segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
O que fica é a lembrança
Querendo dar
domingo, 30 de janeiro de 2011
1000 dias com ele
questionamentos de um dia sem fim
sábado, 29 de janeiro de 2011
Se eu pudesse escolher
O amor acontece por algum motivo, deve dar alguma coisa lá dentro, uma parte se desconecta, não sei, dá aquele tchun. Olá, bem-vindo. De vez em quando nem sabemos lidar com ele, agir. Mas existe uma coisa certa: uma hora ele aparece. E quando vem, prepare-se, vem com tudo. Arrasa. É tipo um tsunami. Uma mistura de dor boa e ruim. Mas é dor, fique esperto. É dor, isso é certo.
Só que eu escolheria você. Você que tem esse jeito desajeitado. Esse encanto desencantado. Essa melodia desafinada. Esses erros tão errados. Esses acertos tão acertados. Você que me entende, desentende, briga, faz as pazes, ama, desama, está junto, foge. Você que senta ao lado e sai correndo. Que é puro e meio pagão. Desconfiado e pé no chão. Sincero e verdadeiro. Importante e especial. Valente e traiçoeiro. Você que chegou e destruiu qualquer resistência que eu pudesse vir a ter.
Se eu pudesse escolher, escolheria você. Você, que me deixa viva e morta. Morta-viva. Feliz e infeliz. Contente e descontente. Alegre e criança. Pura e selvagem. Inocente e indecente. Amada e odiada. Você, que me faz ter todas as sensações do mundo.
Simplesmente você. Você, que eu amo. Você, que trouxe mais sentido e alegria. Você, que fez com que eu descobrisse novas partes de mim. Você, que faz com que meus dias sejam melhores.
Você, que faz os meus minutos valerem a pena. Escolheria você. Escolho você. Sempre.
Diferenças e semelhanças
Paixão você já teve, amor você não acha: ele te invade. Paixão se confunde com amor, amor não se confunde com paixão: a gente sabe quando ele nasce. Paixão alucina, te faz matar e morrer. Amor encanta, te faz viver e morrer. O amor é imortal. A paixão não.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
lembra?
Tu sabias exatamente quando eu estava precisando de um colo. De um ombro. Ao escutar a minha voz, sabia se eu estava bem ou não. Sabias a hora de falar e de calar. Conheci todos os teus tipos de olhares e sorrisos. Lembro de cada um deles. Conheci teus defeitos, tua mania de me provocar só pra me deixar irritada porque tu adoravas me ver braba. Falávamos sobre filmes, livros e lugares do mundo que gostaríamos de conhecer. Planejávamos nosso futuro juntos. Imaginávamos como seria nossa filhinha e nosso apartamento. Gostávamos de ficar jogando joguinhos bestas e ir ao cinema. Comer ouro branco e ferrero rocher, era o teu preferido.
Contigo aprendi a não ter medo do futuro, a não me prender ao passado, a perdoar os erros dos outros. Aprendi a perdoar os teus erros. Os meus erros. Aprendi que não é coisa de criança ter medo do escuro e de trovões. Aprendi que não se deve viver numa redoma de vidro, temos que sair da toca. Aprendi que não adianta, não sei desenhar mesmo! Aprendi que precisamos valorizar, todos os dias, quem amamos. Falar. Dizer. Verbalizar. Expor. Escancarar. Dar a cara pra bater. Descobri que ser doce não significa ser grudenta. Ser gentil não significa ser um capacho. Ser sincera não significa ser cara-de-pau. A coisa mais importante que aprendi contigo foi o significado do sentimento mais puro e nobre que uma pessoa pode possuir por outra: o amor.
Eu preciso muito te agradecer. Mas não tenho como. Mesmo assim, obrigada. Jamais vou te esquecer, parte de mim vai te amar pra sempre. Sei que o nosso pra sempre nunca acaba. Lembra? Eu lembro de tudo. Desde o momento em que eu acordo até a hora em que vou dormir. Sinto saudades. Saudades do que fomos um dia. Fomos muito. Fomos muitos. Parte de mim, aquela que vai te amar pra sempre, é meu todo hoje. Não me imagino vivendo sem a gente.
categorias masculinas
Homens-Banana: olhar, sorriso, olhar, sorriso, olhar, sorriso. Às vezes varia, sorriso, olhar, sorriso, olhar. Atitude zero. Mil olhares. Mil sorrisos. No atitude.
Homens-Alisabel: te alisam, alisam, alisam e nada. Aqueles que te elogiam, dão em cima, provocam e não fazem nada mais além disso. No nada.
Homens-Jason (vi essa numa comunidade do orkut): psicopatas. Quando a gente pensa que eles morreram, aparecem com um machado na mão. Yes machado!
Homens-Gato: os que têm sete vidas. Já fizeram a passagem, partiram desta para melhor, mas insistem em ressurgir. Miau.
Homens-Picareta (aprendi com um amigo): são os safados mesmo. Esse tipo é fácil de encontrar por aí dando sopa. Ordinários, cretinos, cachorros, fdps, salafrários, canalhas, filhos da mãe! Yes safadeza!
Homens-Trident: os que grudam na sola do scarpin. E não há jeito nem reza forte pra despachá-los.
Homens-Aurélio: palavras, palavras, palavras. No ação.
Homens-Político: prometem, prometem, prometem. E ficam na promessa. Pra ganhar a eleição fazem de tudo e quando estão no poder colocam tudo a perder. Esqueceram do velho "promessa é dívida".
Não quero falta de atitude, elogios que não passam de elogios, alguém com um machado na mão atrás de mim, mortos-vivos, cretinice, chiclete, palavras, promessas. Estou farta de promessas. Cansada de palavras. E de mentiras. Quero verdades. E um homem cavalheiro.
Homens-cavalheiros são os que têm atitude. Fazem elogios quando têm vontade, não pra iludir. Nas mãos trazem tulipas, não um machado. Não grudam, dão espaço. Não colam, mas abrem a porta do carro. Principalmente, os homens cavalheiros não fazem promessas a troco de nada. E sim promessas a troco de tudo. Olham nos olhos, falam o que pensam e não têm medo do que sentem. Se permitem sentir de forma transparente e clara.
P.S. esqueci de incluir os homens-cachaça: aqueles que já ocuparam um baita lugar no nosso coração. Vício que tentamos diariamente largar. Nos embriagam. E deixam uma senhora ressaca. Não há neosaldina que resolva o caso no dia seguinte! Dão uma dor de cabeça desgraçada. "Mantenha distância".
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
coisas que só a gente sente
O que eu não aceito
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Há muitos em quem o desasseio não é uma disposição da vontade, mas um encolher de ombros da inteligência. E há muitos em quem o apagado e o mesmo da vida não é uma forma de a quererem, ou uma natural conformação com o não tê-la querido, mas um apagamento da inteligência de si mesmos, uma ironia automática do conhecimento. Há porcos que repugnam a sua própria porcaria, mas se não afastam dela, por aquele mesmo extremo de um sentimento , pelo qual o apavorado se não afasta do perigo. Há porcos de destino, como eu, que se não afastam da banalidade quotidiana por essa mesma atracção da própria impotência. São aves fascinadas pela ausência de serpente; moscas que pairam nos troncos sem ver nada, até chegarem ao alcance viscoso da língua do camaleão. Assim passeio lentamente a minha inconsciência consciente, no meu tronco de árvore do usual. Assim passei o meu destino que anda, pois eu não ando; o meu tempo que segue, pois eu não sigo.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
nossos medos
Procura-se um lado zen
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Gente, desculpa pela demora de postar aqui.
Estou meio sem tempo, pois minha filha nasceu *----* ( dia 22.01.2011)
Mais agora estou de volta, vou continuar postando novamente, todos os dias.
Beijos para vocês.
carta do ex para ex
Ass: Seu Ex-marido.
Resposta: Querido ex-marido, nada me fez mais feliz do que ler sua carta. É verdade, ficamos casados por 7 anos, mas dizer que você foi um bom marido é exagero. Vejo a novela para não lhe ouvir resmungar a toda hora. Reparei que não assistiu futebol, mas com certeza, foi porque seu time tinha perdido e você estava de mau humor. A churrascaria deve ser a preferida da amiga Júlia, pois não como carne há dois anos. Fui dormir porque vi que a cueca estava manchada de batom. Rezei para que a empregada não visse. Mas, com tudo isto, ainda o amava e senti que poderíamos resolver os nossos problemas. Assim quando descobri que eu tinha ganhado na Loteria, deixei o meu emprego e comprei dois bilhetes de avião para o Taiti, mas quando cheguei em casa você já tinha ido. Fazer o quê? Tudo acontece por alguma razão. Espero que você tenha a vida que sempre sonhou. O meu advogado me disse que devido à carta que você escreveu, não terá direito a nada. Portanto, se cuida! P.S. Não sei se lhe disse, mas a Julia, minha ‘melhor amiga’, está grávida do Jorginho, nosso personal. Espero que isto não seja um problema…
Ass: Milionária, Gostosa e Solteira
e a saudade bate..
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
O celular
Mas então, ela se viu em uma situação diferente, resolveu caminhar até a areia da praia, pois se ele chegasse no local combinado e não a encontrasse, certamente ele ligaria e perguntaria por onde ela estava. Então ela foi e logo estava com os pés molhados de água salgada. Percorreu boa parte da praia com a cabeça limpa e livre de pensamentos, decidiu apenas curtir o momento. Mas de repente lhe veio a cabeça que talvez simplesmente ele não viesse encontrar ela, nem ligasse. Nem procurasse por ela por um longo tempo ou nunca mais procurasse. E sumisse da cidade e esquecesse de todas promessas que fez a ela ou talvez já não quisesse cumpri-las. “- e ai?” pensou ela.
O que ela faria se tudo que ela acreditava, sonhava e vivia com ele e por ele, de repente não fizesse sentido pois ela estaria só, com seus medos e pesadelos doloridos? E se agora, de uma hora pra outra, ele desistisse de tudo e fosse morar nos EUA e tentar uma vida nova? E se ele nem se importasse em avisar? E o pedido de casamento que ela esperava a tempo, mesmo sem nem saber se aquilo podia ser chamado de ‘relacionamento’? E o futuro que tinha planejado e imaginado?
O vento soprava mais forte e ela perdida em seus pensamentos.
Foi então, que ela imaginou a situação contrária. E se quem simplesmente mudasse de rumo fosse ela? Sim, todas as lembranças tristes que ele lhe causou, podiam ter uma conseqüência desse tamanho. O futuro seria diferente sem ele, talvez ela já não quisesse um casamento e uma gritaria de crianças no jardim. Ela poderia estudar Inglês fazendo intercâmbio e sua mãe gostaria muito disso. Ou então ela faria outro curso na faculdade, porque apesar do Direito, ela sempre gostou da Biologia. Quem sabe ela pudesse viajar pra Grécia e aproveitar com alguns amigos ou ficar em casa mesmo curtindo a família. Poderia também aparecer outro cara, que lhe chamasse pra sair e ela gostasse da idéia. O futuro poderia ser promissor sem ele, talvez no fim das contas ela esquece de todos beijos, todos carinhos, do sorriso angelical que ele tinha, da maneira como fazia amor e a chamava de ‘meu bebê’. Talvez o jeito inconseqüente dele nem fizesse tanta diferença e o charme dele, de ‘homem-fatal’ nem fosse tão sensual assim.
Ou aquela voz safada no ouvido, que era muito convidativa pra uma noitada de loucuras, nem fosse tão sedutora assim como ela pensava. E esse “futuro promissor”, daqui alguns anos fizesse ela esquecer do quanto a sua TPM deixava ele irritado. E esquecesse também, de todas as vezes que ela brigava e fazia pose, só pra depois ele a encher de mimos. O tempo mudaria muita coisa. Trocaria muita coisa de lugar.
E cada lembrança do cheiro da pele dele, do suor dele, do hálito dele, da fome que ele tinha depois do sexo, do quanto ele dormia durante o filme e perguntava depois o que tinha acontecido, das conversas até de manhã, do abraço confortante que ele tinha, das sensações loucas que ela tinha com ele, dos sentimento bons que emanavam dele e do amor doentio e desvairado que tinham um pelo outro fosse apagado também. Sem dúvida ela começaria um tempo novo pra si mesma, mesmo sem saber se poderia se recuperar de cada cicatriz dessa relação boa e ruim...
O celular toca e tira ela do mundo onde se encontrava. Era ele. Sempre foi ele e sempre vai ser. Agora, pra ela, já não importava o quão promissor o futuro poderia ser sem ele, porque não seria um futuro.. não seria nem uma vida se quer.
“- Alô?” disse ela.
“- Oi, te deixei esperando tempo demais?” perguntou ele.
E então ela percebeu que a voz vinha detrás dela, então se virou e ficou imóvel admirando o real futuro que ela desejava e todo esplendor que ele trazia quando estava por perto, fazendo ela brilhar.
Em um segundo ele tomou ela nos braços e a deitou na areia.
E pronto. Bastava.
Ele, mesmo sem nem imaginar o que ela havia imaginado e pensado antes, proferiu as seguintes palavras: “- Eu nunca vou a lugar nenhum, meu lugar, meu caminho, meu futuro é você”.
Mil atmosfera
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Mulher que não repete não é mulher
Adeus idiota!
No dia em que você me ignorou, no dia que você me desprezou, no dia que você mandou a sua mãe por um fim na gente e em tudo que talvez a gente poderia ter sido, no dia que você me expulsou da sua vida e fez com que eu carregasse essa culpa durante muito, muito tempo, nesse dia, o encanto, os mistérios, os desejos, o carinho e tudo que girava em torno de você no mundo que eu inventei, foram lentamente absorvidos, assim como a gente aprende que o buraco negro faz com os outros corpos. Porque você nunca pode assumir que o nosso final era ali? Porque você tirou de mim o direito de me explicar? Porque você não relevou o meu erro, assim como eu já relevei os seus? Porque você tirou o meu chão em uma das épocas que eu me julgava o ser mais feliz do universo? Porque você fez com que eu ficasse imaginando o que você estava fazendo e isso só me angustiasse mais? Porque você tem essa cara de "passado bom" que repele o meu olhar de "saudade"? Você era o meu tudo, mesmo que tivesse estipulado que ninguém pode ser o tudo de ninguém e que seis meses não é tempo o suficiente para gostar. Porque eu tenho a impressão, quando sem querer, meus olhos me traem e os nossos se cruzam que você tem muitas coisa para me dizer mas seu orgulho imbecil, assim como você naquele dia, não deixa? Pois bem, engasgue com o seu orgulho e se possível se sufoque. Se sufoque no seu orgulho porque foi ele que me sufocou durante muito tempo. Mas antes de você se sufocar, se lembre que eu sempre fiz tudo que estava ao meu alcance para ter você comigo, desde quando começamos, até quando você terminou comigo. Eu sempre tentei dar o melhor de mim pra você, eu juro. Mas tudo bem, bola pra frente .. vou ser muito melhor do que era e depois de dar esse melhor pra mim mesma, poderei dar para outra pessoa, que com certeza, será muito melhor do que você.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
O único lugar pra sempre
Mesmo sabendo que eu colocaria em risco essas coisas que faço e me soam tão bem. O Pilates, por exemplo, que faço às terças e quintas duas horas após almoçar na minha mãe. Isso me parece um pedaço agradável de uma agenda encantada, dias felizes, nada demais. A aula de dança das segundas e quartas, a acupuntura da sexta, a análise quinta cedinho, o parque do sábado a hora que der na telha, o japonês com a Letícia, meu emprego na televisão e na editora que me permitem mandar em boa parte do meu tempo sem ser, por isso, uma louca duranga, o costume de escrever até tarde ouvindo Beck ou Antony and the Johnsons, os mocinhos que aparecem, com intervalos de dez ou vinte dias, e me abastecem de um gostar possível e descartável, algum bar chato que serve pra me tirar de casa e até mesmo rir de um ou outro ser humano mais parecido com o que eu acho que deveria ser um ser humano. Nada disso me soa banal e aprendi mesmo a chamar de minha vida. Agora serão dias achando tudo idiota e até mesmo medíocre. O Pilates, os almoços em família, os bares, tudo uma tortura. Ainda assim, mesmo sabendo que depois é cheia de dor que carrego minhas horas, ainda assim eu cortei o cabelo um dia antes e comprei uma jaquetinha preta em promoção. Ainda que sentir de verdade pareça uma outra vida, às vezes cansa viver dentro das coisas que invento. Com você, mesmo eu inventando tudo também, dá pra ter essa sensação de desordem, atropelamento, vida dizendo e não minha cabeça falastrona. Mesmo sendo ofensivo pra minha existência que pessoas como você existam. Mesmo que sua tristeza e preguiça e desistência mostrem pra minha frescura de sentidos como tudo pode ser amargo e pior: mostre que tudo sempre foi e eu é que, vai ver, sou forte ou abençoada demais pra não sucumbir. Mesmo que sua alegria nunca seja por mim. E que sua alegria torne, quando por mim, minha vida intolerável. Sua existência é um absurdo e isso é a maior verdade que me vem à mente quando penso em você ou estou ao seu lado.
Passamos a tarde juntos. Foi leve e eu estava quieta, coisa que nunca aconteceu nenhuma das vezes que saímos. Eu estava sempre histérica e hoje eu estava muito quieta, até demais. Talvez seja porque eu não tenho mais a euforia louca de ser amada. Eu piro quando alguém me ama e ao ver em você a calmaria dos vencedores corriqueiros, larguei o corpo. Acabou sendo boa, a sensação de tarde ordinária, encontro ordinário. Eu pude habitar o papel de amiga caminhando ao lado, uma forma de ouvir por perto sua respiração pigarrenta que amo como se fosse o único sopro saudável do mundo. Eu permaneci e isso foi diferente, triste, insuportável, mas possível. Como os mortos que ficam em qualquer lugar, até mesmo embaixo da terra. Morto não deseja e por isso mesmo permanece. Acho que seu desejo morreu e talvez o meu também, já que boa parte desse amor enorme que eu sentia e sinto por você, vinha e venha da minha alegria desmesurada em me sentir amada pelos meus próprios sonhos. Você encerrava em mim eu mesma e era uma loucura tudo, como eu sentia, como eu queria me vomitar e ensanguentar e explodir e rodopiar em mim até furar o chão como uma broca desgovernada e depois sair derrubando o mundo como o único pião que sabe a verdade e precisa chacoalhar seu entorno pra não enlouquecer sozinho. Era uma loucura tudo. Mas a morte, o fim, nós, andando calmos, ao lado um do outro, isso me permitiu estar de alguma forma sem querer habitar cada instante do estar e para isso me retirando o tempo todo. E isso pode ser viver mas viver é terrível. E antes, quando eu não sabia viver e me sentia amada, era ainda mais terrível. Daí que sobra essa sensação de uma solidão filha da puta mil vezes pois em nada dá pra ser com você. E tudo bem, não é você, nunca foi, mas escuta a maluquice: é que nada disso impede que eu sinta um amor absurdo por você.
Me peguei uma hora, olhando você, andar, tão feinho, seu ombro encolheu um pouco, cada dia que passa mais e mais é uma concha o que você se torna. Dessas que é mentira a pérola e o som do mar, mas eu os vejo, o tempo todo. Você andando desse seu jeito meio de louco, que chacoalha a cabeça. E se veste mal quando pouco se importa, eu sei, eu entendi. E a manga suja de café. A roupa bege da cor de tudo que é você. Você é tão errado e cheio de estragos. E me peguei olhando pra tudo isso e amando tanto, tanto, tanto. Como se nada mais no mundo fosse tão bonito ou correto ou mesmo perfeito porque perfeito é o que não tem mesmo cabimento. O resto nem existe porque vemos ou explicamos.
Na sua varanda sem céu, certa vez, você se sentou naquela cadeira sem fundo. Me colocou no seu colo e me deu o abraço que disparava corações em mim como se eu tivesse um em cada nó de veia. E me disse, com sua voz tão bonita, a mais bonita que eu já ouvi, que eu tinha subido todos os seus andares. Eu entendi que você era o homem da cobertura de aço e eu uma espécie rara de passarinho que tinha algum tipo de chave que se autodestruiria em poucos segundos. E eu entendi também que agora que tinha chegado ali, só me restava pular, já que ninguém aguenta o alto tão alto muito tempo. A vertigem que era o nosso amor. Minhas olheiras, meu cansaço, meus quarenta e dois quilos. Eu poderia morrer porque você tinha uma carninha mais mole atrás da sua orelha direita e isso me impossibilitava, dia após dia, que eu vivesse sem sentir você o tempo todo. Mas quem é mesmo que morre dessas coisas?Não, não podemos, com tanta coisa pra fazer, os meninos de dez a vinte dias, os bares, e almoços, o Pilates, a dança, os empregos, escrever, tudo isso que é minha vida antes e depois de você.
Tudo isso que daqui a pouco, quando a sensação desgraçada de absurdo e solidão passar, tudo isso volta, se acomoda, a agenda mágica, o gostosinho no peito, esquecer você todo dia um pouco pra vida e todo dia muito pro dia. Mas agora, hoje, guarda isso, eu amo demais você. Por que escrevo? Porque é a minha vingança contra todas as palavras e sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale de nada. Toma esse texto, o único lugar seguro e eterno pra gente.
Queria saber onde estão aquelas pessoas de verdade, que a gente não compra mas também não vive sem. Aquele amigo que mudou para o outro lado do mundo mas você não pensa duas vezes antes de pegar o carro, o ônibus ou o avião e fazer uma visita. Só olhar para ele, sentar ao lado, ouvir a voz, faz tudo ficar mais feliz. Algumas pessoas simplesmente valem a pena. Queria saber onde é que está aquele tipo de namorado que você não veste para se exibir mas despe para provar só pra si mesmo o quanto é feliz. Que você não desfila ao lado, mas leva dentro do peito. Que você não compra, consome, negocia ou contrabandeia. Mas se surpreende quando ganha de presente da vida. Aquele tipo que você não usa para ser alguém e justamente por isso acaba sendo uma pessoa muito melhor. Não culpo pessoas, lugares e sentimentos que se vendem e muito menos me culpo por viver pra cima e pra baixo com minha sacolinha de degustações frugais. É o nosso mundo moderno cheio de tecnologias e vazio de profundidades. Mas hoje, só por hoje, vou sair de casa sem minha bolsa. Vamos ver se acabo conhecendo alguém impagável.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Eu preciso saber
Facebook, a desgraça em formato de parquinho virtual. Nome dele, aparece a foto azulada e ele de perfil. É tão bonito. Mas não há mais nada que eu possa ver. Nos deletamos mutuamente pra evitar justamente esse tipo de inspecão noturna.
Mas isso não vai ficar assim. Ligo pra nossa amiga em comum. Ela não atende, afinal, são duas da manhã. Mando mensagem "me manda sua senha do Facebook agora ou vou ficar te ligando até amanhã cedo". Ela manda a senha e um palavrão. Acesso. Vamos ver. Eu preciso saber. Eu preciso. Então vejo que ele não posta nada há cinco semanas. Fotos, fotos. A única foto nova é o flyer de uma festa que eu fui e ele não estava. Nada.
Jogo o nome dele no Google. Aparece uma foto dele alcoolizado dando entrevista em uma festa de mídia. Como é lindo. Tento o Twitter mas ele só escreve piada de político. Tento o Facebook, Twitter e blogs de amigos. Está ficando tarde. Se eu tivesse essa mesma concentração e minuciosidade e empenho e energia para o trabalho estaria rica. Estou retesadamente motivada e atenta. Mas não consegui nenhuma informação e eu ainda preciso saber.
São seis da manhã. Estou cansada. Coloco a música de quando você forçou a porta do quarto e entrou. Black Swan. Não sou boa de inglês como você, mas sei que é a história de algo que já começou fodido porque cresceu demais antes da hora, você que pegue um trem e suma daqui. Que bela música pra começar. Ok, agora estou chorando. Lembrei que eu me sentia tão viva com você me olhando bem sério e bem no fundo dos olhos e machucando meu braço. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e que amanhã, ou hoje, porque já são sete e meia da manhã, vou resolver isso. Agora preciso dormir só um pouquinho.
Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora, minha imaginação está indo toda para traçar um plano para que eu descubra. Descubra o quê? Não sei, mas sei que algo está acontecendo, ou eu não estaria assim. Porque eu sinto quando ele está com alguém, sabe? Eu sinto. Sim! A cartomante!
Ligo pra Zuleide. Você atende hoje? Mas é domingo, Tati! Atende? Só se for por telefone. Tá bom, então joga aí: ele está com alguém? Mas Tati, você quer mesmo saber isso? Quero, mulher. Eu preciso saber. Joga aí: ele está com alguma puta? Tati, eu não posso perguntar isso pras cartas. Pergunta aí: ele tá com alguma piranhuda desgraçada vagabunda vaca dos infernos? Zuleide pede desculpas e desliga. Preciso do Lexapro mas ele acabou há semanas, igual meu amor. E agora, de repente, preciso tanto dos dois novamente.
Você acha que ele está com alguém? Não sei, Tati, eu ainda tô dormindo, posso te ligar mais tarde? Você acha que ele está com alguém? E se estiver, Tati, quer ir ao cinema mais tarde? Você acha que ele está com alguém? Putz, sei lá, homem sempre tá comendo alguém né? Você acha que ele está com alguém? Tati, do jeito que ele gostava de você? Claro que não!
Chega, chega. Preciso me acalmar. Pra que isso? Se ele estiver com alguém agora, e daí? Terminamos não terminamos? Ele e eu não temos nada a ver, certo? Decidimos que era melhor assim, certo? Eu não tava bem com ele e nem ele comigo, certo? Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo? Então pronto. Chega. Adulta, adulta. Qual o problema se ele estiver agora, justamente agora, lambendo a virilhazinha de alguma desgraçada? Qual o problema? Ok, eu posso morrer. Eu definitivamente posso morrer. Chega, vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.
Tomo banho, me visto, pego a bolsa, entro no carro. Considerando que ele não mora em São Paulo, não sei exatamente o que eu pretendo com isso. Mas me faz bem enganar o cérebro e fazer de conta que estou indo atrás da verdade. Na verdade vou só na casa de outro, preciso fazer qualquer coisa que não seja sofrer, mas não consigo. O outro não conhece Black Swan, não ri da história da Zuleide, não me aperta o braço.
Volto pra casa, destruída. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de corações vermelhas atingiriam o Japão. Quase não consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele não atende. Ligo de novo. Ele atende falando baixinho. Você está com alguém? Estou. Desligamos. Pronto, agora eu já sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacões, descargas de adrenalina, músicas, textos, amigos, danças, gritos, sensações, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu já sei.
O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo só porque tenho tanto pavor do tédio. Era só isso o que eu precisava saber.
Apenas já não somos mais crianças e desaprendemos a cantar. As cartas continuam queimando. Eu tentei pensar em Deus. Mas Deus morreu faz muito tempo. Talvez se tenha ido junto com o sol, com o calor. Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltaraão. Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais.
Forever
E quando eu não tiver mais o seu colo pra chorar, e quando eu não tiver mais o seu abraço pra me confortar, seu beijo pra dormir e o seu 'beliscão' pra me trazer pro mundo real, me diz como vai ser quando você não estiver mais aqui? quem que vai ser o meu refúgio? pra onde eu vou correr quando o meu dia for ruim e quando no meio de uma balada me pegar sentindo sua falta? como é que vai ser quando eu acordar no meio da noite chamando o seu nome, olhar para o lado e não sentir você..seu abraço quentinho, seu perfume gostoso e a sua respiração na minha nuca? eu não quero deixar de viver todas as nossas aventuras, não quero deixar de deitar no seu peito ouvindo o seu coração, eu não quero ver você ir embora, mas também sei que não posso te impedir de crescer e ir atrás dos seus sonhos. Toda vez que olhar para as estrelas, não esquece que um dia agente quase contamos todas juntos no quintal da sua casa, não se esqueça do meu macarrão, dos domingo a toa e da nossa química perfeita. Sentirei saudades suas para sempre!
sábado, 15 de janeiro de 2011
Aniversário da sua ausência
Depois, em casa, quando eu dobrava direitinho o uniforme para o dia seguinte e me sentia um papel de parede bege que ninguém entende pra que serve, eu pensava: um dia um príncipe vai me levar pra longe dessa falta de vida, dessa falta de beleza, dessa falta de compreensão, dessa falta de cor, dessa falta de sei lá o que porque eu era novinha demais pra saber o que faltava. Esperar o raio do príncipe sempre disfarçou minha dor, sempre me refugiou dela. Mas quando você, me mandou seguir meu caminho sozinha, fiquei sem saber como fugir da dor. Você era meu príncipe. Depois de tantos amores estranhos, pequenos, errados e tortos, finalmente eu tinha reconhecido no seu olhar centralizado e no seu sorriso espalhado, o meu príncipe. E o meu príncipe estava me dando o fora. Que porra eu ia esperar da vida agora? Quem iria me levar para longe se você não me queria mais por perto? Não teve como. Foi a primeira vez na vida que não consegui me enrolar e acabei deixando a dor vencer. Pela primeira vez a realidade falou mais alto que a fantasia. Pela primeira vez a realidade da sua ausência falou mais alto que a fantasia de anos a sua espera. Sofri pra caralho, como diz por aí quem sofre pra caralho. Mais do que livros cabeças, músicas bacanas, frases inteligentes, lugares descolados ou posições sexuais, você me ensinou o que realmente importa aprender nessa vida: que a vida pode ser uma grande, imensa e gigantesca merda. É, ela pode ser. E que não existe porra de príncipe porra nenhuma. Que nem ninguém e nem nada pode te levar para longe de nada. É isso e pronto. E é assim pra todo mundo. E pronto. Qual o drama? A dor infinita dos dias infinitos que vieram depois do dia em que você se foi pra sempre veio misturada com toda a dor que eu não senti em todos esses anos.
A dor do seu pé na bunda trouxe vasos jogados, bitucas eternas de cigarros em longas discussões pesadas, tardes perdidas em odiar o mundo, cabeças viradas, corredores frios, papéis de parede beges e grupinhos festivos e fechados.A nossa dor acabou sendo toda a dor que fazia fila em mim para ser sentida. Mas agora já passa da meia noite. Não é mais nosso aniversário de fim e, pra te falar a verdade, eu já não sofro mais o nosso fim faz tempo. E pra te falar ainda mais a verdade, eu acho mesmo que você foi o príncipe que eu esperei a vida inteira. Você chegou e me levou embora. Levou embora a menina que tinha medo de sentir a vida e esperava uma salvação para tudo. Quem sobrou é essa desconhecida que se conhece muito bem em suas bizarrices, lê jornais todos os dias, substituiu o bege pela cor do verão, tem uns pais gente boa ainda que malucos, adora os poucos e estranhos amigos, não espera mais pelo cavalo branco mas fica ansiosa pelo início da novela e talvez esteja pronta para amar de verdade. Amar um homem e não um príncipe.
Vá embora
Talvez um dia você queira o meu corpo quente no meio da madrugada ou precise do meu beijo de bom dia antes do café da manhã; talvez um dia você espere muito ouvir a minha voz ao telefone ligando só pra saber se está bem; talvez um dia você precise do meu amor registrado como todo amor que se preze e quem sabe até sinta falta de todos os pequenos detalhes que eu valorizei incessantemente pra te fazer feliz; talvez um dia você descubra o valor de pequenas coisas que você poderia ter dito ou feito e simplesmente nunca se deu ao trabalho; talvez um dia cada uma dessas miudezas que um dia foram importantes pra mim sejam pra você, mas agora sou eu quem não dá a mínima pra elas.
Deve ter sido amor e talvez ainda seja, mas tá adormecido, está aonde você já não alcança, perdido no meio de tantas coisas que poderiam ter sido e não foram, entre tantas coisas que eu quis te dar, mas que você nunca pôde receber, entre todos os 'Sim' que eu dei em troca de cada um dos 'Nãos' que recebi.
Não tenho a intenção de ser pretenciosa, pode ser que você nunca sinta todas essas coisas que eu senti, pode ser que você nunca precise me provar nada, pelo menos não dá maneira como eu tenho que te provar tudo todo o tempo, talvez você nunca precise me reconquistar, mas se você precisar eu sei que será muito mais difícil do que foi e tem sido pra mim, porque não faz mais diferença. Entende isso? Verdade ou mentira, amor ou sexo, romance ou aventura.. nada faz mais diferença agora. Porque eu quis tanto ser tudo pra você e não consegui que agora o que me resta é ser nada (e olha que nem precisa fazer muito esforço).
Esqueça aqueles sonhos bobos, as viagens planejadas, os desejos pedidos.. esqueça tudo, porque eles ficaram guardados para alguém que os queira. Não relembre os planos, não tente resgatar as cartas que jogou no lixo, não se arrependa por cada pedaço dessa história que você deixou passar e acima de tudo, antes de qualquer coisa, não conte mais com a sorte ou com meu coração pra me trazer de volta, a sorte deixou de rir pra você no mesmo momento em que eu fechei as portas do meu coração.
Não espero te roubar lágrimas, porque já não me importo nem com as que fiz cair. Não espero que você venha atrás de mim, pra ser sincera, do fundo do meu coração, não venha. Não espero que sinta remorso ou saudade, porque eu não vou sentir. Não espero quase nada, apenas que devolva cada centavo de amor que eu te dei e vá embora.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Repito;
E tenho cuidado com as acusações de quem não me conhece.
Não coloco minha atenção em frases que me acusam injustamente.
Há muitos que vão feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.
Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dou ouvidos a quem me ama. Não me ocupo demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.
Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar.
Quero viver para fazer esquecer... Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto.
Não desista também.
Há mais beleza em construir que destruir.
Repito: só dê ouvidos a quem te ama.
Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo.
Só mais uma coisa. Não to preocupando tanto com o que acham de mim.
Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre eu revelo.
O que me salva não é o que os outros andam achando, mas é o que Deus sabe a meu respeito.