segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O que fica é a lembrança

Foi anteontem. O despertador tocou como de costume. Liguei o automático. Levantei, peguei as toalhas, fiz uma análise detalhada do clima e conferi se, por acaso, chuvas esparsas fariam parte do dia. Tudo isso influencia no modelito, você sabe. Liguei o chuveiro, senti a água quente castigando o corpo gelado. Choque térmico, arrepio na nuca, shampoo na cabeça. Lembrei de uma música que gosto, cantei baixinho. Mais uma rodada de shampoo e finalmente o condicionador se atravessou no caminho. Dois minutinhos e pronto, tirei tudo. Tem que enxaguar até o cabelo fazer o barulho-de-limpo. Sabonete, muita espuma, cheiro bom invadindo o banheiro. Aí eu tive uma ideia para um texto. Mandei ela se segurar, esperar eu desligar o chuveiro, me secar, tirar o excesso de água do cabelo, passar o leave-in, o creme para o corpo, o creme para a celulite, o creme para os pés, o desodorante e me vestir.
Nada feito. Minha memória é fraca, tenho amnésia temporária. Não sei se é doença crônica ou uma coisa passageira, mas minha memória não me sustenta. Ela é meio seletiva, escolhe o que entra no sistema. Isso me deixa furiosa. Terminei de me vestir, comecei a secar o cabelo e fui forçando a mente. Quase apelei pra agressão física, ameacei dar uns tapas, mas ela nem ficou com medo, mal se moveu, muito menos me entregou o que eu queria. Segui o dia.
Fui pra agência pensando que preciso me forçar a passar creme todos os dias. Em dias frios eu tenho preguiça e não passo, depois reclamo que a pele está ressecada. Desisti de brigar com a memória, resolvi deixar pra lá. Anotei em uma folha do bloquinho "passar creme todos os dias, senão depois tu fica choramingando que a bosta da pele tá seca, ô porcaria!". De vez em quando tenho que ter conversas sérias comigo. Cheguei no trabalho e estava bem desconfortável. Poxa, eu tinha tido uma ideia para um texto, como fui esquecer? Maldito banho, malditos cremes, maldita roupa, maldito secador, maldito shampoo. Passo a passo, recordei desde a hora em que coloquei o pé no banheiro. Lembrei da ideia. E, você pode não acreditar, mas o texto era sobre o poder da palavra escrita.
Amo cartas, cartões, bilhetes, frases coladas na parede. Qualquer manifestação escrita me atrai. Palavras me seduzem. De vez em sempre não sei falar, então escrevo cartas. Já escrevi muito para família, amigos e amores quando as palavras insistiam em fugir da minha boca. Na hora de escrever, é mágica, elas chegam, ficam e não querem mais sair. Escrevo muito, o tempo todo. Escrevo quando quero me desculpar, explicar, entender, demonstrar, viver. As palavras vivem para sempre, não as que saem da boca, mas as que entram no papel. Elas não morrem. E o mais importante é que todas as emoções podem ser revividas, basta uma leitura.
Releio o que me foi importante. Gosto, meu coração colore. Não é raro umas lagriminhas escaparem pelas frestas das minhas sardas. E eu me sinto bem. Reler uma carta é reviver uma época qualquer, mesmo que tenha sido a semana anterior. Quando escrevo uma longa carta para alguém prefiro que a pessoa me responda com uma carta também. Tem gente que resolve falar. Não gosto. Me comunico melhor através da escrita. Acho que meu coração só sabe ler, não sabe ouvir. Deve ser por isso que tenho a memória fraca e anoto palavras, frases, coisas. Assim tudo o que eu quero bem perto não foge de mim e não me perco. Fico pra sempre, escrita, marcada, relida e relembrada. E dessa maneira eu me reescrevo.

Querendo dar

Perdeu a graça. A vida inteira foi assim, é claro que tudo mudava de acordo com a fase ou o humor. Mudava com o que direta ou indiretamente influenciava. Sempre quis dar conselho, ombro, abraço, sorriso e patadas (é que você tem que incluir as disfunções e funções femininas no calendário. Uma patadinha aqui e ali, troca de ferraduras e muitos outros eteceteras). Mas perdeu a graça ser uma pessoa com tanto plural dentro.
Eu penso no outro, sou daquelas que se coloca no lugar. Por causa disso, às vezes perco o meu - ou alguém rouba sem a menor vergonha na face. Os plurais têm me enlouquecido. Muito, muito, muito, tanto, tanto, tanto. Eu e meus excessos excessivamente gigantes. Acho que nunca vivi um diazinho sequer no singular. Mesmo que eu aparente, ah, meu amigo, você não sabe o que se passa aqui dentro. Você e sua cara de perguntas. O que há, o que há. Nada. Mulher é triste. A gente fala, avisa, escreve cartaz, prende faixa, vomita palavras. Ninguém acredita, hein, como assim? Um dia a gente muda, tudo muda, não é mesmo? Não por falta disso ou aquilo, mas porque, poxa, me ouve. Sente o que eu falo, dá bola, te importa, fala sobre o assunto, escreve sobre o assunto, grita sobre o assunto, porra! Não deixa passar, é que uma hora, de tanto passar, passa, entende? Passa e não volta. E fica ali naquele lugar aquela coisa que aconteceu e não aconteceu. Que machucou mas a gente fica fingindo que nem doeu. Não volta, nada volta. Pelo contrário, o tempo só anda pra frente. E daí, de repente, você nem percebe que um dia aquilo machucou e a gente fingiu que nem doeu. Quem é plural que nem eu se dá muito. Pensamento, atenção, carinho, respeito, delicadeza. Quem é singular não entende o pacote de coisas. Mais do que isso: o singular não sabe se dar direito. Fica aquela interrogação. Cadê a atenção, o tempo, a palavra doce no ouvido, o telegrama não esperado? Cadê tudo? O plural, por ser tanto e tanto e tanto, acaba se sentindo encolhido e diminuído. E vai murchando. Uma flor, no começo, é colorida, firme, chama a atenção, é perfumada. Com o passar dos dias ela murcha, perde a cor, vai broxando. Uma hora você precisa jogar a flor no lixo. Ela morre, um dia morre, assim como a gente, assim como (dizem) os sentimentos mais lindos do mundo. Eu acredito em sentimento pra sempre, pra tudo, pra muito, pra pra pra. Porque acredito em sentimento, em coisa eterna, no blablablá de velhice lado a lado. Me desculpa, eu acredito. Pode ser tosquice, breguice, caretice, poxa, me deixa com a minha esquisitice. Se você coloca água na flor, protege do sol e cuida, ela dura mais tempo. Ela dura o tempo que você quiser, desde que queira. Sabe, eu sou plural, descobri. Já nasci querendo dar. Só tenho que lembrar que de tanto dar a gente pode acabar de mãos vazias.

domingo, 30 de janeiro de 2011

1000 dias com ele

Uma vez me falaram que amar é se jogar de um precipício sem saber se lá embaixo vai ter alguém para segurar a gente. Foi a melhor definição de amor que já ouvi. Eu, que escrevo tanto e leio tanta gente que fala dessas coisas que damos o nome de sentimento, nunca tinha escutado nada tão verdadeiro. Amar é isso mesmo. É se jogar e não saber. É se entregar sem ter certeza. Aos poucos, buscamos a certeza do amor. Porque o amor para ser amor precisa de certezas. A certeza do encontro, a certeza da continuidade, a certeza da presença, a certeza da verdade.
Demorei muito para me permitir. Me distraí durante muito tempo com paixões que não duravam mais que a lua minguante. Por algum tempo vivi uma relação extremamente conturbada e complicada. Na verdade, não sei se posso chamar de "relação". Era alguma coisa sem nome. Aquilo não me deixava em paz, me fazia mais mal do que bem, mas de alguma maneira eu continuava. Não entendo, a gente se boicota tanto. Sabemos que queremos e merecemos mais, mas continuamos insistindo em coisas sem sentido. Punição? Talvez. A gente demora para se permitir ser feliz. Deve ser por isso que as pessoas ficam tateando no escuro durante muito tempo até encontrarem a tal pessoa certa. Não sei se existe a pessoa certa, sei que existe uma pessoa certa para você. Essa pessoa, por mais errada que seja, é aquela que te dá vontade de continuar. Continuar lutando, vivendo, acordando, sorrindo. Tem gente que nos dá essa vontade, aquela vontade de ser melhor para a gente mesmo e para quem nos rodeia. Mas eu não queria, não me permitia, achava que daquele jeito estava bom.
Às vezes, não sou legal comigo, você não é legal com você. Cegos, não conseguimos enxergar. Confusos, não sabemos o que fazer. Covardes, não nos damos uma chance. Carentes, nos agarramos na primeira oportunidade. A carência nos tira a visão. A falta de visão nos emburrece. E assim vamos vivendo um dia após o outro, com um vazio que nunca sai de dentro e um olhar que procura e nunca acha.
Todo mundo tem que amar alguém um dia. Não tem como definir, é uma coisa muito louca e real. Um dia, com o coração cansado, decidi que só queria coisas boas. Sem migalhas, sem mentiras, sem máscaras. Para amar a gente tem que se despir de todos os artifícios. Então, resolvi ser mais amiga de mim. Aproveitar a minha companhia, me curtir, só procurar o que me fazia bem. Foi aí que, sem querer querendo, a gente apareceu um na vida do outro. Me deu um medo, um medo. Você sabe, eu sei. Queria fugir, sair correndo, desistir. Tentei de todas as formas (até bem pouco tempo atrás) encontrar motivos, fiapinhos do passado e farpas imaginárias para provar que não daria certo. Mais uma vez eu insisto: ser feliz dá medo e é muita responsabilidade. Fora o fato da gente não se sentir merecedor. Fora o fato de pensar meu-deus-tá-tudo-bem-tudo-perfeito-na-minha-vida-é-certo-que-vou-descobrir-um-câncer. A gente sempre pensa besteira por achar que não merece aquilo tudo.
Foi tudo em vão. Dia após dia o mundo, Deus, a vida, as coincidências, o destino ou sei lá, chame como você quiser, me mostraram que, sim, a gente tem um amor bonito e de verdade. Que já passou por turbulências, furacões, que de vez em quando recebe tempestades e trovões, mas que sempre dá um jeito de deixar o céu azul e o sol brilhando. Porque a gente gosta do tempo bom. A gente tem uma história que é só nossa, um amor que é só nosso, uma vida que é só nossa, uma família que é só nossa. Tudo nosso. E com você eu descobri que sempre posso ir mais além. Você me mostra umas partes que eu não conhecia. Me mostra uma força que eu não sabia que tinha. Um jeito maduro e ao mesmo tempo infantil de continuar vendo a vida. Me desarma com tanto bom humor. Me mostra coisas que não sabia. Me puxa para a realidade, pois nem só de sonho se vive. Existe uma troca bonita e, hoje, mais madura. É que já faz mil dias, amor. Mil dias que a gente se encontrou e nunca mais saiu de perto um do outro. Mil dias que ouvi o que você disse e me atirei do precipício. Ainda bem que a gente se jogou. Ainda bem que você esperou por mim. E eu por você.

questionamentos de um dia sem fim

Não entendo o que acontece comigo. Sofro por coisas que não são minhas. Quando vejo as pessoas sendo enganadas ou feitas de bobas me dá um nó na garganta, pois parece que é comigo. Sei que não sou a Protetora dos Coitados ou a Grande Santa dos Feitos de Otários, mas sinto que preciso fazer alguma coisa. Por isso, escrevo.
Quando eu era pequena sempre me disseram para falar a verdade. E assim eu vivo. Falo verdades sem pensar, às vezes machuco com a minha falta de jeito. Procuro ser mais polida, ter mais filtro, segurar as palavras dentro da boca e a impulsividade dentro do peito. Nem sempre dá, mas juro que me esforço. É claro que não vomito ou cuspo verdades na cara dos outros, não falo para machucar, mas às vezes essa falta de filtro dói em mim e nos outros. Um exemplo inesquecível: a primeira vez que meu namorado disse que me amava, ao invés de ficar quieta ou fazer uhum ou dar um jeito ou fazer qualquer outra coisa, eu disse olha-não-te-amo-ainda-mas-quando-eu-sentir-vou-te-falar. Hoje a gente dá risada disso, mas na hora ele ficou chateado. Nem me dei conta que fui insensível, preferi agir com meus princípios. Sabe o que é? Amor para mim é coisa séria. Acho que não deve ser dito um "eu também" se não vem do fundo. Tempos depois, no meio de uma conversa por telefone, percebi que amava ele. Desliguei e mandei uma mensagem "te amo". É, não sou muito convencional.
Me impressiono com o descaso das pessoas. Hoje em dia cada um olha para o seu umbigo e ponto final. Ninguém se preocupa com o que o outro pensa, sente, quer, necessita. As pessoas são egoístas, estão preocupadas demais com suas próprias vidas e com as aparências. Desejam ter, ter, ter, ao invés de aproveitar e saber enxergar as coisas simples.
A vida, meu Deus, é tão simples. A gente precisa viver o hoje com toda a força do mundo, pois o amanhã é uma interrogação. E se o mundo termina e se a gente termina e se tudo termina? Todos se preocupam em acumular coisas ao invés de viver essas coisas. E isso é triste demais.
Ando um pouco descrente. Não posso evitar, é mais forte que eu. Cadê o companheirismo, a amizade, o amor, a fidelidade, a lealdade, a camaradagem? Cada um cuida de si, cada um sabe de si, ninguém é capaz de esticar a mão, esperar o pedestre passar, dar bom dia, segurar a porta do elevador. Cadê a educação?
Em tempos de eleições, candidatos se fazem de coitados, falam mal uns dos outros, prometem aumentar o salário mínimo, oferecer condições melhores de saúde, segurança e educação. Burros, não entendem que o foco de tudo é não-faça-com-o-outro-o-que-você-não-quer-que-façam-com-você. Isso devia ser disciplina obrigatória na escola. Quem sabe assim o mundo seria um lugar melhor para a gente viver.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Se eu pudesse escolher

Alguns dizem por aí: "se eu pudesse escolher, blá blá blá". Eu rebato, grito, bato o pé e anuncio: se eu pudesse escolher, não escolheria blá blá blás e desculpas furadas. Escolheria você.
O amor acontece por algum motivo, deve dar alguma coisa lá dentro, uma parte se desconecta, não sei, dá aquele tchun. Olá, bem-vindo. De vez em quando nem sabemos lidar com ele, agir. Mas existe uma coisa certa: uma hora ele aparece. E quando vem, prepare-se, vem com tudo. Arrasa. É tipo um tsunami. Uma mistura de dor boa e ruim. Mas é dor, fique esperto. É dor, isso é certo.
Só que eu escolheria você. Você que tem esse jeito desajeitado. Esse encanto desencantado. Essa melodia desafinada. Esses erros tão errados. Esses acertos tão acertados. Você que me entende, desentende, briga, faz as pazes, ama, desama, está junto, foge. Você que senta ao lado e sai correndo. Que é puro e meio pagão. Desconfiado e pé no chão. Sincero e verdadeiro. Importante e especial. Valente e traiçoeiro. Você que chegou e destruiu qualquer resistência que eu pudesse vir a ter.
Se eu pudesse escolher, escolheria você. Você, que me deixa viva e morta. Morta-viva. Feliz e infeliz. Contente e descontente. Alegre e criança. Pura e selvagem. Inocente e indecente. Amada e odiada. Você, que me faz ter todas as sensações do mundo.
Simplesmente você. Você, que eu amo. Você, que trouxe mais sentido e alegria. Você, que fez com que eu descobrisse novas partes de mim. Você, que faz com que meus dias sejam melhores.
Você, que faz os meus minutos valerem a pena. Escolheria você. Escolho você. Sempre.

Diferenças e semelhanças

A paixão te cega, o amor te faz abrir os olhos. A paixão divide, o amor soma. A paixão te faz ficar dependente; o amor é droga, mas é um vício saudável. A paixão dá insônia, o amor te traz bons sonhos. A paixão é flutuante, o amor vem de dentro. Paixão muda, amor não sai de moda. Paixão afasta amigos, amor faz reunião. Paixão se dá, amor se faz. Paixão apaga, amor acende. Paixão é histeria, amor é montanha-russa. Paixão é loucura, amor é bipolar em tratamento. Paixão é fullgas, amor é contínuo. Paixão é fugaz, amor é pra valer. Paixão faz rir, amor faz chorar. Paixão é definida, amor é imensidão. Paixão é pra já, amor é paciente. Paixão não tem hora, amor não tem educação. Paixão é fraca, amor é forte. Paixão tem força, amor tem fraqueza: se entrega. Paixão morre, amor não cansa. Paixão economiza, amor é mão aberta. Paixão é egoísta, amor é doação. Paixão é artifício, amor é sacrifício. Paixão é jogo; amor se dá, se ganha, empata, é troca. Paixão tem término, amor se renova. Paixão tem prazo de validade definido, amor é eterno. Paixão não tira pedaço, amor dói. Paixão é silenciosa, amor é barulhento. Paixão é samba, amor é jazz. Paixão é relâmpago, amor é mar. Paixão é dia, amor são anos. Paixão é letra, amor é canção. Paixão é frase, amor é texto. Paixão é dó, amor é ré, mi, fá, sol, lá, si. Paixão é pobre, amor é milionário. Paixão não lê, amor é culto. Paixão é espera, amor é certeza. Paixão é tela branca, amor é tinta e pincel. Paixão é gargalhada, amor é sorriso puro. Paixão é salto alto, amor é pé descalço. Paixão é cheia de truques, amor é ingênuo. Paixão se alimenta, amor morre de fome. Paixão perde, amor vence.
Paixão você já teve, amor você não acha: ele te invade. Paixão se confunde com amor, amor não se confunde com paixão: a gente sabe quando ele nasce. Paixão alucina, te faz matar e morrer. Amor encanta, te faz viver e morrer. O amor é imortal. A paixão não.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

lembra?

Quando te conheci meu coração chegou a parar por um instante. Não sei o que houve naquele dia. Mas juro que ele chegou a parar. Pra depois recomeçar...eu nunca havia sentido aquilo tudo. Nem sei definir o que seria o "tudo", mas foi tudo mesmo. Quando nos apaixonamos, nos sentimos grandes. Maiores que o céu. E o mar. E o ar. E as estrelas também.
Eu contava as estrelas. Pedia pra alguém me beliscar, eu devia estar sonhando. Me belisca. Me acorda, só pode ser sonho. Um sonho lindo. Verdadeiro. E real. Ninguém me entendia tão bem, parecia que já nos conhecíamos. Inacreditável. Mesmos gostos, afinidade total. Teu jeito delicado, preocupado, inteligente. E ainda por cima lindo de morrer. Nossa, lindo demais. Apaixonante. Charmoso. Cheiroso. Gostoso. Puro "oso". E me deixei levar, sem pensar em nada, só naquele momento. Mágica. Aos poucos tomou conta de todo o meu coração. Da minha vida.
Minha mente. Meu ser. Meu Deus, éramos a lua e o mar! Um precisava do outro. Um não vivia sem o outro. Não existia nada além da gente, somente a gente. E nada mais importava.
Tu sabias exatamente quando eu estava precisando de um colo. De um ombro. Ao escutar a minha voz, sabia se eu estava bem ou não. Sabias a hora de falar e de calar. Conheci todos os teus tipos de olhares e sorrisos. Lembro de cada um deles. Conheci teus defeitos, tua mania de me provocar só pra me deixar irritada porque tu adoravas me ver braba. Falávamos sobre filmes, livros e lugares do mundo que gostaríamos de conhecer. Planejávamos nosso futuro juntos. Imaginávamos como seria nossa filhinha e nosso apartamento. Gostávamos de ficar jogando joguinhos bestas e ir ao cinema. Comer ouro branco e ferrero rocher, era o teu preferido.
Contigo aprendi a não ter medo do futuro, a não me prender ao passado, a perdoar os erros dos outros. Aprendi a perdoar os teus erros. Os meus erros. Aprendi que não é coisa de criança ter medo do escuro e de trovões. Aprendi que não se deve viver numa redoma de vidro, temos que sair da toca. Aprendi que não adianta, não sei desenhar mesmo! Aprendi que precisamos valorizar, todos os dias, quem amamos. Falar. Dizer. Verbalizar. Expor. Escancarar. Dar a cara pra bater. Descobri que ser doce não significa ser grudenta. Ser gentil não significa ser um capacho. Ser sincera não significa ser cara-de-pau. A coisa mais importante que aprendi contigo foi o significado do sentimento mais puro e nobre que uma pessoa pode possuir por outra: o amor.
Eu preciso muito te agradecer. Mas não tenho como. Mesmo assim, obrigada. Jamais vou te esquecer, parte de mim vai te amar pra sempre. Sei que o nosso pra sempre nunca acaba. Lembra? Eu lembro de tudo. Desde o momento em que eu acordo até a hora em que vou dormir. Sinto saudades. Saudades do que fomos um dia. Fomos muito. Fomos muitos. Parte de mim, aquela que vai te amar pra sempre, é meu todo hoje. Não me imagino vivendo sem a gente.

categorias masculinas

Algumas categorias masculinas me incomodam. Dão aflição. Agonia. Repulsa. E eu fujo mesmo. Saio correndo. Se for preciso faço até triathlon.

Homens-Banana: olhar, sorriso, olhar, sorriso, olhar, sorriso. Às vezes varia, sorriso, olhar, sorriso, olhar. Atitude zero. Mil olhares. Mil sorrisos. No atitude.

Homens-Alisabel: te alisam, alisam, alisam e nada. Aqueles que te elogiam, dão em cima, provocam e não fazem nada mais além disso. No nada.

Homens-Jason (vi essa numa comunidade do orkut): psicopatas. Quando a gente pensa que eles morreram, aparecem com um machado na mão. Yes machado!

Homens-Gato: os que têm sete vidas. Já fizeram a passagem, partiram desta para melhor, mas insistem em ressurgir. Miau.

Homens-Picareta (aprendi com um amigo): são os safados mesmo. Esse tipo é fácil de encontrar por aí dando sopa. Ordinários, cretinos, cachorros, fdps, salafrários, canalhas, filhos da mãe! Yes safadeza!

Homens-Trident: os que grudam na sola do scarpin. E não há jeito nem reza forte pra despachá-los.

Homens-Aurélio: palavras, palavras, palavras. No ação.

Homens-Político: prometem, prometem, prometem. E ficam na promessa. Pra ganhar a eleição fazem de tudo e quando estão no poder colocam tudo a perder. Esqueceram do velho "promessa é dívida".

Não quero falta de atitude, elogios que não passam de elogios, alguém com um machado na mão atrás de mim, mortos-vivos, cretinice, chiclete, palavras, promessas. Estou farta de promessas. Cansada de palavras. E de mentiras. Quero verdades. E um homem cavalheiro.
Sou machista, acho que o primeiro passo tem que ser dado pelo homem. Não condeno, tampouco julgo as mulheres que se dizem modernas e descoladas. As que tomam a iniciativa. Mas eu não sou assim. Não sei ser e nem quero. Gosto do romance, sou a favor dele. E gosto de homens gentis, educados, carinhosos e prestativos. E que não façam jogos, pois acho perda de tempo. No início joguinhos são inevitáveis, mas sou a favor da sinceridade plena, completa e absoluta. Total.
Homens-cavalheiros são os que têm atitude. Fazem elogios quando têm vontade, não pra iludir. Nas mãos trazem tulipas, não um machado. Não grudam, dão espaço. Não colam, mas abrem a porta do carro. Principalmente, os homens cavalheiros não fazem promessas a troco de nada. E sim promessas a troco de tudo. Olham nos olhos, falam o que pensam e não têm medo do que sentem. Se permitem sentir de forma transparente e clara.
Homens cavalheiros não nos deixam dúvidas, nos dão certezas. Não usam palavras que se tornam perdidas, mas atitudes que são inesquecíveis.

P.S. esqueci de incluir os homens-cachaça: aqueles que já ocuparam um baita lugar no nosso coração. Vício que tentamos diariamente largar. Nos embriagam. E deixam uma senhora ressaca. Não há neosaldina que resolva o caso no dia seguinte! Dão uma dor de cabeça desgraçada. "Mantenha distância".

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

coisas que só a gente sente

Tem coisa que não sei explicar direito. Ou então, talvez seja esse o caso, não sei me fazer entender muito bem. É que acho que a gente não precisa pedir atenção. Sinceramente, é isso que eu acho. Atenção é grátis, cuidado idem, carinho também entra nesse pacote. A gente gosta de alguém, então cuida da pessoa, se preocupa, quer o bem, ouve, dá afeto e fica tudo numa boa. Se moram longe ou se encontram distantes temporariamente, mesma coisa. Nos poucos minutos que você conversa com a pessoa, a atenção deve ser voltada para ela. Sabe aquela história de exclusividade? Isso mesmo.
Não gosto quando não prestam atenção no que digo. Acho que soa descaso. Também acho que é uma espécie de descaso saber que alguma coisa vai errada e fingir que tudo está perfeitamente em ordem. Costumo falar o que sinto. É claro que quando a gente fala acaba ouvindo. Mas as pessoas precisam se colocar nos dois lados da história. Atualmente, todo mundo só olha para si mesmo. Cadê o outro? Cadê?
Costumo priorizar quem é importante na minha vida. Não sei se isso é erro ou acerto, sei que faço. Dou o meu lugar, faço sacrifício, faço o que não gosto. É claro que não me traio. Mas você entende o que quero dizer? Priorizo quem vale a pena. Daí, vez ou outra, a frustração bate na porta. Será que em algum momento sou mesmo prioridade? Desculpa, é que a gente sem querer espera. Somos bichos, humanos, damos amor e esperamos amor de volta. Entende? Se a pessoa que eu gosto está passando por uma situação delicada ou um momento difícil, vou ficar ao lado dela. Mesmo que o meu trabalho seja importante, mesmo que o Papa venha falar comigo. Não vou arredar o pé. Mas se por acaso eu precise mesmo, absurdamente, desesperadamente sair de perto dela, tudo bem. Vou me fazer presente de todas as formas. Não vou virar as costas, afinal de contas, o outro necessita de mim. Mas se for preciso sair de perto, vou me esforçar de todas as formas para o outro se sentir seguro.
Sempre tive uma teoria: tempo é uma coisa que a gente arruma. A gente adianta o relógio, faz qualquer coisa. Ainda mais quando isso envolve quem a gente gosta. Imagina, se você está com a pessoa, você quer que aquele momento seja ótimo, seja bom, seja gostoso. O problema é quando você usa o tempo para nada. Ao invés de estar junto, acaba ficando mais distante ainda. Não, eu não sou romântica demais. Por sinal, acho que dia a dia perco um pouco do romantismo. Só me preocupo com o bem-estar do outro, com o que vai dentro dele. Sentimento é uma coisa importante, precisa de cuidados especiais. Não dá pra jogar para o universo, a gente precisa tomar conta como se fosse um filhotinho de cachorro, delicado, pequeno, frágil. Mas talvez só eu pense dessa forma.

O que eu não aceito

Quando alguém é meu amigo eu faço o impossível para ver a pessoa bem. Se eu gosto tomo as dores, embarco em indiadas, dou um jeito de fazer com que tudo fique numa boa, nem que seja ouvindo e dando o ombro. Mas, por favor, nunca minta para mim. Quem mente perde completamente a minha confiança.
Procuro ser uma pessoa justa. E, confesso, meu lado bonzinho fica encostado no lado babaca. Em outras palavras: às vezes sou burra ao invés de boa. Se tem uma coisa que detesto é me sentir enrolada. Me preocupo a fundo com os outros, por isso não curto pequenas mentiras e desonestidade. Pena que tem gente que não enxerga isso.
Muitos se acham donos da verdade, dizem que fazem e acontecem, aparentam ser uma coisa que não são. Tem gente que adora inventar a vida, contar vantagem e semi-lorotas-brabas, florear a realidade e brincar de autor de novela. Tem coisa que é surreal. Tem coisa que é irreal. Tem coisa que foge completamente dos padrões normais. Agora você me pergunta: existe essa coisa de normalidade? Claro que não. Minha vida muitas vezes é uma novela mexicana, em outras tantas vira caso de política. Mas eu não minto, não enrolo, não me faço de louca e não tomo ácido.
Não sei fingir. Abraço minhas vontades, mesmo que a minha cara fique roxa de tanto apanhar. Cumpro minhas promessas, mesmo que me doa. Não brinco com os outros para me distrair, tampouco dou uma de boa samaritana para depois me esconder atrás da moita. Isso não. Por isso, digo e repito: gosto de gente de verdade. Se você é assim, por favor, senta aqui e vamos tomar uma birita.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa - não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio.
Há muitos em quem o desasseio não é uma disposição da vontade, mas um encolher de ombros da inteligência. E há muitos em quem o apagado e o mesmo da vida não é uma forma de a quererem, ou uma natural conformação com o não tê-la querido, mas um apagamento da inteligência de si mesmos, uma ironia automática do conhecimento. Há porcos que repugnam a sua própria porcaria, mas se não afastam dela, por aquele mesmo extremo de um sentimento , pelo qual o apavorado se não afasta do perigo. Há porcos de destino, como eu, que se não afastam da banalidade quotidiana por essa mesma atracção da própria impotência. São aves fascinadas pela ausência de serpente; moscas que pairam nos troncos sem ver nada, até chegarem ao alcance viscoso da língua do camaleão. Assim passeio lentamente a minha inconsciência consciente, no meu tronco de árvore do usual. Assim passei o meu destino que anda, pois eu não ando; o meu tempo que segue, pois eu não sigo.
Quando meu passado bate à porta, eu fico assim sem entender porquê, nem sei muito bem o que fazer. Fico querendo saber se é porque o futuro anda meio distante e eu fico aqui parada no presente ou se é porque meu passado tem coisas que serão do meu futuro e eu não consegui ainda perceber. Estranhamente eu começo a tentar imaginar as coisas de outro modo e talvez acreditar que a questão não é reviver o que passou, mas usar algumas das mesmas palavras e escrever um futuro diferente daquele que já se leu. E mesmo sem entender, eu abro a porta. Espero, olho no olho e pago pra ver se isso de que “o mundo dá voltas” vai funcionar por aqui também.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

nossos medos

Fiquei surpresa com a sua revelação. Fez bem para o meu ego, não nego, mas me surpreendi. Fazia tempo que não falava com você sobre as coisas da vida, passado, presente, futuro. Conversávamos tanto antigamente. Hoje em dia somos dois desconhecidos que um dia tiveram alguma coisa. Acima de tudo, sempre gostei de falar para você da minha dificuldade de compreender o mundo como ele é. Nós dois sabemos que espero demais das pessoas. Por que será que sou assim? Hoje você disse uma coisa que achei bonita: "você espera demais dos outros porque tem um coração puro, que de tão puro sofre". É, eu sofro.
Às vezes lembro de um trecho do Caio Fernando Abreu, no livro de Cartas, que diz mais ou menos assim: os escritores são as criaturas mais estranhas do mundo, não sabem viver o real, procuram sempre um drama, algo para sofrer e depois sentam e escrevem belos textos literários. Eu sempre fui dramática, desde pequeninha a veia Maria do Bairro me acompanha. Meus dramas são intensos, minhas paixões são intensas, minhas alegrias são imensas. Não sou nada racional, vivo de acordo com o que meu coração diz, com o que meu sentimento grita. Pago caro, mas sei que tudo tem seu preço.
Gostei de saber que você perdeu o medo. Eu também perdi, demorou, mas perdi. Nós tínhamos em comum o medo da entrega. Por isso, nos distraíamos com amores passageiros. No final das contas o vazio nos atingia. Juntos, descobrimos que o medo sempre precisa ser vencido. Separados, vencemos nossos temores, cada um da sua forma, no seu tempo. Acho que a vida coloca pessoas nas nossas vidas por alguns motivos. Com você, aprendi que tudo precisa ter limite.
Acho graça quando você fala aquelas coisas. Você me vê de um jeito que não consigo entender. Me acha mais bonita do que realmente sou. Me acha mais inteligente do que sou. Me acha mais forte do que sou. Me acha mais incrível do que sou. Desculpa, não quero te decepcionar, mas não sou tudo isso. Sei que você conhece meus defeitos, minhas falhas. Mas não entendo como essas coisas não te abandonaram com o passar dos anos. Fico rindo quando você fala que tenho cara de boneca, que meu nariz é perfeito, que minha boca é perfeita, que meus olhos são perfeitos, que meu rosto é todo belo. Não acho tudo isso, falo sério. Não sou essa belezura toda, não sei da onde você tira essas ideias malucas. E, pelo amor de Deus, não sei de tudo, eu tenho minhas limitações, não sou essa inteligência e esperteza toda. Eu conto nos dedos e uso calculadora. Não sei onde fica a Guiana Francesa. Não entendo nada de política. Sempre me embanano no horário de verão, nunca sei se adianto ou atraso o relógio. Também fico pensando "ih, agora nem são 22:31, são 21:31", penso com o horário antigo. Não sou forte o tempo inteiro e não gosto de admitir isso, então não espalha. Eu sou fraca às vezes. Muitas vezes. Sou frágil e estou frágil agora. Tenho passado momentos não tão incríveis, não tão legais. Sei que vou superar, mas nem sempre acho força, então me fecho. Não quero ajuda de ninguém, sou uma filha da puta orgulhosa que não sabe pedir colo, quero que adivinhem. E eu preciso muito agora de alguma ajuda, uma mão na cabeça, alguém que esteja ao meu lado. Luto contra um ego chato, que muitas vezes me passa a perna. Tem dias que me acho o máximo, em outros me acho um lixo. Mas sei que mulheres são assim.
Estou numa fase de descobertas e de alguma fraqueza. Tenho sido muito dura comigo mesma, preciso relaxar um pouco. Tenho esperado demais dos outros. Tenho sentido falta de amor, de atenção. E é engraçado, tenho recebido tantas cantadas na rua. Sabe aquelas fases em que você está meio pra baixo e parece que o mundo te vê lá em cima? Recebo cantada na rua, mas você sabe que sou braba e faço gestos obscenos. Dia desses, fui pedida em casamento (de novo!) por e-mail. Me divirto com isso. Do nada, pessoas que já passaram pela minha vida ressurgem querendo retomar coisas que nunca vão voltar. Tem também as pessoas sem noção que convidam para sair ou os mais diretos que já vão direto ao ponto e falam coisas que tenho até vergonha de contar. E teve você, que me fez essa revelação hoje.
Te agradeço, de coração. Achei bonito mesmo. Sei que tudo vai ficar bem, sempre fica. Na minha vida as coisas sempre ficam bem. É que antes de ficarem bem eu fico vagando pela rua. Meu coração fica perdido num beco escuro, vazio, sem ninguém. É assim que me sinto com essa maldita síndrome do pânico. Não tem coisa mais chata do que isso. Eu gostava tanto de ser eu. Agora, vivo com medo. Me sinto tão pequena. Pior do que isso: me sinto tão sozinha. Sabe quando você carrega umas coisas nas costas e não tem ninguém para dividir o peso? Me sinto assim. Tem minha mãe, sempre ela. Fica do lado, ajuda. Mas ela tem a vida dela. Fico pensando: e quando ela for embora? Porque ela vai se mudar, vai ser eu e eu. Mas você tem razão, eu vou superar. Obrigada. Foi bom te encontrar de novo. Muita sorte nessa vida nova e que você nunca mais tenha medo. Torce para que eu nunca mais tenha também.

Procura-se um lado zen

Eu sou intensa. E vou morrer assim. Por mais que eu tente puxar o freio de mão, as emoções me dominam e pulam de dentro de mim desesperadamente. Por isso, sou a favor do amor, da verdade, da vontade. Não sou a favor da traição e da mentira. Procuro fazer o bem e ficar em paz com minha consciência e meu coração, mas de vez em quando cometo deslizes humanos.
Sinto ciúme, faço fofoca, falo palavrão e tenho dias azedos. Sou quase normal e quase louca. Não sei muita coisa, mas procuro estar com os olhos e ouvidos abertos para absorver tudo que a vida me dá. Adoro viver, a ideia de um dia morrer me assusta. E eu amo, amo demais. Tenho um amor imenso pelas pessoas que são importantes na minha vida. Hoje, consigo separar e saber quem é meu amigo, quem é colega, quem é conhecido. Apesar disso, convivo bem com todos. Pouca gente sabe a fundo da minha vida e de mim, eu disfarço. Não gosto de me expor.
Hoje, falando com uma amiga, ouvi a seguinte frase "pela mulher que você é, a pessoa que está contigo tem que te dar o céu". Fiquei pensando nisso. O céu é tão grande, tão cheio de estrelas, tão lindo. Será que eu mereço? Me peguei pensando em coisas - parecidas - que já ouvi. É, as pessoas me enxergam como uma mulher e tanto. Percebi que minha autoestima anda em queda livre, baixíssima. Acho que já faz algum tempo que ando assim, me sentindo um nada. Então, quando ouço esse tipo de coisa fico me perguntando: mereço? Sou tudo isso? Será?

Decidi me olhar no espelho. Vi uma mulher com nariz delicado, boca bonita, olhos expressivos, cabelo de bebê, sardas. Vi uma mulher bonita, mas esquecida. Vi uma mulher que precisa usar filtro solar todos os dias e ir na dermatologista para prevenir os efeitos do tempo, afinal, os trinta já chegaram. Vi uma mulher que precisa perder vários quilos. Vi uma mulher que anda sorrindo pouco. Vi uma mulher que sente tanto, mas anda tão cansada que mal olha para si mesma. Sabe, tem coisas que ficam. Um dia, ouvi coisas pesadas, fortes, feias. Se fosse de qualquer um, tudo bem. Mas não. Era de uma pessoa importante. Uma das pessoas mais importantes da minha vida. E essa coisa ficou dentro de mim. Levou fermento. Cresceu. Se instalou. A partir daí, olho para o espelho e não vejo essa mulher bonita. Vejo uma pessoa insegura, com a autoestima lá no chão, vejo uma pessoa que não sabe se é capaz. Isso me assusta um pouco. Tem palavra que fica. Tem sentimento que foge. Tem coisa que agride.
Eu, que adoro rir, nunca ri tão pouco. Meu riso e meu sorriso andam acanhados, tímidos, preferem ficar do lado de fora da festa observando tudo que acontece. Ando séria, introspectiva, fechada, refletindo sobre a vida. Me aconteceram coisas tão boas. Delas, procuro lembrar sempre. Me aconteceram coisas tão ruins. Delas, tiro lição. Dois mil e dez foi um ano marcante. E doído. Sei que não acabou ainda, mas já sentei no balanço para lembrar do que foi, do que não volta, do que ficou.
Em alguns momentos, a gente precisa de mais do que nos dão. Certos períodos são delicados, exigem mais atenção, cuidado, amor, dedicação, delicadeza. Acho que é isso: tô precisando do céu. Minha amiga tem razão. Mereço o céu. Mas a gente não pode esperar que alguém nos dê. Por isso, procuro meu lado zen, quem sabe, assim, evoluo de uma vez por todas e aprendo que a gente deve contar é com a gente mesmo. E fim.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


Gente, desculpa pela demora de postar aqui.
Estou meio sem tempo, pois minha filha nasceu *----* ( dia 22.01.2011)
Mais agora estou de volta, vou continuar postando novamente, todos os dias.
Beijos para vocês.


carta do ex para ex

Querida, escrevo para dizer que vou te deixar. Fui bom marido por 7 anos. As duas últimas semanas foram um inferno. O seu chefe me chamou para dizer que você tinha pedido demissão e isto foi a gota. Na semana passada, nem notou que não assisti ao futebol. Te levei na churrascaria que mais gosta. Chegou em casa, nem comeu e foi dormir depois da novela. Não diz que me ama, nunca mais fizemos sexo. Está me enganando ou não me ama mais. P.S. Se quiser me encontrar, desista. A Júlia, aquela sua ‘melhor amiga’ da academia e eu vamos viajar para o nordeste e vamos nos casar!
Ass: Seu Ex-marido.

Resposta: Querido ex-marido, nada me fez mais feliz do que ler sua carta. É verdade, ficamos casados por 7 anos, mas dizer que você foi um bom marido é exagero. Vejo a novela para não lhe ouvir resmungar a toda hora. Reparei que não assistiu futebol, mas com certeza, foi porque seu time tinha perdido e você estava de mau humor. A churrascaria deve ser a preferida da amiga Júlia, pois não como carne há dois anos. Fui dormir porque vi que a cueca estava manchada de batom. Rezei para que a empregada não visse. Mas, com tudo isto, ainda o amava e senti que poderíamos resolver os nossos problemas. Assim quando descobri que eu tinha ganhado na Loteria, deixei o meu emprego e comprei dois bilhetes de avião para o Taiti, mas quando cheguei em casa você já tinha ido. Fazer o quê? Tudo acontece por alguma razão. Espero que você tenha a vida que sempre sonhou. O meu advogado me disse que devido à carta que você escreveu, não terá direito a nada. Portanto, se cuida! P.S. Não sei se lhe disse, mas a Julia, minha ‘melhor amiga’, está grávida do Jorginho, nosso personal. Espero que isto não seja um problema…
Ass: Milionária, Gostosa e Solteira

e a saudade bate..

Dias não fazem mais sentido sem você por perto, as horas demoram a passar porque que você não está aqui. O Tedio parece um inferno inacabável, porque você não pode mais o transforma-lo em céu. O dia amanhece escuro, porque o meu sol se pôs e não pensa em nascer denovo. O coração não tem mais o mesmo formato, porque metade dele se partiu. A vida já não tem o porque de viver, a verdadeira razão dela parece não ser tão verdadeira assim. O sorriso parece desnecessário sem o real motivo de se estar rindo. A felicidade já não existe mais, ela se foi assim.. Junto com você. O abraço já não é a melhor coisa do mundo, o mundo pra mim não existe. Eu só queria poder te buscar, aonde você estiver, não importa quando e nem como, mais eu queria pelo menos por mais um dia na minha vida, te encontrar, e te abraçar e te dizer chorando o quanto eu te amo e você sorrindo trazendo pra mim o meu coração que estava sem sentido pra vida e a agora encontrou novamente sua razão. Você é a minha razão, a razão que as vezes não importa, a razão que eu ignoro e finjo muitas vezes não sentir, mais que é minha verdade. Você é o meu choro e minhas noites mal dormidas, mas o que eu faço sem você? Voltarei a ser a menininha educada e aparentemente feliz, mais que carrega no coração um grito de dor, continuarei chorando e não dormindo direito, somente esperando o dia clarear e o sol novamente aparecer, ou melhor dizendo você de volta.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O celular

Ela esperava impaciente ao lado do carro, segurando o celular nas mãos, que ao primeiro sinal que ele atrasasse, ela iria por em uso. Já passava das 9 e a rua deserta de frente pro mar, estava silenciosa e profunda, ou seja, se fosse preciso chorar, ela não precisaria esconder o rosto das pessoas afinal, não haveria mais ninguém a não ser os dois e se caso fizessem amor, também teriam privacidade. “- vou esperar mais 5 minutos e então ligo”, pensou
Mas então, ela se viu em uma situação diferente, resolveu caminhar até a areia da praia, pois se ele chegasse no local combinado e não a encontrasse, certamente ele ligaria e perguntaria por onde ela estava. Então ela foi e logo estava com os pés molhados de água salgada. Percorreu boa parte da praia com a cabeça limpa e livre de pensamentos, decidiu apenas curtir o momento. Mas de repente lhe veio a cabeça que talvez simplesmente ele não viesse encontrar ela, nem ligasse. Nem procurasse por ela por um longo tempo ou nunca mais procurasse. E sumisse da cidade e esquecesse de todas promessas que fez a ela ou talvez já não quisesse cumpri-las. “- e ai?” pensou ela.
O que ela faria se tudo que ela acreditava, sonhava e vivia com ele e por ele, de repente não fizesse sentido pois ela estaria só, com seus medos e pesadelos doloridos? E se agora, de uma hora pra outra, ele desistisse de tudo e fosse morar nos EUA e tentar uma vida nova? E se ele nem se importasse em avisar? E o pedido de casamento que ela esperava a tempo, mesmo sem nem saber se aquilo podia ser chamado de ‘relacionamento’? E o futuro que tinha planejado e imaginado?
O vento soprava mais forte e ela perdida em seus pensamentos.
Foi então, que ela imaginou a situação contrária. E se quem simplesmente mudasse de rumo fosse ela? Sim, todas as lembranças tristes que ele lhe causou, podiam ter uma conseqüência desse tamanho. O futuro seria diferente sem ele, talvez ela já não quisesse um casamento e uma gritaria de crianças no jardim. Ela poderia estudar Inglês fazendo intercâmbio e sua mãe gostaria muito disso. Ou então ela faria outro curso na faculdade, porque apesar do Direito, ela sempre gostou da Biologia. Quem sabe ela pudesse viajar pra Grécia e aproveitar com alguns amigos ou ficar em casa mesmo curtindo a família. Poderia também aparecer outro cara, que lhe chamasse pra sair e ela gostasse da idéia. O futuro poderia ser promissor sem ele, talvez no fim das contas ela esquece de todos beijos, todos carinhos, do sorriso angelical que ele tinha, da maneira como fazia amor e a chamava de ‘meu bebê’. Talvez o jeito inconseqüente dele nem fizesse tanta diferença e o charme dele, de ‘homem-fatal’ nem fosse tão sensual assim.
Ou aquela voz safada no ouvido, que era muito convidativa pra uma noitada de loucuras, nem fosse tão sedutora assim como ela pensava. E esse “futuro promissor”, daqui alguns anos fizesse ela esquecer do quanto a sua TPM deixava ele irritado. E esquecesse também, de todas as vezes que ela brigava e fazia pose, só pra depois ele a encher de mimos. O tempo mudaria muita coisa. Trocaria muita coisa de lugar.
E cada lembrança do cheiro da pele dele, do suor dele, do hálito dele, da fome que ele tinha depois do sexo, do quanto ele dormia durante o filme e perguntava depois o que tinha acontecido, das conversas até de manhã, do abraço confortante que ele tinha, das sensações loucas que ela tinha com ele, dos sentimento bons que emanavam dele e do amor doentio e desvairado que tinham um pelo outro fosse apagado também. Sem dúvida ela começaria um tempo novo pra si mesma, mesmo sem saber se poderia se recuperar de cada cicatriz dessa relação boa e ruim...
O celular toca e tira ela do mundo onde se encontrava. Era ele. Sempre foi ele e sempre vai ser. Agora, pra ela, já não importava o quão promissor o futuro poderia ser sem ele, porque não seria um futuro.. não seria nem uma vida se quer.
“- Alô?” disse ela.
“- Oi, te deixei esperando tempo demais?” perguntou ele.
E então ela percebeu que a voz vinha detrás dela, então se virou e ficou imóvel admirando o real futuro que ela desejava e todo esplendor que ele trazia quando estava por perto, fazendo ela brilhar.
Em um segundo ele tomou ela nos braços e a deitou na areia.
E pronto. Bastava.
Ele, mesmo sem nem imaginar o que ela havia imaginado e pensado antes, proferiu as seguintes palavras: “- Eu nunca vou a lugar nenhum, meu lugar, meu caminho, meu futuro é você”.
Ando angustiada demais, meu amigo, palavrinha antiga essa, angústia, duas décadas de convívio cotidiano, mas ando, ando, tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, ,veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara.

Ele é só mais um cara e você já esqueceu outros caras antes. É só um  cara e não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas  as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o  destino. É só um cara. (Desconhecido)



Mil atmosfera

Chego em casa e, sem nem ao menos me olhar, minha cachorra sabe o que está se passando aqui dentro. Sem nem eu mesma entender tudo isso, ela sabe o quanto eu preciso de lambidas e rabo balançando pela minha presença. Nós, humanos, somos capazes de colonizar o universo, construir grandes redes de comunicação, destruir o mundo. Por mera ironia, somos capazes também de criar vidas artificialmente. Nós podemos tudo. Sempre que eu olho para a minha cachorra porém, fico pensando em quanto somos frágeis, em quanto somos criaturas apenas em estágio experimental. Quantos rostos, quantos corpos, quantas pessoas todos os dias cruzam os nossos caminhos e somos incapazes de enxergar tantas histórias, tantas marcas, tantos traumas. Histórias, marcas, traumas. Afinal, de que somos feitos? Dentro de nós habita um software ou uma história? Nossa história nos deixa como herança robôs ou marcas? Viver é um eterno perde e ganha. Perdemos tudo. E ganhamos o que? Quando a gente encara a morte, física ou sentimental, quando a gente se ilude, quando a gente não se supera, quando a gente sente dor, quando a gente ama sem ser amado, quando a gente sente o gosto amargo da vida sendo esfregado na nossa cara. O que a gente ganha? Um martelo? Uma chave inglesa? Um parafuso? A gente é feito de lógica ou interpretação? A gente ganha traumas. Você, eu, o mundo todo. Há quem saiba assumir, há quem saiba se mostrar, há quem não se esconda atrás de logs, cálculos e física quantitativa. Entretanto, talvez você não saiba. Eu, a mulher das palavras, do português, dos sentimentos, dos textos, da interpretação. Eu que sei ser o espelho de tanta gente e assumindo o que todo mundo sente sem assumir, as dores, os vômitos, as neuras, sirvo de Judas e estou sempre ali, em pleno julgamento. Eu também não sei lidar com as suas migalhinhas. Eu não sei lidar com esse seu jeito gente boa como recompensa por eu te querer tanto e não ser nem metade do que você sonha, com esse seu sorriso lindo, certinho de agradecimento por cada declaração apaixonada que você não pode corresponder, com esse seu jeitinho todo seu de fazer eu me sentir tão para baixo por não ser as pernas, as bundas e os peitos que tanto te agradam. Eu não sei lidar com essa coisa de você estar no mundo e não ser meu. Nem por um segundinho, nem em um cantinho escondido, nem em um suspiro no meu lençol da Minnie. Eu não sei lidar com essa sua existência ausente. Eu não sei se você sabe mas eu fujo de você todos os dias. Em cada pensamento, em cada engolida a seco, em cada "oi" superficial. Eu estou sempre ficando com vontade de ir. Eu me afundei a cada dia mais por querer. Você cumpriu todas as etapas para me deixar de quatro: achou sem importância o que eu dizia, me cortou, falou de milhares de outras, me botou para baixo, me ofendeu. Me colocou no meu lugar. Você aí, vivendo sozinho, trabalhando, com a vida "meia" encaminhada. E eu aqui, querendo logo fazer dezoito para entrar nas boates, prestando vestibular, feliz por ter passado em um curso de segunda opção, vivendo entre bonequinhas e mimos de papai e de mamãe. Eu realmente sou uma grande merda nenhuma. Era só isso que faltava: você deixar de ser o cara legalzinho, simpático, gente boa e começar a dar umas porradas na minha cara. Eu no fundo sou igual a sua ex, eu no fundo sou igual a todo mundo. Você se acha muito adulto e talvez seja mesmo. Você acha muito difícil trabalhar oito horas por dia e depois ainda ter que cozinhar e talvez seja mesmo. Mas queria ver como você se sairia sendo eu então. Como você lidaria com essas milhares de mulheres diferentes que estão aqui dentro e brigam o tempo todo, e me machucam o tempo todo para saber quem vai predominar. Eu sou vagabunda, suja e fútil. Eu sou falsa, mesquinha e baixo nível. Sou muito mesmo. Sou desse tipinho que não vai te dar sossego, que vai te fazer pedir arrego e que depois vai reclamar da sua incompetência. Que vai pegar o seu celular, vai anotar o número de todas as mulheres das suas últimas chamadas e vai infernizar a vida de todas elas. Uma a uma. Ué, como você nunca soube disso? Aqui dentro tem também uma menina tão bobinha, tão pura, tão inocente. Tão cheia de sonhos e ilusões. Ao lado, a mãe castradora que reprime todos os desejos. Depois a avó, com um coração gigante e com uma vontade maior ainda de abraçar e cuidar do mundo. De perdoar o mundo inteiro. O herói medieval que liga no dia seguinte, implora e manda presentes. Eu sou tudo mas você só me enxerga como um nada e ser nada foi o que eu fui a vida inteira. Para você, para ele, para todos os outros. Eu não sei amar sem ser insana. Você está indo embora como todos eles foram. Você bagunçou um pouquinho a minha vida mas achou sem graça eu ser a marionete. Eu até chorei, assumo. Eu até me desesperei, eu até fiz todo aquele meu teatro de me cobrir até a cabeça e me esconder do mundo como nas novelas. Você teve direito ao repertório completo. Mas eu já vi este filme antes: você vai todo lindo e eu fico aqui me sentindo usada, errada, criança. Pois é, você não foi o primeiro. Então tá. Tudo bem. Deixa assim. Não dá para discutir com a sua grandeza. Eu aceito ser só o tapetinho. Consegue ouvir? Olha só: meus pulmões estão se expandindo! Agora eu consigo respirar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011


Apesar de tudo, você ainda é a primeira coisa que penso quando me dizem: Faça um pedido!

.. E sempre vai ser você! L ♥

Mulher que não repete não é mulher

Mulher que não repete não é mulher. Não existe mulher que não se olhe mil vezes antes de sair, não existe mulher que não releia, releia e releia as revistas até achar algo que se pareça com a super modelo da época, não existe mulher que não olhe para o espelho e repita até entrar por osmose: "Eu sou linda, inteligente, simpática e ele foi um imbecil por me perder!" e vamos assumir, por favor, não existe mulher que não precise ouvir quatrozentas e trinta e sete vezes da amiga, da mãe, da tia, da depiladora, da dermatologista, da manicure e de todas as outras mulheres que participam de seu cotidiano que a atual do seu ex-ficante, ex-namorado, ex-amor platônico não chega a cutícula do dedinho mindinho de seu pé direito. Resumindo: uma tremenda baranga. Você pode gastar todo o seu dinheiro e tempo no salão e ela pode ter aquela cara de: "Acabei de acordar e não estou me importando com o que você acha!", você pode ser a super inteligente e ela pode nem saber qual é a raiz quadrada de 25, você pode ser a morena natural dos cabelos brilhosos e ela a loira artificial ignorando brutalmente a necessidade do retoque na raiz. Você realmente pode ser muito mais bonita que ela mas isso não importa: ele não tá com você, ele tá com a outra. De que adianta você parecer uma artista recebendo o Oscar se o máximo que você recebeu foi um pé na bunda? De que adianta você ser praticamente a versão feminina moderna de Einstein se a burrice dela é afrodissíaco pois ele parece mais inteligente do que realmente é? De que adianta os seus cabelos "propaganda de xampu" se ele gosta mesmo é dos "resto da sobra do bagaço da laranja que já foi chupado pelo cachorro de rua"? Mesmo assim é ela que recebe todos os beijos, abraços e palavras que já foram seus. É ela, não você. Você se tranca no seu quarto e começa a chorar? Você passa milhares de dias cantando: "Deu moleee pra caraaaamba, tremendo vacilão!"? Você pega ódio do mundo e começa a falar que vai virar lésbica ou que nenhum homem presta? Você continua com a obcessão por massoquismo e vigia todos os passos da sanguessuga que tem o "último homem da sua vida?" Ou você (voto nessa opção, hein?) se afoga no brigadeiro de panela? Você não faz nada disso! Isso mesmo, NADA disso! Depois que você contribuir com a tentativa de acabar com a seca no sertão nordestino doando todas suas lágrimas, depois que você jurar mil vezes que nunca mais vai se apaixonar ou nunca mais vai ser idiota, depois que você achar a última estria da outra, depois que você chegar a conclusão que ele beijava mal, não tinha pegada e que no final das contas você nem gostava tanto dele (tudo bem, entendo que seja uma mentirinha por uma causa maior), depois que você comprar o shopping inteiro (inclusive as lojas de chocolate), enfim, depois que você acabar de viver a sua dor, vá viver a sua vida. Por favor, faça um favor para mim, ou melhor, faça um favor a você: não se apegue ao que já foi. Não é porque o fio de cabelo dele que com a luz do sol focalizada a 150º oeste incidindo sobre ele era lindo que a sua vida vai deixar de ser linda. Você um dia já esteve no lugar da outra e um dia a outra estará no seu lugar e .. Ah, quer saber? Esquece ele, esquece a outra, esquece tudo! Lembra de você pois foi justamente de você que você se esqueceu. Poisé fofinha, tenho uma péssima notícia para te dar: ele não é o último homem da sua vida, você vai continuar com essa cara de babaca quando se apaixonar e pelas minhas contas engordou no mínimo 4kg por causa de uma mulher que você nem conhece e por um homem que você nem lembra o nome todo. Lave o rosto, estufe o peito, erga a cabeça e ponha a sua vida no lugar de onde nunca deveria ter saído, porém inevitavelmente saiu. Para todo fim um recomeço. Recomeço, começar de novo. Não disse que mulher que não repete não é mulher?

Adeus idiota!

Eu nunca te pedi muita coisa, eu nunca te pedi para que fosse pra sempre. Eu nunca te pedi que deixasse de fazer algo por mim simplesmente porque eu te queria comigo insesantemente, nem nunca fiz dos seus erros e defeitos motivos para que eu cometesse erros piores. Eu nunca, juro com toda a força que eu descobri em mim depois que você foi, eu nunca tive a intenção de não ser do seu agrado. Tudo que eu fiz e mudei foi exclusivamente porque eu achava que deveria tentar ficar aos seus pés, todas as vezes que sem querer eu acabei fazendo uma pressão emocional muito grande sobre você, foi porque o seu beijo, o seu abraço, a sua voz ou simplesmente olhar pra você, me fazia sair de mim e visitar lugarares e sensações que eu nunca tinha conhecido antes. Ir ao seu encontro era como se eu estivesse indo ao encontro da perdição: eu esquecia completamente todas as coisas que eu ouvi julguei certas durante toda minha vida e queria viver somente pra você, queria viver somente com você. Você me transformou em uma meia menina, ao mesmo tempo que me transformou em uma meia mulher. Junto com todos os meus planos de contos da Disney e todo o nervosismo ao te encontrar, aparecia uma mulher cheia de desejos e vontades. Uma mulher, que muitas vezes durante o tempo que estivemos juntos, ocupou o lugar da menina e tomou decisões totalmente reprováveis. Ao contrário do que antes eu achava essencial, ter uma foto com você, por um nick carinhoso ou simplesmente dizer: "meu namorado" começaram a soar como coisas desnecessárias. Estar com você, sentir o seu cheiro, morder a sua "bochechinha molenguinha", te contar o meu dia e ouvir o seu, beijar você e sentir o seu cafuné eram coisas que valiam muito mais do que a aceitação alheia. Seu imbecil! Era você, era com você, era de você, era pra você .. TUDO ERA VOCÊ! E você ainda teve a coragem de me dizer que eu achava que você não valia nada? Como algo que era o meu tudo poderia não valer nada? Hoje em dia sim, você não é nada, hoje em dia sim, você não vale nada. Não vale nada para mim.
No dia em que você me ignorou, no dia que você me desprezou, no dia que você mandou a sua mãe por um fim na gente e em tudo que talvez a gente poderia ter sido, no dia que você me expulsou da sua vida e fez com que eu carregasse essa culpa durante muito, muito tempo, nesse dia, o encanto, os mistérios, os desejos, o carinho e tudo que girava em torno de você no mundo que eu inventei, foram lentamente absorvidos, assim como a gente aprende que o buraco negro faz com os outros corpos. Porque você nunca pode assumir que o nosso final era ali? Porque você tirou de mim o direito de me explicar? Porque você não relevou o meu erro, assim como eu já relevei os seus? Porque você tirou o meu chão em uma das épocas que eu me julgava o ser mais feliz do universo? Porque você fez com que eu ficasse imaginando o que você estava fazendo e isso só me angustiasse mais? Porque você tem essa cara de "passado bom" que repele o meu olhar de "saudade"? Você era o meu tudo, mesmo que tivesse estipulado que ninguém pode ser o tudo de ninguém e que seis meses não é tempo o suficiente para gostar. Porque eu tenho a impressão, quando sem querer, meus olhos me traem e os nossos se cruzam que você tem muitas coisa para me dizer mas seu orgulho imbecil, assim como você naquele dia, não deixa? Pois bem, engasgue com o seu orgulho e se possível se sufoque. Se sufoque no seu orgulho porque foi ele que me sufocou durante muito tempo. Mas antes de você se sufocar, se lembre que eu sempre fiz tudo que estava ao meu alcance para ter você comigo, desde quando começamos, até quando você terminou comigo. Eu sempre tentei dar o melhor de mim pra você, eu juro. Mas tudo bem, bola pra frente .. vou ser muito melhor do que era e depois de dar esse melhor pra mim mesma, poderei dar para outra pessoa, que com certeza, será muito melhor do que você.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O único lugar pra sempre

É horrível perceber que tudo aquilo que você acredita é mentira.

Mesmo sabendo que eu colocaria em risco essas coisas que faço e me soam tão bem. O Pilates, por exemplo, que faço às terças e quintas duas horas após almoçar na minha mãe. Isso me parece um pedaço agradável de uma agenda encantada, dias felizes, nada demais. A aula de dança das segundas e quartas, a acupuntura da sexta, a análise quinta cedinho, o parque do sábado a hora que der na telha, o japonês com a Letícia, meu emprego na televisão e na editora que me permitem mandar em boa parte do meu tempo sem ser, por isso, uma louca duranga, o costume de escrever até tarde ouvindo Beck ou Antony and the Johnsons, os mocinhos que aparecem, com intervalos de dez ou vinte dias, e me abastecem de um gostar possível e descartável, algum bar chato que serve pra me tirar de casa e até mesmo rir de um ou outro ser humano mais parecido com o que eu acho que deveria ser um ser humano. Nada disso me soa banal e aprendi mesmo a chamar de minha vida. Agora serão dias achando tudo idiota e até mesmo medíocre. O Pilates, os almoços em família, os bares, tudo uma tortura. Ainda assim, mesmo sabendo que depois é cheia de dor que carrego minhas horas, ainda assim eu cortei o cabelo um dia antes e comprei uma jaquetinha preta em promoção. Ainda que sentir de verdade pareça uma outra vida, às vezes cansa viver dentro das coisas que invento. Com você, mesmo eu inventando tudo também, dá pra ter essa sensação de desordem, atropelamento, vida dizendo e não minha cabeça falastrona. Mesmo sendo ofensivo pra minha existência que pessoas como você existam. Mesmo que sua tristeza e preguiça e desistência mostrem pra minha frescura de sentidos como tudo pode ser amargo e pior: mostre que tudo sempre foi e eu é que, vai ver, sou forte ou abençoada demais pra não sucumbir. Mesmo que sua alegria nunca seja por mim. E que sua alegria torne, quando por mim, minha vida intolerável. Sua existência é um absurdo e isso é a maior verdade que me vem à mente quando penso em você ou estou ao seu lado.
Passamos a tarde juntos. Foi leve e eu estava quieta, coisa que nunca aconteceu nenhuma das vezes que saímos. Eu estava sempre histérica e hoje eu estava muito quieta, até demais. Talvez seja porque eu não tenho mais a euforia louca de ser amada. Eu piro quando alguém me ama e ao ver em você a calmaria dos vencedores corriqueiros, larguei o corpo. Acabou sendo boa, a sensação de tarde ordinária, encontro ordinário. Eu pude habitar o papel de amiga caminhando ao lado, uma forma de ouvir por perto sua respiração pigarrenta que amo como se fosse o único sopro saudável do mundo. Eu permaneci e isso foi diferente, triste, insuportável, mas possível. Como os mortos que ficam em qualquer lugar, até mesmo embaixo da terra. Morto não deseja e por isso mesmo permanece. Acho que seu desejo morreu e talvez o meu também, já que boa parte desse amor enorme que eu sentia e sinto por você, vinha e venha da minha alegria desmesurada em me sentir amada pelos meus próprios sonhos. Você encerrava em mim eu mesma e era uma loucura tudo, como eu sentia, como eu queria me vomitar e ensanguentar e explodir e rodopiar em mim até furar o chão como uma broca desgovernada e depois sair derrubando o mundo como o único pião que sabe a verdade e precisa chacoalhar seu entorno pra não enlouquecer sozinho. Era uma loucura tudo. Mas a morte, o fim, nós, andando calmos, ao lado um do outro, isso me permitiu estar de alguma forma sem querer habitar cada instante do estar e para isso me retirando o tempo todo. E isso pode ser viver mas viver é terrível. E antes, quando eu não sabia viver e me sentia amada, era ainda mais terrível. Daí que sobra essa sensação de uma solidão filha da puta mil vezes pois em nada dá pra ser com você. E tudo bem, não é você, nunca foi, mas escuta a maluquice: é que nada disso impede que eu sinta um amor absurdo por você.
Me peguei uma hora, olhando você, andar, tão feinho, seu ombro encolheu um pouco, cada dia que passa mais e mais é uma concha o que você se torna. Dessas que é mentira a pérola e o som do mar, mas eu os vejo, o tempo todo. Você andando desse seu jeito meio de louco, que chacoalha a cabeça. E se veste mal quando pouco se importa, eu sei, eu entendi. E a manga suja de café. A roupa bege da cor de tudo que é você. Você é tão errado e cheio de estragos. E me peguei olhando pra tudo isso e amando tanto, tanto, tanto. Como se nada mais no mundo fosse tão bonito ou correto ou mesmo perfeito porque perfeito é o que não tem mesmo cabimento. O resto nem existe porque vemos ou explicamos.
Na sua varanda sem céu, certa vez, você se sentou naquela cadeira sem fundo. Me colocou no seu colo e me deu o abraço que disparava corações em mim como se eu tivesse um em cada nó de veia. E me disse, com sua voz tão bonita, a mais bonita que eu já ouvi, que eu tinha subido todos os seus andares. Eu entendi que você era o homem da cobertura de aço e eu uma espécie rara de passarinho que tinha algum tipo de chave que se autodestruiria em poucos segundos. E eu entendi também que agora que tinha chegado ali, só me restava pular, já que ninguém aguenta o alto tão alto muito tempo. A vertigem que era o nosso amor. Minhas olheiras, meu cansaço, meus quarenta e dois quilos. Eu poderia morrer porque você tinha uma carninha mais mole atrás da sua orelha direita e isso me impossibilitava, dia após dia, que eu vivesse sem sentir você o tempo todo. Mas quem é mesmo que morre dessas coisas?Não, não podemos, com tanta coisa pra fazer, os meninos de dez a vinte dias, os bares, e almoços, o Pilates, a dança, os empregos, escrever, tudo isso que é minha vida antes e depois de você.
Tudo isso que daqui a pouco, quando a sensação desgraçada de absurdo e solidão passar, tudo isso volta, se acomoda, a agenda mágica, o gostosinho no peito, esquecer você todo dia um pouco pra vida e todo dia muito pro dia. Mas agora, hoje, guarda isso, eu amo demais você. Por que escrevo? Porque é a minha vingança contra todas as palavras e sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale de nada. Toma esse texto, o único lugar seguro e eterno pra gente.

Eu me sinto ás vezes tão frágil, queria me debruçar em  alguém, em alguma  segurança. Invento estorinhas para mim mesma o tempo  todo, me conforto,  me dou força. Mas a sensação de estar sozinha não me  larga. As vezes  sonho que você está comigo, parece pouco, mas me deixa  inquieta. Eu  estou cheia de ficar triste, esgotada querendo que você  estivesse aqui.  Eu sempre convivi bem com a solidão, mas já estou  exausta. E me pergunto  se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso  encontro pode acontecer  inteiro.  (Caio F.)

Queria saber onde estão aquelas pessoas de verdade, que a gente não compra mas também não vive sem. Aquele amigo que mudou para o outro lado do mundo mas você não pensa duas vezes antes de pegar o carro, o ônibus ou o avião e fazer uma visita. Só olhar para ele, sentar ao lado, ouvir a voz, faz tudo ficar mais feliz. Algumas pessoas simplesmente valem a pena. Queria saber onde é que está aquele tipo de namorado que você não veste para se exibir mas despe para provar só pra si mesmo o quanto é feliz. Que você não desfila ao lado, mas leva dentro do peito. Que você não compra, consome, negocia ou contrabandeia. Mas se surpreende quando ganha de presente da vida. Aquele tipo que você não usa para ser alguém e justamente por isso acaba sendo uma pessoa muito melhor. Não culpo pessoas, lugares e sentimentos que se vendem e muito menos me culpo por viver pra cima e pra baixo com minha sacolinha de degustações frugais. É o nosso mundo moderno cheio de tecnologias e vazio de profundidades. Mas hoje, só por hoje, vou sair de casa sem minha bolsa. Vamos ver se acabo conhecendo alguém impagável.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu preciso saber

A recaída de amor acontece como num daqueles pesadelos que se está caindo. De repente você acorda sentado na cama: Meu Deus, eu preciso saber! Mas se eu já estava tão bem há semanas. Volte a dormir, volte a dormir. Você já tinha decidido lembra? Nada a ver com você, chato, bobo, não deu certo. Mas eu preciso saber. Não, não precisa. Pra quê? Vai te machucar. Não! Eu preciso saber. Então levanto da cama.
Facebook, a desgraça em formato de parquinho virtual. Nome dele, aparece a foto azulada e ele de perfil. É tão bonito. Mas não há mais nada que eu possa ver. Nos deletamos mutuamente pra evitar justamente esse tipo de inspecão noturna.
Mas isso não vai ficar assim. Ligo pra nossa amiga em comum. Ela não atende, afinal, são duas da manhã. Mando mensagem "me manda sua senha do Facebook agora ou vou ficar te ligando até amanhã cedo". Ela manda a senha e um palavrão. Acesso. Vamos ver. Eu preciso saber. Eu preciso. Então vejo que ele não posta nada há cinco semanas. Fotos, fotos. A única foto nova é o flyer de uma festa que eu fui e ele não estava. Nada.
Jogo o nome dele no Google. Aparece uma foto dele alcoolizado dando entrevista em uma festa de mídia. Como é lindo. Tento o Twitter mas ele só escreve piada de político. Tento o Facebook, Twitter e blogs de amigos. Está ficando tarde. Se eu tivesse essa mesma concentração e minuciosidade e empenho e energia para o trabalho estaria rica. Estou retesadamente motivada e atenta. Mas não consegui nenhuma informação e eu ainda preciso saber.
São seis da manhã. Estou cansada. Coloco a música de quando você forçou a porta do quarto e entrou. Black Swan. Não sou boa de inglês como você, mas sei que é a história de algo que já começou fodido porque cresceu demais antes da hora, você que pegue um trem e suma daqui. Que bela música pra começar. Ok, agora estou chorando. Lembrei que eu me sentia tão viva com você me olhando bem sério e bem no fundo dos olhos e machucando meu braço. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e que amanhã, ou hoje, porque já são sete e meia da manhã, vou resolver isso. Agora preciso dormir só um pouquinho.
Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora, minha imaginação está indo toda para traçar um plano para que eu descubra. Descubra o quê? Não sei, mas sei que algo está acontecendo, ou eu não estaria assim. Porque eu sinto quando ele está com alguém, sabe? Eu sinto. Sim! A cartomante!
Ligo pra Zuleide. Você atende hoje? Mas é domingo, Tati! Atende? Só se for por telefone. Tá bom, então joga aí: ele está com alguém? Mas Tati, você quer mesmo saber isso? Quero, mulher. Eu preciso saber. Joga aí: ele está com alguma puta? Tati, eu não posso perguntar isso pras cartas. Pergunta aí: ele tá com alguma piranhuda desgraçada vagabunda vaca dos infernos? Zuleide pede desculpas e desliga. Preciso do Lexapro mas ele acabou há semanas, igual meu amor. E agora, de repente, preciso tanto dos dois novamente.
Você acha que ele está com alguém? Não sei, Tati, eu ainda tô dormindo, posso te ligar mais tarde? Você acha que ele está com alguém? E se estiver, Tati, quer ir ao cinema mais tarde? Você acha que ele está com alguém? Putz, sei lá, homem sempre tá comendo alguém né? Você acha que ele está com alguém? Tati, do jeito que ele gostava de você? Claro que não!
Chega, chega. Preciso me acalmar. Pra que isso? Se ele estiver com alguém agora, e daí? Terminamos não terminamos? Ele e eu não temos nada a ver, certo? Decidimos que era melhor assim, certo? Eu não tava bem com ele e nem ele comigo, certo? Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo? Então pronto. Chega. Adulta, adulta. Qual o problema se ele estiver agora, justamente agora, lambendo a virilhazinha de alguma desgraçada? Qual o problema? Ok, eu posso morrer. Eu definitivamente posso morrer. Chega, vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.
Tomo banho, me visto, pego a bolsa, entro no carro. Considerando que ele não mora em São Paulo, não sei exatamente o que eu pretendo com isso. Mas me faz bem enganar o cérebro e fazer de conta que estou indo atrás da verdade. Na verdade vou só na casa de outro, preciso fazer qualquer coisa que não seja sofrer, mas não consigo. O outro não conhece Black Swan, não ri da história da Zuleide, não me aperta o braço.
Volto pra casa, destruída. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de corações vermelhas atingiriam o Japão. Quase não consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele não atende. Ligo de novo. Ele atende falando baixinho. Você está com alguém? Estou. Desligamos. Pronto, agora eu já sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacões, descargas de adrenalina, músicas, textos, amigos, danças, gritos, sensações, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu já sei.
O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo só porque tenho tanto pavor do tédio. Era só isso o que eu precisava saber.

­Apenas já não somos mais crianças e desaprendemos a cantar. As cartas continuam queimando. Eu tentei pensar em Deus. Mas Deus morreu faz muito tempo. Talvez se tenha ido junto com o sol, com o calor. Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltaraão. Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais.

Forever


E quando eu não tiver mais o seu colo pra chorar, e quando eu não tiver mais o seu abraço pra me confortar, seu beijo pra dormir e o seu 'beliscão' pra me trazer pro mundo real, me diz como vai ser quando você não estiver mais aqui? quem que vai ser o meu refúgio? pra onde eu vou correr quando o meu dia for ruim e quando no meio de uma balada me pegar sentindo sua falta? como é que vai ser quando eu acordar no meio da noite chamando o seu nome, olhar para o lado e não sentir você..seu abraço quentinho, seu perfume gostoso e a sua respiração na minha nuca? eu não quero deixar de viver todas as nossas aventuras, não quero deixar de deitar no seu peito ouvindo o seu coração, eu não quero ver você ir embora, mas também sei que não posso te impedir de crescer e ir atrás dos seus sonhos. Toda vez que olhar para as estrelas, não esquece que um dia agente quase contamos todas juntos no quintal da sua casa, não se esqueça do meu macarrão, dos domingo a toa e da nossa química perfeita. Sentirei saudades suas para sempre!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Aniversário da sua ausência

A gente quase completou um ano de namoro, quase. Faltou um mês ou um pouquinho mais, não lembro. Mas hoje, sem mais nem menos, completamos um ano de separação. Ano passado essa hora, exatamente a essa hora, eu lembro bem. Eu estava no show do U2 que você não quis ir comigo e me ocupava em perguntar, de dez em dez segundos, e de dez em dez pessoas, quando é que você iria me ligar e dizer que tinha pensado melhor. Quando? Você nunca ligou, nunquinha. E eu esperei, esperei, esperei tanto tempo, nossa, como eu esperei. Acho que eu nunca esperei tanto nada em toda a minha vida. Outro dia a Myla me perguntou o que você tinha me ensinado. A gente estava conversando sobre os legados que as pessoas deixam em nossas vidas e ela quis saber qual tinha sido o seu. O coiso me ensinou a gostar de MPB e cinema europeu.Teve o coisinho que me ensinou a ser engraçada e jogar frescobol. E você? Que raios me ensinou? Fiquei sem saber na hora, fiquei sem saber o que responder para a Myla. Mas hoje, no nosso aniversário de um ano separados, posso dizer que foi você quem me ensinou a lição mais importante da minha vida: você me ensinou a sofrer. Eu nunca, nunca, em vinte e sete anos de vida, tinha sofrido. Nunca. Claro, eu odiava ver meus pais quebrando o pau quando era criança, mas eu lembro que eu, pequenininha, pensava: um dia um príncipe vai me levar para longe dessa casa com gente louca que fuma demais, berra demais, desmaia e chuta vasos. Eu sofri também na escola, quando para alguém me enxergar eu tinha de promover bizarrices. Mas eu era muito nova para me separar das bizarrices e acabava também chamando a minha atenção: será que eu sou bizarra?
Depois, em casa, quando eu dobrava direitinho o uniforme para o dia seguinte e me sentia um papel de parede bege que ninguém entende pra que serve, eu pensava: um dia um príncipe vai me levar pra longe dessa falta de vida, dessa falta de beleza, dessa falta de compreensão, dessa falta de cor, dessa falta de sei lá o que porque eu era novinha demais pra saber o que faltava. Esperar o raio do príncipe sempre disfarçou minha dor, sempre me refugiou dela. Mas quando você, me mandou seguir meu caminho sozinha, fiquei sem saber como fugir da dor. Você era meu príncipe. Depois de tantos amores estranhos, pequenos, errados e tortos, finalmente eu tinha reconhecido no seu olhar centralizado e no seu sorriso espalhado, o meu príncipe. E o meu príncipe estava me dando o fora. Que porra eu ia esperar da vida agora? Quem iria me levar para longe se você não me queria mais por perto? Não teve como. Foi a primeira vez na vida que não consegui me enrolar e acabei deixando a dor vencer. Pela primeira vez a realidade falou mais alto que a fantasia. Pela primeira vez a realidade da sua ausência falou mais alto que a fantasia de anos a sua espera. Sofri pra caralho, como diz por aí quem sofre pra caralho. Mais do que livros cabeças, músicas bacanas, frases inteligentes, lugares descolados ou posições sexuais, você me ensinou o que realmente importa aprender nessa vida: que a vida pode ser uma grande, imensa e gigantesca merda. É, ela pode ser. E que não existe porra de príncipe porra nenhuma. Que nem ninguém e nem nada pode te levar para longe de nada. É isso e pronto. E é assim pra todo mundo. E pronto. Qual o drama? A dor infinita dos dias infinitos que vieram depois do dia em que você se foi pra sempre veio misturada com toda a dor que eu não senti em todos esses anos.
A dor do seu pé na bunda trouxe vasos jogados, bitucas eternas de cigarros em longas discussões pesadas, tardes perdidas em odiar o mundo, cabeças viradas, corredores frios, papéis de parede beges e grupinhos festivos e fechados.A nossa dor acabou sendo toda a dor que fazia fila em mim para ser sentida. Mas agora já passa da meia noite. Não é mais nosso aniversário de fim e, pra te falar a verdade, eu já não sofro mais o nosso fim faz tempo. E pra te falar ainda mais a verdade, eu acho mesmo que você foi o príncipe que eu esperei a vida inteira. Você chegou e me levou embora. Levou embora a menina que tinha medo de sentir a vida e esperava uma salvação para tudo. Quem sobrou é essa desconhecida que se conhece muito bem em suas bizarrices, lê jornais todos os dias, substituiu o bege pela cor do verão, tem uns pais gente boa ainda que malucos, adora os poucos e estranhos amigos, não espera mais pelo cavalo branco mas fica ansiosa pelo início da novela e talvez esteja pronta para amar de verdade. Amar um homem e não um príncipe.

Vá embora

Quer saber a verdade? A frágil e dura verdade? Não faz mais diferença.
Talvez um dia você queira o meu corpo quente no meio da madrugada ou precise do meu beijo de bom dia antes do café da manhã; talvez um dia você espere muito ouvir a minha voz ao telefone ligando só pra saber se está bem; talvez um dia você precise do meu amor registrado como todo amor que se preze e quem sabe até sinta falta de todos os pequenos detalhes que eu valorizei incessantemente pra te fazer feliz; talvez um dia você descubra o valor de pequenas coisas que você poderia ter dito ou feito e simplesmente nunca se deu ao trabalho; talvez um dia cada uma dessas miudezas que um dia foram importantes pra mim sejam pra você, mas agora sou eu quem não dá a mínima pra elas.
Deve ter sido amor e talvez ainda seja, mas tá adormecido, está aonde você já não alcança, perdido no meio de tantas coisas que poderiam ter sido e não foram, entre tantas coisas que eu quis te dar, mas que você nunca pôde receber, entre todos os 'Sim' que eu dei em troca de cada um dos 'Nãos' que recebi.
Não tenho a intenção de ser pretenciosa, pode ser que você nunca sinta todas essas coisas que eu senti, pode ser que você nunca precise me provar nada, pelo menos não dá maneira como eu tenho que te provar tudo todo o tempo, talvez você nunca precise me reconquistar, mas se você precisar eu sei que será muito mais difícil do que foi e tem sido pra mim, porque não faz mais diferença. Entende isso? Verdade ou mentira, amor ou sexo, romance ou aventura.. nada faz mais diferença agora. Porque eu quis tanto ser tudo pra você e não consegui que agora o que me resta é ser nada (e olha que nem precisa fazer muito esforço).
Esqueça aqueles sonhos bobos, as viagens planejadas, os desejos pedidos.. esqueça tudo, porque eles ficaram guardados para alguém que os queira. Não relembre os planos, não tente resgatar as cartas que jogou no lixo, não se arrependa por cada pedaço dessa história que você deixou passar e acima de tudo, antes de qualquer coisa, não conte mais com a sorte ou com meu coração pra me trazer de volta, a sorte deixou de rir pra você no mesmo momento em que eu fechei as portas do meu coração.
Não espero te roubar lágrimas, porque já não me importo nem com as que fiz cair. Não espero que você venha atrás de mim, pra ser sincera, do fundo do meu coração, não venha. Não espero que sinta remorso ou saudade, porque eu não vou sentir. Não espero quase nada, apenas que devolva cada centavo de amor que eu te dei e vá embora.
Ele pode estar olhando tuas fotos neste exato momento. Por que não? Passou-se muito tempo, detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça as mesmas coisas que você faz escondida, sem deixar rastro nem pistas. Talvez, ele passa a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram teus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E, ainda assim, preferir o silêncio. Ele pode reler teus bilhetes, procurar o teu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as tuas músicas, procurar a tua voz em outras vozes. Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez, ele perceba que você faz falta e diferença, de alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez, ele volte. Ou não.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Repito;

Só dou ouvidos a quem me ama, repito.
E tenho cuidado com as acusações de quem não me conhece.
Não coloco minha atenção em frases que me acusam injustamente.
Há muitos que vão feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.
Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dou ouvidos a quem me ama. Não me ocupo demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.
Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar.
Quero viver para fazer esquecer... Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto.
Não desista também.
Há mais beleza em construir que destruir.
Repito: só dê ouvidos a quem te ama.
Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo.
Só mais uma coisa. Não to preocupando tanto com o que acham de mim.
Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre eu revelo.
O que me salva não é o que os outros andam achando, mas é o que
Deus sabe a meu respeito.

Dando um chega pra lá no romantismo

Eu acreditava. Na verdade, sempre acreditei. Eu acreditava em romance, amor eterno, amor da vida, gente que fica juntinha até depois do fim. Eu acreditava em príncipes, princesas, contos de fadas, mundo cor de rosa. Sabe, eu sempre acreditei nessas coisas. Até que.
Tem coisa que não volta, por mais que a gente queira. Você pode até tentar voltar o disco, repetir a música, insistir na letra, cantar o mesmo refrão por mil e um minutos, fechar os olhos. Tem sentimento que não volta. Mesmo que você se esforce, recorde, tente voltar a página, refrescar o coração. Alguns sentimentos são bem pontuais: chegam, esperam pra ver se devem ficar e decidem partir ou continuar.
Tem música que não volta. Tem som que não volta. Tem amor que não volta. Tem momento que não volta. Tem palavra que não volta. Tem grito que não volta. Tem silêncio que não volta. Tem beijo, tem abraço, tem oportunidade, tem tempo, tem até vida que não volta. E tem a gente que se perde no meio de tudo isso, com um coração cheio de sentimentos, uma cabeça cheia de sonhos e uma realidade cheia de tristeza.
Tenho visto coisas tão feias. Pessoas pequenas. Histórias que parecem não existir. Mas elas existem, sim. Não faziam parte do meu mundo encantado, mas existem. Não sou uma pessoa muito boa para dar conselhos, pois sempre sigo o meu coração. A gente não pode esquecer que tem cabeça, cérebro, que pensa, que a razão nos puxa pelo pé ao anoitecer. Mas eu insisto em coisas que não fazem nenhum sentido, inclusive em esquecer que a razão existe e nos bate forte na cara. Tenho aquela ideia boba de ter uma casinha bonita, um trabalho que eu adore, alguma coisa que me inspire e um amor que me entenda. Sou o tipo de pessoa que chega na frente do Poço dos Desejos, fecha os olhos, pede baixinho *insira seu pedido/desejo* (o meu é ..................................................) e atira a moedinha na água, acreditando fortemente naquilo tudo. Sou assim, desculpa. Tenho essa anomalia emocional, essa deficiência no coração. Não penso, só sinto. E isso me custa caro, muito caro.
Eu dizia que andava vendo coisas feias. Desculpa de novo, mas tem coisa que não cabe em mim. Não consigo acreditar, desculpa, não consigo. Desculpa, não vou mais me desculpar nem tentar ser o que não sou. Desculpa, eu sou assim, continuo do mesmo jeito, sigo acreditando naquelas coisas tão bonitas, tão puras, tão minhas, tão suas. Mas estou perdendo a fé no romantismo. Juro, eu tô matando isso em mim bem devagar. Como pode, como é que pode as pessoas não perceberem que o amor é uma coisa tão essencial? Me explica isso. Uma amiga ligou contando coisas que se fosse comigo, sei lá. Sabe? Sei lá. Pelo que entendi, ela estava conversando com o namorado e lá pelas tantas ele disse que "o amor é aqui (e apontava para a cabeça), assim como o sexo, assim como tudo mais. É tudo aqui ó (na cabeça), o coração é apenas um músculo." Ela ficou chocada. O amor não é aqui, nem na minha cabeça nem na sua. O coração é um músculo, sim, mas o amor vem de dentro, minha gente. E não é da cabeça, pois se o nosso lado racional controlasse tudo é evidente que controlaria nossas vontades, ímpetos, impulsos e, é claro, nosso sentimento mais nobre. Não tem como fugir do amor, a cabeça não domina, não controla, não consegue domar. Outra amiga contou que estava em um momento de romance com o marido e fez aquela pergunta boba que as mulheres adoram fazer você-me-ama e ele olhou pra ela e perguntou "Você se ama? Tem certeza disso? Porque a gente tem que se amar, o amor-próprio é o amor mais importante". Que coisa horrível. Que coisa horrível. Que coisa horrível. Todo mundo sabe que pra amar alguém a gente tem que se amar. Lembro sempre da aeromoça: "Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado." Para ajudar alguém a gente precisa estar bem. Simples assim. Para amar alguém a gente precisa ter amor pra dar. E só tem amor pra dar quem se ama.
As pessoas não pensam em como uma coisa dita pode ferir a outra pessoa tão fundo, mas tão fundo que lateja loucamente nos dias chuvosos. A gente devia pensar muito antes de dizer coisas que machucam. Ou pelo menos se arrepender verdadeiramente. Devia ser proibido magoar quem amamos. As pessoas não se dão conta que magoando um amor estão magoando a si mesmas. Por essas e por outras, queria ser menos emotiva. Espero conseguir um dia.