acho que toda mulher tem esse lado: a gente quer ser diva, deusa, idolatrada, desejada. Faz parte do universo feminino. Os homens querem conquistar, nós queremos o desejo. A gente quer o desejo deles. Eles querem despertar o desejo. Dupla dinâmica, junta a fome e a vontade de devorar cada pedacinho.
Um dia me apaixonei loucamente. Não era amor, hoje eu sei. E hoje eu sei porque virei outra pessoa. Acho que o amor de verdade faz a gente se encontrar, se aceitar, dizer sim para o outro e para o espelho. Amor inventado, de mentirinha, de momento serve pra gente se transformar em alguém que não é. Difícil entender? Também acho, por isso precisei viver. Como eu já disse, as experiências dos outros nunca me serviram de lição, preciso cair, dar com a cara no paralelepípedo, me ralar inteira. Só assim aprendo, só assim consigo entender todas as partes do quebra-cabeça. Porque a vida da gente é isso: pecinha que junta em outra pecinha. E tudo vai tomando forma, tudo vai fazendo algum sentido (será?).
Então me apaixonei. É, eu tava apaixonada. Naquela época eu escrevia muito, uma necessidade horrenda de colocar tudo pra fora, de fazer ele entender meu quase amor. Eu passei a não fazer as coisas que gostava. Se ele gostava de rock eu gostava de rock. Se ele gostava de Paris ou Renda nas unhas, eu pintava de Paris ou Renda. Logo eu, que sempre gostei de cores escuras. Se ele gostava de morenas eu pintava o cabelo. Logo eu, que tenho a pele clara, sou sardenta e tenho cabelo claro. Se ele não gostava de decotes eu saía na rua vestida de astronauta. E assim fui indo. E um dia me olhei no espelho: cadê eu? Me perdi no meio de tudo, no meio dele, no meio de mim, no meio da história, no meio desse amor de mentira. Aquilo era irreal. Mas meu peito doía. Meu coração chorava. Eu sofria inteira. Inteirinha.
Cada vez que ele dizia vem eu ia. A cada palavra áspera dele eu me tornava mais e mais infeliz. E o pior de tudo é que gostava de ir me afundando nessa infelicidade. Me agarrava em momentos felizes, que eram raros. Só que eram bons. A gente tem a estranha tendência de ficar colada na parte boa. A memória nos trai. É difícil aceitar as coisas como são, colocar na balança e ver: me faz mais mal ou mais bem? O que ganha nessa conta maluca? É difícil tirar os óculos de coração e ver a vida como é, sem tempero, sem sal, sem mostarda, sem gosto nenhum: crua. E eu tinha medo, muito medo de perder ele. Podia me perder, mas perder ele estava fora de cogitação. Enlouqueci. Escrevi cartas. Bilhetes. Liguei. Chorei. Implorei. Pedia pelo amor de Deus, não me trata assim. Pelo amor de Deus, fica comigo. Pelo amor de Deus, me ouve. Pelo amor de Deus, vamos fazer dar certo, juro que pinto as unhas de Renda ou Paris, esqueço o decote, nunca mais falo palavrão, sim, pois moça de família não fala palavrão, nem tem opinião, é mandada pelo homem e acha tudo muito natural, meu senhor. Prometo ser a Amélia perfeita. Prometo não brigar, não ser eu mesma, não ter ataque. Pelo amor de Deus, não me deixa aqui sozinha.
Então ele casou. Com outra. E eu bebi uma garrafa de champanhe inteira. Da boa, porque tomar trago com bebida sem qualidade dá uma dor de cabeça maluca. Eu bebi, chorei, bebi, chorei, chorei e bebi. Tive a fase da raiva, da saudade, dos questionamentos. Por quê? Por que todo mundo tem um amor, um emprego, é feliz e eu sou uma azarada? Por que tem tanta gente cretina no mundo e eu, logo eu, sou tão legal com todo mundo e só me ferro? Por que a vida é tão injusta? Por que tudo que eu faço não dá certo? Depois dessas fases, tive a fase de brincar de estátua. Sim, a gente vira estátua. Não tem muita vontade de sair, de se divertir, de rir, de brincar, de nada. Normalmente é aquela fase das músicas bregas e filmes de chorar. Se é pra sofrer que seja com elegância, nada de limpar o nariz e secar lágrimas com papel toalha, vamos usar lencinho de papel. É mais suave e não irrita o nariz.
Demorou um tempo, mas passei a me enxergar. Primeiro, comecei a me valorizar mais. Segundo, fiz as pazes com meu espelho. Terceiro, descobri que quem me ama tem que gostar de cada pedaço podre meu. Eu tenho, você tem, todo mundo tem. A gente ama quando aceita o lado ruim do outro. Aceitar as qualidades é tão fácil. Na hora de conviver com cada defeito o bicho pega. E pega de jeito. Vi que não posso querer agradar. Vi que a minha melhor amiga sou eu. Vi que quem gosta de mim tem que me aceitar. A palavra é essa: aceitação. E pra começar qualquer coisa a gente precisa ter orgulho de quem é. Quando eu aceitei tudo isso e me encarei de frente, encontrei um barbudo de olhos verdes. Ele se transformou no amor da minha vida. E também não gosta de Paris ou Renda. Sorte a minha, sorte a nossa.
Nunca fui de beijar qualquer um. Sempre respeitei minha boca e meus sentimentos. As paixões iam e vinham rápido demais. Não me prendia a ninguém. Gostava do agito, do flerte, da sensação de seduzir, do poder. Acho que toda mulher tem esse lado: a gente quer ser diva, deusa, idolatrada, desejada. Faz parte do universo feminino. Os homens querem conquistar, nós queremos o desejo. A gente quer o desejo deles. Eles querem despertar o desejo. Dupla dinâmica, junta a fome e a vontade de devorar cada pedacinho.
Um dia me apaixonei loucamente. Não era amor, hoje eu sei. E hoje eu sei porque virei outra pessoa. Acho que o amor de verdade faz a gente se encontrar, se aceitar, dizer sim para o outro e para o espelho. Amor inventado, de mentirinha, de momento serve pra gente se transformar em alguém que não é. Difícil entender? Também acho, por isso precisei viver. Como eu já disse, as experiências dos outros nunca me serviram de lição, preciso cair, dar com a cara no paralelepípedo, me ralar inteira. Só assim aprendo, só assim consigo entender todas as partes do quebra-cabeça. Porque a vida da gente é isso: pecinha que junta em outra pecinha. E tudo vai tomando forma, tudo vai fazendo algum sentido (será?).
Então me apaixonei. É, eu tava apaixonada. Naquela época eu escrevia muito, uma necessidade horrenda de colocar tudo pra fora, de fazer ele entender meu quase amor. Eu passei a não fazer as coisas que gostava. Se ele gostava de rock eu gostava de rock. Se ele gostava de Paris ou Renda nas unhas, eu pintava de Paris ou Renda. Logo eu, que sempre gostei de cores escuras. Se ele gostava de morenas eu pintava o cabelo. Logo eu, que tenho a pele clara, sou sardenta e tenho cabelo claro. Se ele não gostava de decotes eu saía na rua vestida de astronauta. E assim fui indo. E um dia me olhei no espelho: cadê eu? Me perdi no meio de tudo, no meio dele, no meio de mim, no meio da história, no meio desse amor de mentira. Aquilo era irreal. Mas meu peito doía. Meu coração chorava. Eu sofria inteira. Inteirinha.
Cada vez que ele dizia vem eu ia. A cada palavra áspera dele eu me tornava mais e mais infeliz. E o pior de tudo é que gostava de ir me afundando nessa infelicidade. Me agarrava em momentos felizes, que eram raros. Só que eram bons. A gente tem a estranha tendência de ficar colada na parte boa. A memória nos trai. É difícil aceitar as coisas como são, colocar na balança e ver: me faz mais mal ou mais bem? O que ganha nessa conta maluca? É difícil tirar os óculos de coração e ver a vida como é, sem tempero, sem sal, sem mostarda, sem gosto nenhum: crua. E eu tinha medo, muito medo de perder ele. Podia me perder, mas perder ele estava fora de cogitação. Enlouqueci. Escrevi cartas. Bilhetes. Liguei. Chorei. Implorei. Pedia pelo amor de Deus, não me trata assim. Pelo amor de Deus, fica comigo. Pelo amor de Deus, me ouve. Pelo amor de Deus, vamos fazer dar certo, juro que pinto as unhas de Renda ou Paris, esqueço o decote, nunca mais falo palavrão, sim, pois moça de família não fala palavrão, nem tem opinião, é mandada pelo homem e acha tudo muito natural, meu senhor. Prometo ser a Amélia perfeita. Prometo não brigar, não ser eu mesma, não ter ataque. Pelo amor de Deus, não me deixa aqui sozinha.
Então ele casou. Com outra. E eu bebi uma garrafa de champanhe inteira. Da boa, porque tomar trago com bebida sem qualidade dá uma dor de cabeça maluca. Eu bebi, chorei, bebi, chorei, chorei e bebi. Tive a fase da raiva, da saudade, dos questionamentos. Por quê? Por que todo mundo tem um amor, um emprego, é feliz e eu sou uma azarada? Por que tem tanta gente cretina no mundo e eu, logo eu, sou tão legal com todo mundo e só me ferro? Por que a vida é tão injusta? Por que tudo que eu faço não dá certo? Depois dessas fases, tive a fase de brincar de estátua. Sim, a gente vira estátua. Não tem muita vontade de sair, de se divertir, de rir, de brincar, de nada. Normalmente é aquela fase das músicas bregas e filmes de chorar. Se é pra sofrer que seja com elegância, nada de limpar o nariz e secar lágrimas com papel toalha, vamos usar lencinho de papel. É mais suave e não irrita o nariz.
Demorou um tempo, mas passei a me enxergar. Primeiro, comecei a me valorizar mais. Segundo, fiz as pazes com meu espelho. Terceiro, descobri que quem me ama tem que gostar de cada pedaço podre meu. Eu tenho, você tem, todo mundo tem. A gente ama quando aceita o lado ruim do outro. Aceitar as qualidades é tão fácil. Na hora de conviver com cada defeito o bicho pega. E pega de jeito. Vi que não posso querer agradar. Vi que a minha melhor amiga sou eu. Vi que quem gosta de mim tem que me aceitar. A palavra é essa: aceitação. E pra começar qualquer coisa a gente precisa ter orgulho de quem é. Quando eu aceitei tudo isso e me encarei de frente, encontrei um barbudo de olhos verdes. Ele se transformou no amor da minha vida. E também não gosta de Paris ou Renda. Sorte a minha, sorte a nossa.
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Clarisse Corrêa
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